(1871-1955)
Faro
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Maria Carolina Frederico Crespim foi o seu verdadeiro nome. Mas ficou conhecida por Maria Veleda. Uma das mais importantes dirigentes do primeiro movimento feminista português, dedicada aos ideais de justiça, liberdade, igualdade e democracia e empenhada na construção de uma sociedade melhor.
Estreou-se na imprensa algarvia e alentejana com a publicação de poesia, contos e novelas, tendo-se dedicado mais tarde aos temas feministas e educativos, defendendo a educação laica e integral, numa combinação ideal entre a teoria e a prática, a liberdade, a criatividade, o espírito crítico e os valores éticos e cívicos.
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Convertida ao livre-pensamento e iniciada na Maçonaria, em 1907, aderiu também aos ideais da República e tornou-se oradora dos Centros Republicanos, escolas liberais, associações operárias e intelectuais, grémios, círios civis e comícios do Partido Republicano, da Junta Federal do Livre-Pensamento e da Associação Promotora do Registo Civil.Entre 1910 e 1915, como dirigente da «Liga Republicana das Mulheres Portuguesas» e das revistas A Mulher e a Criança e A Madrugada, empenhou-se na luta pelo sufrágio feminino, escrevendo, discursando, fazendo petições e chefiando delegações e representações aos órgãos de soberania. Combateu a prostituição, sobretudo, a de menores, e o direito de fiança por abuso sexual de crianças. Fundou «O Grupo das Treze» para combater a superstição, o obscurantismo e o fanatismo religioso que afectava sobretudo as mulheres e as impedia de se libertarem dos preconceitos sociais e da influência clerical que as mantinham submetidas aos dogmas da Igreja e à tutela masculina.
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Porém, após os acontecimentos da «noite sangrenta», em 1921, e a desilusão dos sucessivos governos republicanos, que não cumpriram as promessas de conceder o voto às mulheres, Maria Veleda abandonou o activismo político e feminista em 1921. Fez-se jornalista do Século e de A Pátria de Luanda, onde continuou a defender os ideais feministas e republicanos que sempre a nortearam.
Em 1925, fundou o «Grupo Espiritualista Luz e Amor», aderindo ao fenómeno espiritista, muito em voga na década de 20, e colaborando na sua imprensa. Publicou as «Memórias de Maria Veleda» no jornal República, em 1950, cinco anos antes da sua morte.
Maria Veleda dedicou a sua vida aos ideais de justiça. Iniciou processoa de mudança nas práticas sociais e lançou o debate sobre os lugares, os papéis e os poderes de mulheres e homens num mundo novo.
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