quarta-feira, 7 de abril de 2010

António Sérgio: Um Educador de Gerações

novaaguia
(1883-1969)
António Sérgio de Sousa  foi um importante intelectual e pensador português. Nasceu na Índia Portuguesa e foi influenciado pelo contacto com várias culturas. Completou o curso da Marinha de Guerra, que abandona com a implantação da República em 1910. António Sérgio não considerava a questão república/monarquia importante. Importante, seria o progresso económico e moral de Portugal. Fala do «Socialismo», embora esta sua ideia fosse um posicionamento semelhante ao que seria adoptado pelos países da Escandinávia. A sua acção foi marcadamente voltada para a problemática da Educação.
São suas as palavras: «O desenvolvimento do capitalismo português, na sua unidade fundamental e na diversidade das suas orientações, não determinou entre nós um alto desenvolvimento das forças produtivas. O sistema escolar português não ultrapassou, por isso mesmo, os limites dos estreitos interesses económicos e culturais da burguesia. Nunca se alcançou a democratização real da Educação e da Instrução»

Na década de 70, João de Deus, como poeta e pedagogo, publica a Cartilha Maternal (1876) graças à qual muitos milhares de portugueses aprenderam a ler. No fim do século XIX, início do século XX, Portugal era um país rural.
Folha de rosto da Cartilha Maternal
Wikipédia
Para os republicanos a instrução era a causa directa e imediata da prosperidade.  De todos os ministros da Primeira República salienta-se António Sérgio, ministro por dois meses e dez dias, no governo de Álvaro de Castro (18 de dezembro de 1923 a 28 de fevereiro de 1924).
No campo educacional, António Sérgio fundou a revista Pela Grei; colaborou na revista Águia (com o apoio de Teixeira de Pascoaes ou Fernando Pessoa; escreveu na revista Seara Nova (1923, onde colaboraram Aquilino Ribeiro, Raul Brandão e Azeredo Perdigão; foi director da «Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira»; escreveu uma imensa obra teórica (Ensaios); lançou em Portugal a ideia do Cooperativismo, que se viria a revelar a sua obra mais duradoura, nomeadamente ao nível das cooperativas de habitação; difundiu o método Montessori (consiste em harmonizar a interacção de forças corporais e espirituais, corpo, inteligência e vontade); criou o ensino para deficientes e o cinema educativo, tendo ainda tempo para fundar o Instituto Português do Cancro.
Podemos considerar António Sérgio como um «Educador de Gerações». Pretendeu combater o ensino meramente baseado na memória e treinar as crianças no exercício da democracia, vendo a escola como «modelo» para a sociedade.
Entendia o ensino como factor de ressurgimento nacional e criador de uma elite humanista, sendo a cultura vista como produto da Democracia por oposição ao autoritarismo.

Henrique de Barros e Fernando Ferreira da Costa, amigos de António Sérgio, consideram que ele deve ser visto como político. Para ambos, «Sérgio queria algo original, um socialismo associativista, libertador ou mesmo libertário, a criar de dentro para fora, pacificamente, pela extensão gradual mas ilimitada do princípio cooperativo». Ainda mais disseram: «Homem cultíssimo e de grande curiosidade mental, leitor permanente e crítico. Foi um filósofo, ensaísta, doutrinador político, agitador social fecundo, fomentador de novas ideias, professor vocacionado, crítico literário arguto e inconformista, historiador original sempre com os olhos postos no futuro, prosador admirável e dúctil. Poeta talentoso. Dramaturgo interessante, jornalista que aliava a acessibilidade do texto à elevação dos conceitos».

O essencial da actividade política de Sérgio é sempre enquadrável com o seu aspecto teórico: a ligação à Democracia, à Liberdade, como via para a Educação e Cultura.
bioterra

Wikipédia/Henrique de Barros/Fernando Ferreira da Costa/JDACT

Sem comentários:

Enviar um comentário