Geografia Histórica, 1736
Cortesia de edicoescolibri
Com a devida vénia a António Ventura, o Combate de Flor da Rosa, edição patrocinada pela Câmara Municipal do Crato, ISBN 972-8288-23-9, Edições Colibri, Junho de 1996.
A guerra que opôs portugueses e espanhóis, em 1801, teve como palco privilegiado o Alto Alentejo. Nessa breve campanha de duas semanas, que se saldou pela derrota das forças lusitanas e pela perda de Olivença e seu termo, apenas ocorreram acções militares com algum significado em Arronches, Flor da Rosa e Campo Maior.
A «Guerra das Laranjas»
Exercendo a governação desde 1792, ano em que a rainha D. Maria I ficara impossibilitada de o fazer em consequência da doença de que padecia, o príncipe regente D. João assumia plenos poderes a 15 de Julho de 1799. O Duque de Lafões, fundador da Academia das Ciências de Lisboa, octogenário venerando, homem culto, mas limitado pela idade e pela doença, era nomeado Governador das Armas do Reino.
Manuel Godoy, o vencedor da Guerra das Laranjas
Cortesia de wikipédia
Os preparativos para fazer face à intervenção franco-espanhola, que se desenhava desde 1796, defrontavam-se com a debilidade do Exército em efectivos e logística, a discutível capacidade dos seus comandos e o mau estado das praças fronteiriças. As forças portuguesas, já de si escassas, foram divididas em dois exércitos, um estacionado para lá do Douro, outro entre o Douro e o Guadiana. As tropas concentradas no Alentejo, palco habitual de invasões, compreendiam 3 Divisões com o Quartel General em Estremoz.
A Espanha declarou guerra a Portugal a 27 de Fevereiro de 1801 ao mesmo tempo que surgiam notícias sobre concentrações de tropas espanholas na Extremadura, na Galiza e Andaluzia, bem como a chegada de 15 mil franceses comandados pelo General Leclerc.
Junto a Badajoz concentraram-se 5 Divisões espanholas, cujos efectivos oscilariam entre os 40 mil e 54 mil e 200 homens contra 12 mil portugueses (l). Os diários de operações daquelas Divisões, permitem-nos ter uma ideia bastante completa do evoluir de cada uma como do seu envolvimento em acções conjugadas. A Divisão de Vanguarda, concentrada em Santa Engrácia, junto ao Xévora, atravessou a fronteira no dia 20 de Maio e tomou posições junto a Elvas, onde ocorreram recontros com as tropas portuguesas, dirigindo-se depois para Campo Maior.
Olivença
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Inflectiu em seguida para S. Vicente, que ocupou, encaminhando-se para Barbacena e Monforte. Desta localidade marchou sobre Arronches, onde, a 29 do mesmo mês, travou combate com forças portuguesas, comandadas pelo Coronel D. José Carcome Lobo, as quais foram completamente derrotadas. A Divisão de Vanguarda avançou depois para Portalegre, passando por Alegrete, e ficou aquartelada naquela ciãade. A partir dela foram enviados destacamentos a várias localidades circunvizinhas para recolher víveres, gados e impôr contribuições de guerra, como sucedeu a Alpalhão e Castelo de Vide. A partir desta vila, os espanhóis tentaram tomar Marvão, sem sucesso. A praça resistiu durante algumas horas e os atacantes desistiram dos seus propósitos.
A lª Divisão, igualmente acampada em Santa Engrácia, passou a fronteira no dia 20 de Maio e tomou posições junto a Elvas, cortando as ligações com Campo Maior. Dirigiu-se para S. Vicente e Barbacena, apertando o cerco a Elvas: um destacamento rumou a sul, entrando em Borba e Vila Viçosa.
A 2ª Divisão partiu de Alburquerque para Badajoz a 15 de Maio, entrando em Portugal junto a Campo Maior no dia 20. Após algumas trocas de tiros de artilharia junto a esta vila dirigiu-se para Santa Eulália, S. Vicente, Barbacena e Arronches, onde, juntamente com forças da Divisão de Vanguarda, tomou parte no combate do dia 29. Permaneceu durante três dias em Arronches e depois marchou para Portalegre, participando nas operações da Divisão de Vanguarda, incluindo o Combate de Flor da Rosa, bem como em acções repressivas contra camponeses que atacaram soldados espanhóis.
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A 3ª Divisão, estacionada em Valverde, avançou para Olivença e Juromenha (2) e tomou posições junto a Elvas, onde se registou algum tiroteio, e Campo Maior e participou no cerco àquela praça, até dia 27 de Maio, posicionando-se depois ern Santa Eulália. Finalmente, a 4ª Divisão, concentrada em Badajoz, empenhou-se exclusivamente no cerco a Campo Maior». In Conflito Luso-Espanhol de 1801.
Notas:
(1) Os números são indicados por, respectivamente, Luz Soriano, História da Guerra Civil e do Estabelecimento do Governo Parlamentar em Portugal, Lisboa, Imprensa Nacional, Primeira Época, Tomo III, 1867, pp" 335 e 336, Manuel Godoy (Príncipe da Paz), Memórios críticass e apologéticas para la Historía del Reinado del Señor Don Carlos IV de Borbón, Madrid, Ediciones Atlas, Biblioteca de Autores Españoles, 1965 (2ª edição), p.322, e por José Maria das Neves Costa, Memórias para servírem à Hístóría da Cantpanha do Alentejo em 1801, publicadas por Henrique de Campos Ferreira Lima, Coimbra, ,Boletim de Segunda Classe da Academia das Ciências de Lisboa, Vol. VIII, 1914, calculando o autor os efectivos existentes no Alentejo e os que poderiam acorrer da Beira em caso de necessidade, em l4 e 16 -mil homens (p. 69). O manuscrito original destas memórias encontra-se no A. H. M., Iª Divisão 12ª Secção, Caixa 2 nº 11.
(1) Os números são indicados por, respectivamente, Luz Soriano, História da Guerra Civil e do Estabelecimento do Governo Parlamentar em Portugal, Lisboa, Imprensa Nacional, Primeira Época, Tomo III, 1867, pp" 335 e 336, Manuel Godoy (Príncipe da Paz), Memórios críticass e apologéticas para la Historía del Reinado del Señor Don Carlos IV de Borbón, Madrid, Ediciones Atlas, Biblioteca de Autores Españoles, 1965 (2ª edição), p.322, e por José Maria das Neves Costa, Memórias para servírem à Hístóría da Cantpanha do Alentejo em 1801, publicadas por Henrique de Campos Ferreira Lima, Coimbra, ,Boletim de Segunda Classe da Academia das Ciências de Lisboa, Vol. VIII, 1914, calculando o autor os efectivos existentes no Alentejo e os que poderiam acorrer da Beira em caso de necessidade, em l4 e 16 -mil homens (p. 69). O manuscrito original destas memórias encontra-se no A. H. M., Iª Divisão 12ª Secção, Caixa 2 nº 11.
(2) O domínio destas duas praças era fundamental para se controlar a passagem do Guadiana. Sobre a rendição de Olivença existerr diversos documentos no A. H. M., Iª Divisão, 12ª Secção, Caixa l, n.º 87, V., para além das obras citadas sobre a campanha de 1801, e do livro de J. M. de Queiroz Veloso, Como perdemos Olivença, Lisboa, Casa Ventura Abrantes, 1932.