sábado, 9 de outubro de 2010

André de Resende: Um Intelectual humanista, teólogo, pioneiro da Arqueologia em Portugal. Um Eborense a quem se ficaram a dever os primeiros estudos sobre arqueologia da cidade

(1500-1573)
Évora
André de Resende, por João Cutileiro
Cortesia de arqnet

André de Resende foi um frade dominicano, um intelectual, um teólogo, um arqueólogo, um especialista da Grécia e da Roma antiga, em suma um grande pensador humanista. Foi também mestre de D. Duarte.

Filho da família eborense Resende, educou-o sua mãe, fazendo-o ingressar na ordem dominicana, em que os seus talentos ganharam a confiança dos superiores, que o mandaram completar os estudos superiores em universidades estrangeiras. Depois do doutoramento em Salamanca, seguiu para Paris, em cujos meios universitários tanta evidência tiveram seus talentos, que o diplomata D. Pedro de Mascarenhas, embaixador de Portugal junto de Carlos V, em Bruxelas, o chamou para o imperador o conhecer. Pouco demorou, porém, na capital brabantina e desconhece­-se‑lhe a causa da brusca partida inesperada, em 1534, de regresso ao Reino.

Cortesia de algarvivo
Falecimento da mãe? Ou um pedido de D. João III, já então ocupado com a reforma e restauração da Universidade em Coimbra, que havia de realizar‑se em 1537?
Foi-lhe confiada a Oratio pro rostris, a obra mais citada, que pronunciou, como Oração de Sapiência, na abertura do ano electivo da Universidade, ainda em Lisboa.


O humanista teve um desempenho admirável. Animado do espírito do século e pelos velhos mestres e com o próprio Erasmo.

Cortesia de brownedu
Nomeado, por D. João III, mestre do infante D. Duarte, seu irmão, e regendo ao mesmo tempo a cadeira de Humanidades na Universidade, com a qual seguiu para Coimbra, quando da transferência e sua reforma em 1537, obteve do papa a secularização, que lhe dava a maior liberdade.

Ignora-se o motivo da sua saída da Universidade. Talvez iniciativa dos colégios universitários. Não seria difícil de invocar, para determinar-lhe a demissão, certo destempero de temperamento, demonstrado na sua primeira «Oratio pro Rostris».
Regressado à sua cidade natal, ali vai regendo a aula de Humanidades, continuando pela pregação o seu múnus sacerdotal, e teria já começado a interessar-se por investigações arqueológicas da terra eborense, as quais, no fim da vida, foram sua exclusiva forma de actividade de espírito, quando o cardeal-infante D. Henrique fundou a sua Universidade católica de Évora.

Francisco Bilou
Cortesia da CMÉvora
E é então que, até à morte, se consagra intensivamente à Arqueologia. Como historiógrafo legou-nos, além de crónicas manuscritas, a obra De Antiquitatibus Lusitaniae, por que entre nós se inicia o estudo documentado do domínio romano na Lusitânia, e a História da Antiguidade da Cidade de Évora. Como agiólogo, A Santa Vida e Religiosa Conversão de frei Pedro, porteiro do Convento de S. Domingos, e a Vida de S. Domingos de Cuba. Como poeta, foram várias as poesias em português e latim, dentre as quais alguns poemas, um dedicado a São Vicente, impresso com mais composições, orações e cartas em Colónia, em 1545. Finalmente, ao gramático ficou-se devendo um Comentário da conjugação dos Verbos, e até o compositor deixou em seu espólio o Ofício de São Gonçalo e o Ofício de Santa Isabel. São numerosas as suas cartas.
Humanista do século XVI, a quem se ficaram a dever os primeiros estudos sobre arqueologia de Évora, e veio a morrer, já septuagenário.
Morre em Évora no ano de 1573. O túmulo que lhe guarda os restos mortais está na Sé Catedral.
Cortesia da CMÉvora
Notas:
  • Carlos Selvagem e Hernâni Cidade, Cultura Portuguesa, 5, Lisboa, Empresa Nacional de Publicidade, 1971, págs. 42-46
Cortesia de O Portal da História/JDACT