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Com a devida vénia a Ruy Ventura, Arquivo do Norte Alentejano.
Memórias Paroquiais de Castelo de Vide (Memória nº 222, volume 10).
Castelo de Vide em 1758, (folhas 1461 a 1476).
18ª
Sendo vizinha desta vila uma légua distante Norba Cesária, cujos moradores na sua ruína vieram habitar Castelo de Vide. E ainda durante Norba Cesária era Castelo de Vide um arrabalde dela.
Se podem contar por naturais:
- Santa Quitéria e suas oito irmãs;
- o padre Gonçalo de Sequeira, da Companhia de Jesus, baptizado na matriz a 25 de Dezembro de 1642, foi varão ilustre como consta do ano glorioso da Companhia de Jesus, fl. 191;
- o padre Manuel de Matos, da mesma Companhia, também ilustre. Consta do mesmo livro, fl. 736.
Em Letras:
- D. João de Casal, morreu bispo em Macau; frei Gonçalo do Crato, religioso de São Domingos, inquisidor da Mesa Grande, baptizado em São João em 23 de Fevereiro de 1641; Sebastião de Matos, a quem el-rei D. Manuel mandou estudar no Colégio de São Bartolomeu de Salamanca, foi desembargador do Paço, foi pai de D. António de Noronha, bispo de Elvas, inquisidor-geral do reino, avô de D. Sebastião de Matos de Noronha, arcebispo-primaz de Braga e bisavô do Conde de Armamar; Manuel Delgado de Matos, baptizado na freguesia de São João no ano de 1647, foi colegial de São Paulo de Coimbra, lente de Leis, desembargador dos agravos; o desembargador Gaspar Mouzinho Barba, baptizado na matriz, ano de 1584; seu filho, Mateus Mouzinho Barba, baptizado na mesma freguesia, ano de 1620, foi desembargador do Paço e foi pai de Gaspar Mouzinho de Albuquerque, procurador da Coroa; Mateus Gonçalves Mouzinho, baptizado na mesma igreja, ano de 1617; Manuel Mouzinho, seu irmão, desembargador dos agravos.
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Em armas:
Gonçalo Anes de Castelo de Vide, serviu bem el-rei D. Fernando, como se vê de sua crónica escrita por Duarte Nunes de Leão. Continuou a servir a D. João o 1º e foi neste tempo um dos mais ilustres militares do reino, por ser guerra de religião e liberdade. Fernão Lopes diz na 1ª parte, capítulo 159, que Gonçalo Anes de Castelo de Vide fora discípulo do Condestável na pregação do evangelho português ao verdadeiro Para [?] e liberdade do reino. Assistiu,como grande e rico homem do reino, às Cortes de Coimbra. Consta do capítulo 175. Fez voto na batalha de Aljubarrota de ser o primeiro que havia de fazer sangue em castelhanos. Consta da segunda parte, capítulo 38. Achou-se nela e cumpriu o voto. Consta do capítulo 42. Antes da batalha o tinha el-rei armado cavaleiro, com muito poucos dos muitos grandes do reino [sic], pelo capítulo 9. E pelo capítulo 57 consta se achou na batalha de Valverde e disse muitas grautas [?] a D. Diogo Fernandes de Córdova, alcaide dos donzéis de Castela, de que se infere que antes desta batalha se tinha[m] já visto em três com ele que seriam a de Aljubarrota, Atoleiros e outra, com este Gonçalo Anes de Castelo de Vide.
Foram tantos os filhos de Castelo de Vide à guerra e deu este povo tão grande socorro para ela, que o dito cronista do capítulo 162 da primeira parte, faz pergunta à cidade de Lisboa quais foram os povos fiéis que ajudaram na sua aflição a um tão grande negócio e a fizeram clara entre as gentes, confessando verdadeiro papa e defendendo o reino e respondendo por Lisboa e, nomeando os povos, aponta só quarenta e seis que lhe assistiram e um deles é Castelo de Vide. E todos os mais povos do reino eram anti-papistas e seguiam o anti-papa Clemente. E por esta razão ficou Castelo de Vide com o título de «mui sempre leal». Vê-se de uma representação que fez a Marvão, em vinte e um de Fevereiro de 1473 e principia assim: «Dizemos que assim é verdade que nos [sic] dito concelho da muito sempre leal vila de Castelo de Vide».
O título de «sempre nobre e grande vila» lhe deu el-rei D. Afonso V nas Cortes de Tomar.
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António de Matos desta vila. Passou no de 1500 à Índia, na companhia do grande Afonso de Albuquerque e ia tão recomendado por el-rei Dom Manuel e era de tanto merecimento que, quando aquele governador tirou a Manuel de Lacerda e a outros fidalgos as capitanias de suas naus por lhe falarem arrogantes em favor de Rui Dias de Alenquer, que ele mandara degolar, deu uma capitania a António de Matos, com que ficou servido em todos os grandes sucessos. Foi em companhia de Nuno Vaz de Castelo Branco buscar mantimentos da Angediva para Goa, que estava cercada, sofrendo grandes tormentas. No coração do Inverno achou-se com sua nau com o mesmo governador na segunda tomada de Goa e foi desfazer a fortaleza de Socotorá. Vejam as Décadas de Barros e Castanheda, livro 3º, capítulo 29, 33 e 42.
Gaspar Rodrigues Mouzinho foi servir a África com cavalos e criados à sua custa. E foi armado cavaleiro em Arzila por acções e sua nobreza, que obrou contra os infiéis. Consta de justificação que fez seu filho frei Jerónimo Mouzinho em 1566.
Pedro Fernandes Barba passou à Índia na armada de Dom Antão de Noronha. Achou-se na tomada de Catifa e desembarcou pelejando, dando-lhe água pelos peitos. E por suas acções e nobreza foi armado cavaleiro em 9 de Setembro de 1552. Consta do alvará.
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João Rodrigues Mouzinho, natural desta vila, passou a África com cavalos e criados à sua custa. E por acções que obrou contra os infiéis foi armado cavaleiro por Dom Francisco de Almeida, governador de Tanger, por alvará de 24 de Maio de 1584.
Lourenço Mouzinho Barba, baptizado na matriz em 18 de Agosto de 1590, foi capitão de mar e guerra. Achou-se no naufrágio da armada do ano de 1626. Consta da Epanáfora Trágica, de Dom Francisco Manuel. Pelejou no caminho da Índia com três naus da Holanda e, depois de meio queimado, ficou prisioneiro. Consta do 3º tomo das Ásias, parte 4ª, no último § capítulo 2º.
Com a amizade de RV, JC e SB
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