terça-feira, 10 de maio de 2011

Nuvem de Poeira: Cenário ocorrido em Abril. «Portugal foi atingido por um dos mais intensos episódios de aerossóis do deserto do Saara da última década, provocando um acentuado decréscimo da visibilidade e o agravamento da qualidade do ar. Esta foi uma das maiores plumas de poeiras do deserto da última década»

7 de Abril de 2011, 12 UTC
Cortesia de satreponline

Com a devida vénia a IM, IP, Nuno Moreira, Lourdes Bugalho, Jochen Kerkmann, Filipa Marques, Ângela Lourenço, Ilda Novo, Frank Wagner, GCE.

«Portugal foi atingido, em Abril, por «um dos mais intensos» episódios de aerossóis do deserto do Saara da última década, provocando um acentuado decréscimo da visibilidade e o agravamento da qualidade do ar. «Esta foi uma das maiores plumas de poeiras do deserto da última década, em Portugal. Não a maior, que foi em 2004, mas foi uma das mais intensas», frisou Frank Wagner, do Centro de Geofísica de Évora (GCE).

A elevada concentração de aerossóis provenientes do norte de África, do deserto do Saara, foi medida pelo sistema RAMAN LIDAR (Light Detection and Ranging) instalado no CGE, que pertence à Universidade de Évora. Trata-se de um equipamento único em Portugal, que permite medir o perfil vertical dos aerossóis, e que integra, além de uma rede ibérica, a rede europeia EARLINET (European Aerosol Research LIDAR NETwork).


Cortesia de imip
Os aerossóis são partículas pequenas e sólidas, de composição química diversa, suspensas na atmosfera e que, pela sua grande capacidade associativa, actuam como núcleos de condensação para a formação de nuvens. As observações feitas através do LIDAR, explicou o investigador alemão Frank Wagner, mostram que «a intensa pluma de poeiras do deserto que chegou a Portugal» se situou «entre a superfície e pouco mais de quatro quilómetros de altitude».

«A intensidade máxima foi nos dias 6 e 7, quarta e quinta-feira respectivamente, quando foram ultrapassados, em grande parte do país, os limites de aerossóis (PM10) estipulados na legislação portuguesa e europeia relativa à qualidade do ar».

Cortesia de imip
Quanto à visibilidade, embora o LIDAR não meça este parâmetro, acrescentou, também foi afectada devido à pluma. «Num dia limpo, a visibilidade pode chegar até 100 quilómetros de distância, mas, com uma nuvem de poeiras de África, decresce acentuadamente». Segundo Frank Wagner, independentemente dos registos científicos, os habitantes podem ter visto alguns efeitos deste fenómeno:
  • «O céu esteve amarelo, a visibilidade não esteve boa e os carros ficaram cobertos de pó».
«A nuvem, na sua maioria, traz partículas e estas degradam a qualidade do ar e a visibilidade. Quando é de África, é bem sabido que também contém bactérias que causam ou podem causar alguns efeitos de saúde, mas não fazemos essas medições com o LIDAR».
O episódio de aerossóis do deserto, entretanto, já deixou Portugal, porque «o tempo mudou e, em vez do vento vir de África, sopra agora do Atlântico», assegurou.


Cortesia do imip
«A pluma foi mais intensa na origem, em África, mas também muito forte em Portugal e, depois, foi transportada até países como a França e Holanda. A concentração das partículas é tanto menor quanto maior a distância», afirmou Frank Wagner». In Agência Lusa.

Cortesia de Agência Lusa/IM, IP/Satrep/JDACT