sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Públia Hortênsia de Castro: Erudita do Renascimento português e grande oradora lusa nascida em Vila Viçosa. Fez parte da corte cultural da Infanta D. Maria

(1548-1595)
Vila Viçosa
Cortesia de cm-vilavicosa 
Públia Hortênsia de Castro foi uma das mais notáveis e célebres figuras do humanismo português. Escritora, Teóloga e Filósofa, dotada de uma erudição impar e de um talento precoce extraordinário, impôs–se à estima dos maiores intelectuais do seu tempo.
Na sua terra natal aprendeu as primeiras letras. Depois, devido à inteligência e capacidade de estudo demonstrada, foi para Évora e, sob a protecção do seu parente o Arcebispo D. José de Melo, aí se matriculou no curso de filosofia da Universidade. Aos 17 anos de idade assombrava já com as suas capacidades de raciocínio os seus doutos professores. Mais tarde cursou a Universidade de Coimbra, na companhia de um irmão, tendo aí estudado Retórica, Humanidades e Metafísica.

Em Évora, tomou parte em certames literários diversos, em discussões públicas de carácter científico, tendo ganho fama e notoriedade fazendo uso do seu brilhantismo intelectual. No antigo colégio do Espírito Santo, em 1561, prestou as provas finais para alcançar o grau de licenciada, tendo ficado célebre a sua argumentação, que impressionou fortemente as doutas personalidades que a inquiriram. André de Resende, seu mestre, rendeu-se às qualidades da sua discípula e, espantado com a capacidade demonstrada, depressa espalhou a notícia do prodígio, por entre os sábios estrangeiros com que trocava correspondência. Nos círculos culturais de Espanha, França e Itália, a novidade causou assombro e despertou o interesse e a curiosidade das mais insignes figuras da época.

Cortesia de bairrense
Em 1574, Públia Hortênsia de Castro começa a frequentar o Paço Real de Évora e a erudita Academia da Infanta D. Maria. Em 1581, vendo-se sozinha e abandonada por quem a protegera até então, tendo mais de 30 anos de idade, desgostosa com a ingratidão do poder, Públia Hortênsia de Castro, resolve consagrar-se a Deus e entra no Convento do Menino Jesus da Graça, em Évora, da Ordem dos Agostinhos. Na clausura conventual faleceu em 1595, com 47 anos de idade.
Faleceu sem ter feito obra marcante, mas do seu talento ficou testemunho o que escreveu em alguns livros de prosa e verso, em cartas escritas em latim e em português, e uns diálogos sobre teologia e filosofia, a que deu o título de «Flosculos Theologicales».
 
«Erudita do Renascimento português e grande oradora lusa nascida em Vila Viçosa, berço de muita gente ilustre, que se disfarçou de homem e conseguiu frequentar a Universidade de Coimbra, tornando-se na primeira diplomada em Portugal. Filha de Tomás de Castro e Dona Branca Alves, a quem acompanhou para estudar Humanidades e Filosofia em Coimbra, apesar das leis do seu tempo vedarem o acesso das mulheres à universidade conseguiu vencer esta restrição. Seguiu depois para o curso de Filosofia em Évora, onde sob a proteção do seu parente, o Arcebispo D. José de Melo. Matriculou-se na Universidade, em Filosofia, para a qual evidenciou seu talento e obteve grande destaque. Fez parte da corte cultural que à sua volta reuniu D. Maria (1521-1577), filha de D. Manuel de Aviz (1469-1521), rei de Portugal (1495-1521), e irmã de D. João III (1502-1557). Com apenas 17 anos defendeu com imenso brilhantismo, conclusões públicas. Em Évora estudou também Teologia e defendeu, ante o rei Filipe II(1527-1598) de Espanha (1556-1598) e I de Portugal (1580-1598), conclusões teológicas que, impressionado, lhe concedeu uma tença. Resolveu consagrar-se a Deus e entrou no convento do Menino Jesus da Graça, pertencente à Ordem Agostinha, em Évora. Escreveu alguns livros em prosa e em versos, que foram guardados por seu irmão, o Frei Tomé, da Ordem dos Pregadores, algumas cartas em latim e português e diálogos sobre teologia e filosofia a que deu o título de Flosculos Theologicales. Faleceu em Évora, com 47 anos e fama de Santidade, deixando uma lenda de mulher extraordinária e constituindo-se em um exemplo precursor em Portugal e na Europa». In netsaber.

Cortesia de CMVilaViçosa/JDACT