Antero de Quental (1842-1891) nasceu na Ilha de São Miguel, Açores. A sua vida foi dedicada à poesia, à filosofia e à política. Formou-se em Direito na cidade de Coimbra, onde as ideias do socialismo surgiram com maior ênfase. Com a ajuda de Oliveira Martins. em 1869, fundou o jornal A República. No ano de 1872 passa a editar a revista O Pensamento Social conjuntamente com José Fontana.
A filosofia de Antero é inseparável da sua poesia, onde de forma mais sistemática procurou desenvolver todo um percurso poético-filosófico desde a dúvida religiosa até à universalidade dos seres de inspiração oriental. Reagindo contra o naturalismo e o positivismo que predominavam no seu tempo procurou, no final da vida conceber uma filosofia centrada na consciência e na liberdade. Nas obras poéticas destacam-se os Sonetos (1886) e os Raios de Extinta Luz (obra póstuma, 1892). Segundo alguns críticos literários, há nos sonetos sinais do estilo e da temática de Camões e de Bocage. Os sonetos de Antero têm teor clássico, quer na musicalidade, quer na análise de questões universais que afligiam o homem.
Soneto dedicado a Florbela Espanca:
A charneca está de novo em flor
E o coração novamente em labaredas
As aves dançam soltas sem temor
E os passos tomam um rumo em novas veredas.
Vestiu-se para ti de primavera,
Fechou na alma os sinais de solidão
Foi mágoa noite, choro, foi-se uma era
É alegria, riso, multidão.
Vem! A vida voltou a abrir portas
Onde apenas se pensava existir dor,
Soluça o rouxinol em horas mortas.
Mas nasce o Sol e tudo ganha cor,
Lírios cardos, junquilhos e papoilas,
Porque a charneca está novamente em flor.
Sonetos completos de Antero de Quental/JDACT
http://pt.wikisource.org/wiki/Os_sonetos_completos_de_Antero_de_Quental
Sonetos completos de Antero de Quental/JDACT
http://pt.wikisource.org/wiki/Os_sonetos_completos_de_Antero_de_Quental
Óleo de Domingos Rebelo (Imagem de Antero)
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