Cortesia de uplasma
Com a devida vénia a Manuel Calado, Callipole, revista cultural, 1995/1996.
O povoado neolítico de Bencatel foi licalizado em 1994, em prospecções de superfície, de carácter selectivo, desenvolvidas pelo autor no âmbito do Projecto Nimerso (Neolítico e Idades dos Metais da Região da Serra D’Ossa).
«Análise paisagística, com base em diversa informação geográfica, nomeadamente de tipo cartográfico e aerofotográfico e, sobretudo, na observação do terreno, foi o método mais utilizado para a selecção das áreas a prospectar, pretendeu-se, testando e corrigindo hipóteses relativas à distribuição do povoamento pró e protohistórico, obter o maior número de dados possível, para uma primeira abordagem regional, uma vez que a informação disponível se resumia quase exclusivamente ao megalitismo e escassos povoados do Bronze Final e do Ferro.
A área em que se encontram os vestígios do povoado neolítico de Bencatel, ocupa um cabeço de topo aplanado, com uma vertente bastante íngreme no lado ocidental, mas com declive moderado e comando quase nulo, no lado oposto. O terreno, com muitos afloramentos calcários, apresenta escassa aptidão agrícola; para além da exploração tradicional como olival e pastagem, foi em época recente, aberta uma pedreira na área central do cabeço, numa área onde aflora uma mancha de mármore de boa qualidade.
Cortesia de artblartwordpress
O sítio arqueológico localiza-se na borda do Maciço Calcário, à beira do patamar que o delimita pelo lado ocidental e domina visualmente boa parte da bacia do Lucefece (uma área deprimida que corresponde ao sinclinal de Terena) e o compartimento mais elevado da serra d’Ossa.
A aldeia actual de Bencatel situa-se a menos de 1 km a WSW do povoado neolítico, cujas coordenadas UTM são: x=635,7; Y=4290,3 e cuja altitude máxima atinge os 420 m (NMM).
Cortesia de wikipédia
O povoado neolítico de Bencatel, apresenta uma importância destacada para o estudo da neolitização. Por outro lado, é um elemento fundamental em termos da história local e regional, documentando um dos momentos mais antigos da presença de comunidades sedentárias no interior alentejano.
A identificação do sítio através da prospecção de superfície constitui apenas o primeiro passo para o respectivo estudo; apenas a implementação de trabalhos de escavação pode revelar novos dados fundamentais para a interpretação arqueológica da respectiva ocupação: saequência estratigráfica, cronologias absolutas, dados paleoeconómicos e paleogeográficos, etc.
O facto de este sítio se localizar numa zona muito sensível, em função da exploração intensiva das rochas ornamentais, justificaria uma série de medidas especiais para a salvaguarda da preciosa documentação arqueológica que encerra. Estas medidas deveriam passar pela escavação integral das áreas a afectar pelas pedreiras e pela definição de outras a proteger». In Manuel Calado, Callipole, revista cultural nº 2 e 3.
Cortesia de Revista Callipole 1995, 1996/Manuel Calado/wikipédia/JDACT