domingo, 17 de outubro de 2010

Pedro Afonso. Conde de Barcelos: O seu legado cultural é um dos mais importantes da Idade Média Peninsular. Poeta e trovador como seu pai (D. Dinis), teve um papel de relevo na vida política e sobretudo cultural do seu tempo. A ele se deve a «Crónica Geral de Espanha de 1344»

(1287-1354)
Cortesia de questaodosuniversais
Cortesia de geocaching

D. Pedro Afonso, Conde de Barcelos foi, segundo algumas fontes, o primeiro filho natural de D. Dinis e de D. Grácia Froes (de identificação insegura). Poeta e trovador como seu pai, teve um papel de relevo na vida política e sobretudo cultural do seu tempo, a ele se deve uma boa parte dos mais importantes textos da literatura medieval portuguesa.
Cortesia de gentemaior
Exilado em Castela por motivos relacionados com o conflito que opôs D. Dinis ao príncipe herdeiro D. Afonso, tomou contacto com as actividades culturais da corte castelhana, que prolongava o intenso labor do seu bisavô Afonso X de Leão e CastelaO Sábio.

Cortesia de literaturaeso
Regressado do exílio em 1322, retomou a posse de todos os seus bens, que lhe tinham sido confiscados. Pouco depois da morte de seu pai, afastou-se gradualmente da corte do meio-irmão, com quem entra em dissidência, embora tenha participado a seu lado na Batalha do Salado em 1340. Refugiou-se nos seus paços de Lalim, que transformou num centro cultural importante. É daí que está datado o seu testamento, Março de 1350 e onde morreu, em 1354. Jaz sepultado no Mosteiro de São João de Tarouca, num túmulo com jacente decorado nas laterais com cenas de caça ao javali.

Cortesia de diegocatalan
O legado cultural do Conde de Barcelos é um dos mais importantes da Idade Média Peninsular. D. Pedro foi certamente o compilador, ou pelo menos o último compilador, das cantigas dos trovadores galego-portugueses. No seu testamento deixa um Livro de Cantigas ao seu sobrinho, Afonso XI de Castela, que se pensa ser o arquétipo dos cancioneiros manuscritos que chegaram até nós. Segundo os relatos, esse cancioneiro nunca chegou à posse de Afonso XI e não se sabe do seu paradeiro. Excelente trovador, D. Pedro deixou 4 cantigas de amor e 6 cantigas de escárnio, onde o humor, com a malícia característica do género, se alia a um notável sentido rímico e musical.


Cortesia de cm-tarouca
De Lalim teriam ainda saído 2 outras obras fundamentais da história e cultura portuguesas. Uma é o chamado Livro de Linhagens do conde D. Pedro, uma recompilação da genealogia das principais famílias nobres de Portugal inseridas no contexto peninsular e universal. A outra obra devida ao conde é a Crónica Geral de Espanha de 1344, uma crónica histórica em que é descrita a história dos vários reinos ibéricos e da Reconquista, enfatizando-se o papel dos reis portugueses na cruzada contra o Islão. Os dois livros são de alta qualidade narrativa e representam pontos altos da prosa medieval portuguesa.
O reconhecimento da qualidade da obra de D. Pedro na Idade Média é evidenciado pelo facto de que tanto o Livro de Linhages como a Crónica sofreram vários acrescentos posteriores em Portugal.
A Crónica Geral de Espanha de 1344 foi redigida em 1344 e reelaborada por volta de 1400. O texto original de 1344, em português, encontra-se desaparecido, mas o texto da refundição de 1400 e as traduções ao castelhano das duas versões ainda existem.

Cortesia de Luís F. Lindley Cintra
A Crónica de 1344 é considerada a mais importante das crónicas historiográficas portuguesas anteriores ao século XV e um marco da prosa medieval em língua portuguesa. A Crónica é uma obra monumental, que sintetiza o conhecimento histórico trasmitido por vários textos anteriores de vários diferentes autores e procedências. A versão da 1344 da crónica foi elaborada pelo conde Pedro Afonso pouco tempo depois da Batalha do Salado (1340), em que os reinos ibéricos cristãos se uniram para derrotar o inimigo muçulmano. Nesse contexto, a crónica do conde é uma celebração da história hispânica e do papel destacado e diferenciado do reino de Portugal durante a Reconquista.

Cortesia de Luís F. Lindley Cintra/wikipédia/JDACT