Cortesia de projectochrono
Com a devida vénia a Graziela Skonieczny e ao Projecto Chronos.
O Livro de Cavalgar
«O fragmento que escolhi para a realização desta monografia, está contido na primeira parte, no capítulo IV, entitulado «Da folgança que se desta manha segue» que diz o seguinte:
- E ssomariamente de homem a que convém teer boas bestas , e as saber bem cavalgar, se sseguem estas sete vantagens: A primeira, seer mais prestes pera servir seu senhor, e acudir a muytas cousas que lhe acontecer poderóm de sua honra e proveito. A segunda, andar folgado. A terceira, honrado. A quarta, guardado. A quinta, ser temydo. A sexta, ledo. A ssétima, acrecenta mayor e melhor coração.
D. Duarte, escreveu o Livro de cavalgar também com o intuito de realçar o grande valor da Cavalaria, aliado à descrição e ao ensinamento das técnicas, aconselhando o quão importante era ser cavaleiro, não só em tempos de guerra, como também quando a paz reina. Quer também ressuscitar a Cavalaria, trazendo à tona para isto, a importância da conservação e ensinamento dos preceitos morais que regem o Código da Cavalaria.
Cortesia de projectochrono
Deixa transparecer nas entrelinhas, a estreita ligação Cavaleiro/Cavalaria/Código de Honra. Desta forma, através dessas relações, seria possível tornar seus súbditos, especificamente a nobreza, mais unidos pelo ideal cavaleiresco. Esta fidelidade traria benefícios a ele, o rei e principalmente ao Reino Português.
Isto não foi pensado ao acaso, mas devido à relação de Portugal com o resto da Europa e mormente ao projecto expansionista inaugurado naquele período.
Tendo em vista tais aspectos, a maior preocupação do estudo, é a de perceber as intenções de D. Duarte contidas na obra. Como ele as deixa transparecer ao longo da leitura do livro, ou seja, como e o que ele transmite ao leitor português, ao nobre, nas entrelinhas.
A nobreza portuguesa no século XV, já não possuia, tão fortemente, os ideais cavaleirescos. Tornou-se necessário então, deixar vir à tona estes nobres Cavaleiros e o seu Código de Honra, que fizeram parte de Portugal algum dia, pois D. Duarte queria resgatar algo que já existira.
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A nobreza não era mais a mesma, principalmente após os conflitos travados com Castela. Pudemos observar isto na contextualização, que esta nobreza sofreu uma «reciclagem», saindo de cena os fiéis vassalos de D. Beatriz, que abandona o país por não conseguir concretizar as suas pretensões à coroa. Entram em seu lugar, os fiéis companheiros de luta de D. João I, Mestre de Avis, os quais recebem cargos, títulos e propriedades deste rei.
Há também uma renovação dos costumes, de um modo geral. Mas no que diz respeito ao modo de educação, o rei é o primeiro a dar o exemplo, juntamente com a rainha, D. Filipa de Lencastre, na criação dos Infantes.
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Se D. João I acreditava numa nova ordem dos costumes, D. Duarte percebe, com o seu espírito observador, que é preciso recuperar alguns elementos importantes para conter a ociosidade «pós-guerra» que se instala entre os nobres.
Como, então «educar» essa nova leva de nobres carentes de moral e vigor físico?. In Graziela Skonieczny.
Continua.
Cortesia de Projecto Chrono/JDACT