quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Valencia de Alcântara: O Bairro Gótico. Um conjunto de duas dezenas de ruas sinuosas, com mais de 200 habitações bem preservadas e uma antiga Sinagoga provavelmente sefardita

Cortesia de badajozcapitalenlafrontera

Valencia de Alcântara é um município raiano da Espanha na província de Cáceres, comunidade autónoma da Extremadura. Esteve sob domínio português de 1664 a 1668 e durante alguns períodos do séc. XVIII.
A antiguidade dos assentamentos populacionais na zona de Valencia de Alcântara atingem os 6.000 anos, de acordo com os restos megalíticos que se espalham generosamente nos arredores da população. São variadas as rotas que percorrem estes lugares, onde se destaca o número de dólmenes que em alguns casos se conservam em excelentes condições. Ao caminhar, segue-se o traçado de uma antiga calçada romana, que nos fala da presença do império nestas terras. Possivelmente sobre assentamentos anteriores, fora Juno Bruto o fundador da primitiva Valentia, no século II a. de C.

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Durante  a dominação árabe e depois da  sua conquista aos visigodos, uns anos depois da derrota  de Guadalete, a cidade esteve situada em zona de fronteira, tanto com o reino de León como com o de Portugal. Alguns restos da sua mesquita e traças de suas construções defensivas, são os restos que ficaram do domínio muçulmano. Em 1221, a Ordem de Alcántara conquista a cidade, momento a partir do qual adquire realmente tal condição, já que até então era um núcleo defensivo e de resistência frente ao avanço cristão. Com tal motivo a seu nome de Valencia se lhe une o apelativo «de Alcántara». No seu castelo realizaram-se negociações importantísimas para o futuro dos reinos de León, Castilla e Portugal. Entre outras decisões transcendentais destaca-se o unificar os reinos de León e Castilla sob a coroa de Fernando III o Santo.


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Durante os séculos XIII e XV, a cidade  converteu-se num importante centro económico, atraindo  comerciantes e mercadores e com eles, um imenso contingente de judeus, que até à sua expulsão levantaram o próprio bairro, presidido pela sinagoga. Na actualidade conservam-se interessantes vestígios das ruas e construções. Na igreja de Rocamador teve lugar o enlace entre a filha dos reis Católicos e Manuel I o «Venturoso» no ano de 1497. Com o desenvolvimento das difíceis relações com o reino luso, a cidade foi progressivamente reforçando-se de acordo com o modelo de fortificação onde as muralhas fazem ângulos. No século XVI, a coroa espanhola assume a propriedade e defesa da praça, que continua a actualizar as defesas ante as frequentes guerras com Portugal. Em 1664 a praça foi conquistada pelos portugueses, retornando à coroa espanhola em 1648.


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Na  Guerra da  Sucessão os portugueses aliados de Carlos de Áustria, internaram-se com os seus exércitos a caminho de Madrid, de tal maneira que a cidade foi novamente ocupada até ao ano 1715, quando o traçado da fronteira voltou a seus limites anteriores. Devido à Guerra da Independência, foi assediada, por várias ocasiões pelas tropas francesas, que tinham esta cidade como ponto de apoio, para envolver e tentar conquistar a bela cidade portuguesa de Portalegre.
 
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Valencia de Alcântara partilha com Marvão e Castelo de Vide uma história de tolerância religiosa, tendo chegado a acolher, pelo menos até ao decreto de expulsão dos judeus, em 1492, comunidades de muçulmanos, cristãos e judeus. Por ironia do destino e, apesar da crueldade da História, o legado deste povo pode ainda hoje ser apreciado no Bairro Gótico, constituindo uma das principais atracções turísticas da região. Consiste num conjunto de duas dezenas de ruas sinuosas, com mais de 200 habitações bem preservadas e uma antiga Sinagoga provavelmente sefardita.
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O Castelo encravado quase no centro da cidade, restaurado nos anos 90 e transformado em Biblioteca, Arquivo Municipal e Centro de Novas Tecnologias, assim como a Igreja de Nossa Senhora de Rocamador devem ser visitados. Esta última constitui um belo exemplar do Gótico e Neoclássico, escolhido, em 1497, para cenário do casamento de D. Manuel de Portugal com D. Isabel, filha dos Reis Católicos.

Cortesia de badajozcapitalenlafrontera/JDACT