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e cortesia de wikipedia
A
Fita
«Seguia-se uma entrevista com um arqueólogo da equipe do
Museu de História Natural de Nova York. O homem sorria de modo condescendente,
chamando Archer de um fanático pelas próprias teorias. Às vezes, afirmava, o
entusiasmo leva a melhor sobre o doutor. Ele tem muitas ideias extravagantes. O
arqueólogo deu crédito a Archer por muitas descobertas notáveis, incluindo uma obra
sobre a busca da Arca de Noé, mas disse que as excentricidades dele diminuíam-lhe
a credibilidade. Havia mais algumas entrevistas tratando de Archer. Uma, em
especial, chamou a atenção de Cotten: o doutor John Tyler, um padre católico,
historiador bíblico e arqueólogo, referia-se afavelmente a Archer. Tyler havia
estudado com Gabriel Archer e dizia que o arqueólogo era dedicado ao trabalho,
mencionando que muitas das descobertas dele haviam esclarecido muitos aspectos
da história bíblica.
Tyler aparentava
ter cerca de 35 anos, era alto, de cabelos escuros, e exibia o rosto enrugado
de alguém acostumado a passar muito tempo ao ar livre. E que belos olhos,
observou Cotten. Ela rebobinou a fita e repetiu a parte de Tyler. Ele falava
macio, mas o seu tom era confiante, autoritário. Ele tem muitas aspirações,
comentava Tyler sobre Archer. Gosto bastante dele. Cotten tomou nota do nome da
faculdade onde Tyler leccionava. Como era em Nova York mesmo, poderia ser uma
boa fonte de informações. Ela pensou sobre o que Archer lhe havia sussurrado na
cripta e com que facilidade havia citado a Bíblia. Mateus 26, 27, 28. Ele devia
estar se referindo a uma passagem da Bíblia. Consultou o relógio: faltavam
quinze minutos para a reunião com Ted Casselman.
Concluindo as
pesquisas nos arquivos, Cotten voltou para o saguão de entrada do andar,
enfiando a cabeça em uma das salas de edição. Alguém tem uma Bíblia? Voltou
religiosa do Médio Oriente, Cotten?, ironizou o editor de vídeo, fitando-a por
sobre o ombro. Tente o criado-mudo de um quarto de hotel, acrescentou um
assistente. Cotten sorriu com sarcasmo. Muito engraçadinhos. Vamos lá, gente.
Verdade, alguém faz ideia de onde possa encontrar uma Bíblia?
Com o
correspondente de Religião, informou o editor, e voltou aos seus monitores. Claro!,
admitiu ela, imaginando por que não havia pensado nisso. Mas, então, religião não
era algo em que passasse muito tempo pensando. Consultou o relógio de novo
enquanto se encaminhava para a sala. Qual versão?, a secretária do
correspondente perguntou. Não sei... não existe uma versão padrão? A secretária
indicou a porta atrás de si e se levantou. Cotten a acompanhou. Em uma parede,
erguia-se uma estante do chão ao tecto. A secretária retirou da prateleira a
versão inglesa do rei Jaime. Por favor, guarde no mesmo lugar depois que
consultar, declarou, antes de sair.
Obrigada, agradeceu
Cotten, sem desviar o olhar. O que Archer dissera mesmo? Mateus? Mateus ficava
no Novo Testamento, pelo menos isso ela sabia. Mateus, Marcos, Lucas e João. Até
esse ponto chegara na escola de catecismo. Vinte e seis, vinte e sete, vinte e
oito..., ela disse, enquanto folheava as páginas. Correndo o dedo em cada página,
ela parou no Evangelho de Mateus, capítulo 26, e leu os versículos 27 e 28 em voz
alta: A seguir, tomou um cálice e, tendo dado graças, o deu aos discípulos,
dizendo: Bebei dele, todos; porque isto é o meu sangue, o sangue da nova aliança,
derramado em favor de muitos, para remissão de pecados.
Jesus, ela
sussurrou, e então compreendeu a charada. Será que tudo aquilo tinha a ver com
o cálice da Última Ceia? Será que era isso o que havia na caixa dentro do fogão
dela? Archer disse que estava procurando pelo maior tesouro dos céus. Ela deu
um suspiro ao pensar que poderia estar envolvida com uma história da maior
importância. Tirando o pedaço de papel do bolso, pegou o telefone da mesa e
ligou para o serviço de informações da lista telefónica. Depois de obter o número
da faculdade onde o doutor Tyler leccionava, discou-o.
Sim, estou tentando
localizar um reverendo doutor John Tyler. Sei que ele lecciona aí. Escutou por
alguns instantes e a sua expressão foi de espanto. Bem, e a senhora sabe para
onde ele foi designado? Outra pausa e ela acrescentou: Vou lhe deixar o meu número.
Cotten desligou, pegou as suas coisas e correu para a sala de Ted Casselman, o
chefe de reportagem da SNN. Bateu na porta. Entre.
Casselman estava
sentado à cabeceira de uma mesa de reuniões, um punhado de pastas espalhadas à
frente. Duas cadeiras ao lado do chefe de reportagem já se achava sentado
Thornton Graham. Thornton sorriu calorosamente quando Cotten atravessou a sala.
Ted Casselman levantou os olhos. Era um negro de 42 anos de idade, com estatura
mediana, unhas perfeitamente bem-cuidadas, alguns cabelos brancos que atenuavam
o tom escuro da pele.
Bem, você é uma moça
de sorte, disse, levantando-se para beijá-la no rosto. Tente mais uma aventura
arriscada dessas e vou providenciar para que o único trabalho que consiga seja
o de garota do tempo em uma cidadezinha do interior. Ele relanceou para o relógio
de parede. E está atrasada.
Desculpe-me, Ted,
falou Cotten, forçando o seu melhor sorriso juvenil. — Precisei fazer uma pequena
incursão nos arquivos. Ah, é? Imagino que tenha concluído a sua pesquisa. Só
tenho umas pontas soltas. Sente-se e relaxe. Estamos quase acabando aqui. Casselman
voltou à cadeira e abriu uma das pastas. Depois de ler algumas linhas no alto,
dirigiu-se a Thornton: E o que você sabe sobre Robert Wingate?» In
Lynn Sholes e Joe Moore, A Conspiração do Graal, 2005, Clube do Autor,
2020, ISBN 978-989-724-534-3.
Cortesia do
CdoAutor/JDACT
JDACT, Lynn Sholes, Joe Moore,
Literatura, Mistério, Médio Oriente,