Cortesia de IGESPAR
O Castelo de Elvas, erguido na zona lindeira, no alto de um monte em posição dominante sobre a povoação e o rio Guadiana, integra um impressionante conjunto defensivo erguido ao longo dos séculos. Na Idade Média, o papel do castelo era complementar à invocação expressa no brasão de armas da cidade:
- Custodi nos domine, ut pupilam oculi (Guardai-nos, Senhor, como à pupila do olho).
Actualmente é considerado como um dos melhores exemplos da evolução histórica da arquitectura militar no país.
Foi inicialmente tomado por forças cristãs sob o comando de Geraldo Sem Pavor (c. 1166), quando da conquista de Juromenha. Retomada pelos mouros, voltou às mãos portuguesas em 1220 para novamente cair na posse dos mouros. Somente em 1226 (1228 ou 1229 segundo outros autores) caiu definitivamente em mãos portuguesas, sob o reinado de D. Sancho II, que lhe outorgou Foral (Maio de 1229) e lhe determinou a reconstrução e reforço das defesas. Alguns autores compreendem que estas obras estariam concluídas já em 1228.
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Os conflitos pela posse dessa fronteira atravessaram os reinados de:
- D. Dinis (1279-1325), que deu Carta de Foral à Vila (1231) e lhe ampliou as defesas;
- D. Fernando (1367-1383), que a dotou de uma terceira cintura de muralhas, reforçada por torres;
- D. João II (1481-1495), que determinou a reconstrução da Torre de Menagem (1488) e outros reparos, conforme a pedra de armas deste soberano sobre o portão de entrada;
- D. Manuel I (1495-1521), que elevou a vila à categoria de cidade (1513).
No conjunto, estes soberanos propiciaram à vila um notável sistema defensivo, que no início do século XVI ostentava uma tripla cintura de muralhas, vinte e duas torres, onze portas e barbacã, conforme o desenho de Duarte de Armas (Livro das Fortalezas, c. 1509). Estes dois últimos soberanos foram os responsáveis pela modernização do castelo para o sistema abaluartado, com linhas renascentistas, período em que passa a predominar a função residencial (paço dos alcaides).
Durante a Crise de 1383-1385, o alcaide de Elvas tomou o partido de D. Beatriz e de Castela. Entretanto, a população, liderada por Gil Fernandes, atacou o castelo e deteve o seu alcaide. Gil Fernandes jurou fidelidade a Portugal e a D. João I, provocando, no Verão de 1385, um cerco de 25 dias pelas forças castelhanas, ao qual a vila resistiu invicta.
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Já o mesmo não conseguiu fazer no contexto da Crise de sucessão de 1580, quando o seu alcaide passou-se para o lado espanhol.
O castelo medieval ergue-se na cota mais elevada do terreno, a 320 metros acima do nível do mar. Em seu conjunto apresenta elementos dos variados períodos construtivos, que, no início da Idade Moderna, encontrava-se composto por três cortinas defensivas, conservando as duas mais antigas importantes estruturas do período muçulmano.
Na linha de defesa externa, mais recente, datando do reinado de D. Fernando, reforçada por 22 torreões e por uma barbacã, abriam-se originalmente 11 portas, reduzidas a 3 pelas reformas do século XVII (respectivamente a de Évora, a de Olivença e a de São Vicente). Esta defesa foi parcialmente absorvida pela expansão urbana.
A linha intermediária de defesa também foi comprometida por essa expansão. Os seus muros eram rasgados por 4 portas:
- a Ferrada,
- a Porta Nova ou da Encarnação,
- a de Santiago,
- a do Bispo.
A linha de defesa interna ergue-se na cota mais elevada do terreno, a nordeste, tendo chegado até nós 2 das suas antigas portas: a da Alcáçova e a do Miradeiro. É constituída pelo castelo do reinado de D. Sancho II, remodelado por D. Dinis e reforçado por D. João II e por D. Manuel I, apresentando planta quadrangular.
Ladeado por 2 torres quadrangulares, a mais alta correspondendo à de menagem, o Portão de Armas é protegido por um balcão sustentado por mísulas, onde se exibe o brasão de armas de D. João II. .
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«Implantado numa zona raiana, vocacionada desde sempre, para a defesa e protecção do reino, o Castelo de Elvas data do reinado de D. Sancho II, embora sofresse ampliações importantes no reinado seguinte. Assenta sobre uma estrutura muçulmana, da qual ainda se conservam duas cinturas de muralhas. Tomada a cidade aos mouros, sucessivamente em 1166 e 1220, e só defintivamente em 1226, o castelo foi imediatamente reedificado e concluído em 1228.
No reinado de D. Dinis introduziram-se algumas inovações ao nível das coberturas e outros elementos de apoio, como os torreões e os matacães. Nos séculos seguintes, D. João II e D. Manuel I adaptaram o castelo rumo a um novo sistema abaluartado, de gosto renascentista, ao mesmo tempo que todo o conjunto foi assumindo um carácter mais residencial, a cargo dos alcaides da cidade. Sobrepujando as portas de entrada deparamos com a pedra de armas de D. João II, datando essa campanha construtiva. Foi esta dupla função castelo/residência que melhor caracterizou o conjunto até à grande reforma militar de meados do século XVII, época em que o Castelo de Elvas passará a ser um dos mais notáveis conjuntos abaluartados da Europa, devido à premência da defesa em pleno ciclo de guerras de fronteira (1641-1668). A obra de fortificação coube ao engenheiro Padre Cosmander e a outros mestres, para o efeito chamados à corte portuguesa por D. João IV e D. Afonso VI. Destaca-se, desta campanha, o complexo sistema de muralhas, revelins, fossos, bem como duas fortalezas secundárias, as de Santa Luzia e da Graça.
Cortesia de wikipedia
Apesar das grandes transformações sofridas ao longo da História, o Castelo de Elvas mantém a sua estrutura militar medieval e é reconhecidamente um dos mais importantes casos de sobreposição de funções e de evolução das concepções estratégico-militares ao longo da História portuguesa».In IGESPAR, PAF .
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