Cortesia de flickr
Com a devida vénia ao Gabriel e ao sítio Peregrinar/Maria cito algumas frases.
«Ainda a simbologia da escadaria do Bom Jesus.
No Escadório dos Cinco Sentidos o caminho continua serpentiforme, pela estrutura em M das próprias escadas. «Segundo H. P. Blavatsky, esta é a mais sagrada das letras, assumindo um carácter místico quer no Ocidente quer no Oriente. Representa as ondas na Água do grande Oceano Primordial. É a Matriz, a Mater, a Mãe, Mut no Egipto, Maria no cristianismo, Maya no budismo, etc. É a Matéria Primordial como princípio da Grande Obra alquímica».
A letra M está ainda associada ao Pentagrama, símbolo por excelência da magia praticada desde tempos imemoriais no Hemisfério Norte. A letra M expressão alfabética do hieróglifo das «ondas da água», símbolo do «Grande Oceano», fonte de sabedoria, é realmente uma letra mística para muitos idiomas. É uma letra ao mesmo tempo masculina e feminina.
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1ª fonte: As Fontes das Serpentes«Vamos encontrar duas extraordinárias fontes, uma de cada lado da escada, comportando na sua base um recipiente para o qual são vertidas as águas. Sobre este encontram-se 4 cabeças de crocodilo dirigidas para os 4 pontos cardeais. Este facto é muito significativo já que o crocodilo, nas mais diversas mitologias, é o Senhor das Águas Primordiais. Trata-se de uma divindade que reina no mundo inferior, constituindo assim um símbolo das trevas e da morte, mas também do renascimento. Equivale ao Seth egípcio e ao Tifão grego. Para os Miztecas e os Aztecas, a Terra nasceu de um crocodilo que vivia no Mar Primordial; para os Maias, a Terra era carregada às costas de um crocodilo. É o Senhor dos Mistérios da Vida e da Morte, o grande iniciador.
Sobre as 4 cabeças de crocodilo desenvolve-se uma espiral ascendente de 9 voltas, por onde corre a água que é vertida, no cimo da mesma, pela boca de uma serpente para o interior de um cálice. A espiral evoca a evolução de uma força, de um estado. Representa os ritmos repetidos da vida, assim como todo o carácter cíclico do caminho evolutivo. O número 9 anuncia ao mesmo tempo um fim e um recomeço, faz a transposição para um novo plano através de um processo de morte e renascimento. É o número da iniciação.
Assinala o fim de uma fase do desenvolvimento espiritual e o início de uma outra superior. Fecha um ciclo de multiplicidade, para um reencontro com a Unidade, pois, esotericamente 10=1+0=1.
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A serpente encarna a vida original, visto que as Águas Primordiais e a terra profunda formam a Substância Primordial da qual é constituída a serpente. Dessa forma, encontramo-la ligada às correntes de água subterrâneas, as quais são a origem oculta da Terra, da energia telúrica. A serpente simboliza a sabedoria e os iniciados, pois ela é a atenção constante, o eterno rejuvenescimento e a guardiã do poder e dos tesouros ocultos».
Para Paulo Pereira também se pode interpretar em termos alegóricos como se tratando da redenção do peregrino ou romeiro. «Da serpente, símbolo cristão do pecado brota o elemento purificador por excelência, que preside a todo o sacromonte, mas muito em especial ao segmento seguinte, dedicado aos cinco sentidos. O Mal transforma-se em Bem através do domínio dos instintos (dos sentidos) e pela valorização do espírito e não dos fundamentos corpóreos e carnais da existência».
No dizer de José Fernandes Pereira, que dedicou ao Escadório dos Cinco Sentidos um importante estudo: «a animação luminosa de todo o conjunto constitui um dos seus elementos estruturantes. No percurso ascensional, o espectador, saído de um verdadeiro túnel de penumbra, encontra-se de súbito mergulhado numa zona de intensa luminosidade, intensificada pela omnipresença do branco da cal, pontuado pelo negro granito de fontes e esculturas. (…) à forma dinâmica e movimentada da pedra associa-se o fluxo ininterrupto da água lançada do alto por uma serpente: repetição, movimento dentro do movimento, em suma, definição clara de uma estética barroca».
No terraço imediatamente anterior ao conjunto de escadas dedicadas aos cinco sentidos encontram-se duas capelas em cada extremo, uma a Capela das Quedas (Jesus cai sob o peso da cruz e Cireneu ampara-lhe o madeiro - E vieram a um lugar chamado Golgota), outra a Capela da Crucificação (Era a hora da terça quando o crucificaram), como que acentuando a dor de Cristo ou a via dolorosa como elemento de purificação.
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2ª fonte: Fonte das Cinco Chagas
Símbolos. Cálice e escudo.
«No primeiro pátio jorra a Fonte das Cinco Chagas. A fonte lança, numa concha de 7 semi-círculos, 5 vertentes saídas de um escudo. Estes 5 orifícios formam o quincôncio, ou seja, a quinta-essência que tem o poder de agir sobre a matéria e de tranformá-la. Representa o homem espiritual que desperta do quadrado da matéria que constitui a sua personalidade. Cinco são os sentidos que permitem captar as cinco formas sensíveis da matéria e assim, transcendê-la».
Quanto ao cálice para onde jorra a água, ele representa o vaso que contém a poção da imortalidade e da abundância. É o seio materno do qual emana o Leite da Vida, leite esse que não é mais do que o Soma, bebida da imortalidade. O cálice é também o símbolo do coração do iniciado».
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Esta fonte é encimada por uma eloquente inscrição que diz: «PURPUREOS / FONTES ODIUM / RESARAVIT / ADOXUM / NUNC IN CHRISTALLOS HIC TIBI / VERTIR AMOR», o que em tradução de Alberto Feio «Rubras fontes abriu o ódio amargo, para ti agora o amor aqui as converte em cristais», acentuando nesta mensagem ao peregrino o valor redentor do sofrimento do Salvador. A cartela da fonte apresenta em relevo os instrumentos da Paixão de Cristo». In Peregrinar/Maria.
Cortesia de Gabriel/Peregrinar/Maria/JDACT