segunda-feira, 4 de outubro de 2010

O Primeiro Busto da República: A Musa escolhida foi Ilda Pulga. O Alentejo «presente» no Parlamento. A escultura não sofreu alterações, passado um século da Revolução de 05 de Outubro de 1910

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Com a devida vénia ao Jornal Público e LUSA.
O orgulho está patente na forma como um dos descendentes de Ilda Pulga, a «musa» que serviu de modelo para o primeiro busto da República, descreve a sua familiar, que supõe ter sido «uma mulher atrevida» para a época. «Deverá ter sido uma mulher lindíssima, para o escultor a ir buscar para ser o seu modelo para o busto, o que me leva a pensar também que terá sido uma pessoa muito atrevida» para a época, afirma à agência Lusa Joaquim Pulga.

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Apesar de não ter conhecido Ilda Pulga, que faleceu em 1993, com 101 anos, o sobrinho bisneto da mulher que posou e inspirou o escultor que concebeu o busto da República encara esse facto como «um afago para o ego». «Uma pessoa que, aos 18 ou 19 anos, serve de modelo a um escultor para busto da República deve ter evoluído de uma forma diferente do comum dos mortais», presume, considerando que a sua familiar «terá sido uma mulher com uma vida cultural muito intensa».
O interesse de Joaquim Pulga pelo assunto «nasceu» em 1993, depois de ler num jornal a notícia da morte da Ilda Pulga. Na altura, desconfiou, porque, segundo diz, «Pulgas em Portugal só há uma família», que é a sua. «Ao ver no jornal Ilda Pulga, natural de Arraiolos, fui procurar, mas foi muito difícil, porque tinha de entrar nos arquivos da igreja», conta, lembrando que «só a partir da implantação da República é que os assentos começaram a ser feitos no registo civil».
O sobrinho bisneto da «mulher que representa a República» lembra ainda que sempre existiu uma «grande dúvida sobre quem foi o escultor do busto», mas defende que «o verdadeiro autor foi João da Silva, que usava como pseudónimo João da Nova». «Era João da Nova porque também escrevia para a revista Seara Nova», acrescenta. In Jornal Público, LUSA.

Em Portugal, a escultura não sofreu alterações e passado um século da Revolução de 05 de Outubro de 1910 a Comissão para as Comemorações do Centenário não prevê a modernização do símbolo. Fernanda Rollo, Comissária das Comemorações do Centenário da República, disse à Lusa que, ao contrário de França, dificilmente a sociedade portuguesa iria aceitar a mudança e que o importante é conhecer o busto actual. «Temos dinâmicas diferentes. Não está prevista pela Comissão qualquer iniciativa no sentido de mudar o busto da República. Estamos mais interessados em conhecer o busto actual e as várias manifestações artísticas que inspirou. Em relação a França, não temos de ter esse quadro de mimetização. Não sei se a sociedade portuguesa aderiria a este tipo de mudanças», disse a historiadora Fernanda Rollo. Também António Arnaut, antigo grão mestre do GOL, considera que alterar o busto da República seria deturpar os símbolos originais da República Portuguesa. «Os símbolos são representações perpétuas da ideia. Mudar o busto seria um absurdo. Uma profanação», disse.
Busto da República
Cortesia de parlamento

Tal como o busto com a mesma alegoria, de Tomás da Costa, esta cabeça da República, da autoria de Francisco Santos, foi executada para o concurso promovido pela Câmara Municipal de Lisboa em 1910. Vencedora sobre as propostas de Costa Mota (sobrinho) e de Júlio Vaz (respectivamente premiadas com o 2º e 3º prémios), veio, porém, a ser mais tarde preterida pela de Simões de Almeida (sobrinho), quando esta última foi profusamente difundida para fins propagandísticos oficiais em medalhas e moedas. In Parlamento.

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Da autoria de Simões de Almeida (sobrinho). A imagem da República retirou o barrete frígio, por vezes a bandeira, a figura feminina, o olhar decidido e a sensualidade, não explícita no erotismo dos seios descobertos daquela, mas recatada e implícita na blusa de cordões afrouxados que deixa entrever o peito, acrescentando-lhe o raminho de loureiro como símbolo triunfal, ou o molho de feno e a foice como símbolo da abundância.



A Liberdade guiando o Povo de Eugène Delacroix 1830
Inspiração da imagem da República.
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Cortesia do Parlamento/LUSA/Jornal Público/JDACT