domingo, 16 de maio de 2010

O Museu Nacional de Soares dos Reis (Porto): O primeiro Museu Público de arte do país. Foi fundado em 1833 sob a égide do liberalismo.

Cortesia do Museu Nacional de Soares dos Reis
O Museu Nacional de Soares dos Reis está instalado no Palácio dos Carrancas, construção de finais do séc XVIII que sofreu várias adaptações para esta nova função.
O Museu Nacional de Soares dos Reis é o primeiro museu público de arte do país, tendo sido fundado em 1833 sob a égide do liberalismo. Destinou-se a recolher os bens confiscados aos conventos abandonados do Porto e aos extintos de fora do Porto (mosteiros de S. Martinho de Tibães e de Santa Cruz de Coimbra). O saque decorreu durante a guerra civil que opôs absolutistas e liberais, chefiados pelo regente D. Pedro, duque de Bragança.
Cortesia do Museu Nacional de Soares dos Reis
Com a designação de Museu Portuense de Pinturas e Estampas, instalou-se no Convento de Santo António, na zona oriental da cidade (Jardim de S. Lázaro), sob direcção do pintor João Baptista Ribeiro. Seguia um programa cultural e pedagógico inovador, de apoio aos artistas da Academia Portuense de Belas Artes e divulgação da arte mediante a organização de exposições públicas. Foi confirmado por D. Maria II em 1836, no âmbito das reformas da instrução pública levadas a cabo pelo ministro Passos Manuel.
Em 1839 o acervo do Museu transitou para a direcção da Academia Portuense de Belas-Artes, o que levou a um fortalecimento da relação entre o museu e o ensino artístico no século XIX. O contributo da galeria de S. Lázaro consistia na organização das exposições trienais que tiveram como resultado a reunião de pintura e escultura do Porto oitocentista. Esta colecção forma uma das partes mais consistentes do acervo documentando o retrato, a cena de costumes e a paisagem de influência naturalista.

Cortesia do Museu Nacional de Soares dos Reis
No âmbito das reformas institucionais da República em 1911, com uma política museológica descentralizada e tendente à especialização, inscreve-se a criação do Museu Soares dos Reis, evocativo do primeiro pensionista do Estado em escultura pela Academia Portuense de Belas Artes: António Soares dos Reis, o célebre autor do Desterrado.

Com o Estado Novo valoriza-se a conservação do património e acentua-se o papel do museu como lugar de memória de toda uma nação que se quer forte e coesa. É neste sentido que em 1932 o museu centenário adquire o estatuto de Museu Nacional, o que lhe vai proporcionar a independência face à tutela académica e a expansão patrimonial.

Cortesia do Museu Nacional de Soares dos Reis
A instalação no Palácio dos Carrancas em 1940 faz parte do percurso recente do Museu, na altura sob direcção de Vasco Valente. O edifício neoclássico foi adaptado a novas tendências museográficas de iluminação zenital (laminar) e dotado de condições de preservação nas galerias de arte, com recurso a critérios de exibição de ambientes no andar nobre, evocativos de estilos ou épocas.
Cortesia do Museu Nacional de Soares dos Reis
Esta fase integra-se no âmbito das Comemorações Nacionais de 1940 cujo programa previa certames de grande exaltação patriótica. A inauguração da exposição A Obra de Soares dos Reis celebrou o início de uma etapa importante na história do museu que situava a cultura do Porto num lugar de relevo.
Finalmente em 1942 procedeu-se ao depósito das colecções do extinto Museu Municipal do Porto, com secções muito variadas desde a pintura às artes decorativas passando pela lapidária e a arqueologia conferindo ao museu clássico de Belas-Artes um carácter misto.
À medida que se estruturava o acervo promovia-se o estudo e divulgação das colecções e estabeleciam-se novas práticas culturais, com destaque para as exposições temporárias e a edição da revista Museu pelo Círculo Dr. José de Figueiredo.

Cortesia do Museu Nacional de Soares dos Reis
A atracção de novas colecções marca a tendência do MNSR na década de 1950. O vector que a define orienta-se para a procura de uma certa modernidade manifesta pela aquisição de obras de autores contemporâneos, adeptos de correntes artísticas ainda em definição. Deve-se à direcção do escultor Salvador Barata Feyo, professor de escultura da Escola de Belas Artes do Porto, o qual foi director interino do MNSR entre 1950 e 1961.
Dos anos 60 até à actualidade têm vindo a registar-se esforços no sentido do incremento das relações com o público. Notar que aquela época ficou marcada pela realização de experiências inovadoras nos domínios da divulgação cultural, com a realização de exposições temporárias e a acção educativa.
A vertente educativa desenvolveu-se sob a direcção de Manuel de Figueiredo, em que o Museu viu emergir o Serviço de Extensão Escolar, com actividade dirigida a crianças, que participavam nas visitas orientadas (em regime de diálogo) e num atelier infantil. O sentido didáctico destas acções educativas alargou-se a todos os graus de ensino, traduzindo o aumento do interesse da Escola pela instituição museológica.
A dinâmica revolucionária do 25 de Abril de 1974 traduziu-se em novos apelos a artistas jovens, deixando em definitivo para trás uma óptica coleccionista e propondo-se a abertura do espaço fechado do museu clássico a uma nova arte e a um novo público, geradores de vitalidade e dinamismo.

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Cortesia do Museu Nacional de Soares dos Reis
Reporta-se a meados de 1970 a colaboração com o Centro de Arte Contemporânea (CAC), de cuja actividade se partiu para o projectado Museu Nacional de Arte Moderna, actual Fundação de Serralves. Documenta uma época que pôs em causa definitivamente o carácter conservador e tradicional da instituição museológica, revelando um certo impulso actualizador, iniciado já com Barata Feyo nos anos de 1950.

Quadro de José Malhoa
Cortesia do Museu Nacional de Soares dos Reis
A última década do século XX, na sequência da criação do Instituto Português de Museus, assinala o projecto de remodelação do Museu Nacional de Soares dos Reis da autoria do arquitecto portuense Fernando Távora. Visou melhorar a exposição permanente e o alargamento dos espaços de reserva, a criação de áreas de exposições temporárias, auditório, zonas de lazer e serviços. A preservação e o estudo das colecções, a divulgação cultural e a actividade do serviço de educação, com apoio de uma sala multimédia, configuram um enquadramento novo em matéria da salvaguarda do património e acção educativa do Museu.
Cortesia do Museu Nacional de Soares dos Reis/JDACT