(1502-1574)
UMinho
Damião de Góis nasceu em Alenquer e foi um historiador e humanista português, relevante personalidade do renascimento em Portugal. De mente enciclopédica, foi um dos espíritos mais críticos da sua época, verdadeiro traço de união entre Portugal e a Europa culta do século XVI. Damião de Góis passou 10 anos da sua infância na corte de D. Manuel I como moço de câmara. Em 1523 foi colocado por D. João III como secretário da Feitoria Portuguesa de Antuérpia em atenção à sua ascendência flamenga.
Efectuou várias missões diplomáticas e comerciais na Europa entre 1528 e 1531. Em 1533 abandonou o serviço oficial do governo português e dedicou-se exclusivamente aos seus propósitos de humanista. Tornou-se amigo íntimo do humanista holandês Desiderius Eramus, com quem convive em Basileia em 1534 e que o guiou nos seus estudos assim como nos seus escritos. Estudou em Pádua entre 1534 e 1538 onde foi contemporâneo dos humanistas italianos Pietro Bembo e Lazzaro Buonamico.
Pela Europa muito se fala de um frade agostinho rebelado contra Roma, de nome Martinho Lutero e da sua excomunhão em 1520; que outro grande vulto da época, Erasmo de Roterdão (Desiderius) publica o Elogio da loucura, o humanista que, embora não renegue o catolicismo, é motivo de desconfiança para a Igreja, pela sua tolerância, pela defesa pertinaz do diálogo como forma de entendimento e concórdia; conhece Melanchton e frequentou a sua casa.
Damião de Góis foi feito prisioneiro durante a invasão francesa da Flandres mas foi libertado pela intervenção de Dom João III que o trouxe para Portugal. Em 1548 foi nomeado guarda-mor dos Arquivos Reais da Torre do Tombo, e dez anos mais tarde foi escolhido pelo cardeal D. Henrique para escrever a crónica oficial do rei D. Manuel I que foi completada em 1567.
Capa da Chronica do felicissimo rei Dom Manuel, Lisboa, 1566-1567
As suas maiores obras em latim e em português são históricas. Incluem a Crónica do Felicíssimo Rei Dom Emanuel (quatro partes, 1566–67) e a Crónica do Príncipe Dom João (1567). Ao contrário do seu contemporâneo João de Barros, ele manteve uma posição neutra nas suas crónicas sobre o rei Dom Manuel I e do seu filho o príncipe João, depois João III de Portugal.
No entanto este trabalho histórico desagradou a algumas famílias nobres, e em 1571 Damião de Góis caiu nas garras do Santo Ofício (Inquisição) de maneira brutal. Foi preso, sujeito a processo e depois, em 1572, foi transferido para o Mosteiro da Batalha.
Trágico fim de vida. Abandonado pela família, apareceu morto com suspeitas de assassinato, na sua casa de Alenquer, sendo enterrado na igreja de Santa Maria da Várzea, da mesma vila.
(Aconselho a leitura do texto de Orlando Neves, vidaslusofonas)JDACT
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