Hadza and Datog People in a Village near Lake Eyasi
Cortesia de Sarah Tishkoff
O mais completo estudo realizado no continente africano sobre o genoma revela as origens da Humanidade e irá possibilitar a preparação de tratamentos contra algumas doenças.
Há 200 mil anos que o «Homo sapiens» vive em África, mas só passados 100 mil a 150 mil anos se lançou à conquista do resto do planeta. Os humanos do continente negro possuem um avanço evolucionário considerável sobre os outros, que se traduz numa grande diversidade cultural e linguística. Em África existem cerca de 2 mil etnias e encontra-se à volta de um terço das línguas de todo o mundo. Esta diversidade regista-se, igualmente, nos genes: em nenhum outro lugar se encontra tanta variedade no genoma humano.
Uma equipa de investigadores americanos, africanos e europeus realizou um estudo em grande escala sobre este assunto, cujos resultados foram recentemente publicados na revista «Science». Sarah Tishkoff afirma «entre as descobertas mais importantes que fizemos, podemos citar essa imensa diversidade genética que se encontra não só no seio de cada etnia como também entre as várias etnias. Não existe um grupo africano-tipo capaz de os representar a todos».
Cortesia de Ruben de Sastre
Durante perto de 10 anos, Sarah Tishkoff e a sua equipa recolheram amostras de ADN de 211 grupos étnicos espalhados por toda a África. Em seguida, estudaram 1327 marcadores genéticos. Trata-se de sequências do genoma humano que apresentam numerosas variantes. As semelhanças que descobriram permitem supor que os primeiros humanos viveram no sudoeste do continente, designadamente na região que delimita a Namíbia e a África do Sul. Nessa zona, vive hoje o povo dos san (bosquímanos), cujo genoma apresenta o maior número de variantes. Podemos supor que serão, então, os descendentes dos primeiros representantes do género humano.
A partir do Sul, o ser humano terá colonizado o resto do continente africano, levando consigo a sua língua e a sua cultura. Podem classificar-se as línguas africanas em 4 famílias: as línguas khoi-san, com os seus cliques característicos, as línguas nigero-congolesas, as línguas nilo-sarianas e as línguas afro-asiáticas.
Os investigadores encontraram, contudo, alguns casos em que o genoma não correspondia ao modelo linguístico. «No norte dos Camarões e no Chade, há pessoas que falam uma língua afro-asiática, mas que no plano genético, se assemelham a falantes de língua nilo-sariana. Estas populações deverão ter mudado de língua num dado momento da História», comenta Sarah Tishkoff.
JDACT/Sarah Tishkoff/Tinka Wolf /Die Welt
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