Em Portugal, os pelourinhos ou picotas, a designação mais antiga e popular, dos municípios localizavam-se sempre em frente ao edifício da câmara, desde o século XII. Muitos tinham no topo uma pequena casa em forma de guarita, feita de grades de ferro, onde os delinquentes eram expostos para a vergonha pública. Noutros locais os presos eram amarrados às argolas e açoutados ou mutilados, consoante a gravidade do delito e os costumes da época.
De estilo românico, gótico ou renascentista, muitos dos pelourinhos em Portugal constituem exemplares de notável valor artístico.
Segundo Alexandre Herculano e Teófilo Braga, os pelourinhos tiveram origem na columna moenia romana que distinguia com certos privilégios, as cidades que os possuiam. Os pelourinhos normalmente são constituídos por uma base sobre a qual assenta uma coluna ou fuste e terminam por um capitel. Nalguns pelourinhos, em vez da base construída pelo homem, eram aproveitados afloramentos naturais.
Consoante o remate do pelourinho, estes podem classificar-se em:- Pelourinhos de gaiola;
- Pelourinhos de roca;
- Pelourinhos de pinha;
- Pelourinhos de coluço (gaiola fechada);
- Pelourinhos de tabuleiro (gaiola com colunelos);
- Pelourinhos de chaparasa;
- Pelorinho de coruchéu;
- Pelourinhos de bola;
- Pelourinhos tipo bragançano;
- Pelourinhos extravagantes (de características invulgares).
Muitos pelourinhos foram destruídos pelos liberais a partir de 1834 por os considerarem um símbolo de tirania.
Pelourinho
Cortesia da CMCastelo de Vide
O pelourinho localiza-se na rua Bartolomeu Álvares da Santa (principal artéria da vila), junto ao edifício setecentista dos Paços do Concelho, freguesia de Santa Maria da Devesa. O levantamento do actual pelourinho dever-se-á atribuir ao período da construção dos actuais Paços do Concelho, mais concretamente por volta do ano de 1721, altura em que a Câmara Municipal se transfere da Rua de Santa Maria de Cima para o edifício onde hoje se encontra instalada, na zona moderna da vila.
No ano de 1942, a Câmara Municipal procede a uma ligeira deslocação do pelourinho de modo a alinhá-lo com os Arcos do Átrio e com a estátua D. Pedro V localizada do lado oposto. Antes deste pelourinho setecentista terá existido um anterior, medieval, que numa das bandas da vila desenhada por Duarte de Armas («Livros das Fortalezas», fólio 44) aparece implantado junto à barbacã Este, mais concretamente na saída da vila para o arrabalde.
Este apontamento é reforçado pelo facto de, no final da Idade Média e durante o período Moderno, o local ser destinado à realização dos mercados e feiras, nele confluindo as então principais ruas da vila (Rua Direita do Castelo, Rua de Santa Maria, Rua do Mercado e Rua da Fonte). Parece crível que este pelourinho se tenha mantido nesse lugar até meados do séc. XVII, dado que em 1631 os Paços do Concelho se localizam na Rua de Santa Maria de Cima.
Plano do pelourinho
Cortesia da CMCastelo de Vide
Ainda pela observação do desenho do citado desenhador que esteve ao serviço da coroa manuelina, sugere-se que o primitivo pelourinho tenha sido do tipo de «gaiola», portanto, com uma tipologia distinta da que actualmente apresenta, de «coruchéu».
As necessidades de alterar o sistema fortificado medieval para fazer face à pirobalística levaram, entre outras, a uma profunda remodelação do lado sueste da fortaleza substituindo-se a barbacã por novas soluções arquitectónicas do sistema abaluartado. Terá sido devido a este processo de modernização do sistema defensivo militar que se destruiu, em data desconhecida, o pelourinho primitivo, do qual hoje não restam quaisquer vestígios materiais.
Outro plano do pelourinho
Cortesia da CMCastelo de Vide
A base é constituída por plinto, muito alto, cúbico escócia e toro assente num soco de planta rectangular. Fuste cilíndrico monolítico, com ligeiro êntase, rematado em capitel cúbico que ostenta numa das faces o escudo com as armas da vila. O conjunto é coroado por uma bola. Todos estes elementos são de granito.
Está classificado como Imóvel de Interesse Público desde 11 de Outubro de 1933.
Cortesia da Câmara Municipal de Castelo de Vide/JDACT
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