sexta-feira, 18 de março de 2011

Navegações Portuguesas: Parte XVII. Aleixo da Mota. «O conhecimento que ele foi acumulando sobre a navegação de e para o Oriente foi passado a escrito num roteiro de sua autoria. Deste texto é conhecida uma cópia, nos Reservados da Biblioteca Nacional, em letra do século XVII»

(?-1630)
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Cortesia de wikipedia  

Aleixo da Mota
«Um piloto dos finais do século XVI, princípios do XVII, é um caso paradigmático da formação dos homens que conduziam os navios portugueses, nas diferentes carreiras, naquela época. Em 1586 iniciou a sua carreira naval como simples soldado nas armadas das Ilhas. Em seguida tornou‑se marinheiro, tendo feito duas viagens na Carreira da Índia. Nesta mesma carreira ascendeu a sota‑piloto, tendo participado em 3 viagens com estas atribuições. No Oriente foi piloto de uma galeaça. Mais tarde conseguiu ser piloto da Carreira da Índia.
Morre em 1630, tendo passado 44 anos como marinheiro, no sentido lato deste termo.
Mais de um século depois de ter sido iniciada a ligação regular com o Oriente ainda surgiam muitas dúvidas sobre a melhor forma de rentabilizar e tornar mais seguras as viagens. Assim, em 1615 foi convocada pelo vice‑rei uma junta de pilotos para se pronunciar sobre qual a melhor época para largada da Índia e qual o melhor percurso a ser seguido. Desta junta fazia parte o piloto Aleixo da Mota, certamente por ser um dos mais experientes da Carreira da Índia.


Cortesia de wikipedia 
O conhecimento que ele foi acumulando sobre a navegação de e para o Oriente foi passado a escrito num roteiro de sua autoria. Deste texto é conhecida uma cópia, nos Reservados da Biblioteca Nacional, em letra do século XVII. Este manuscrito foi transcrito por Gabriel Pereira no seu texto Roteiros Portugueses da Viagem de Lisboa à Índia nos Séculos XVI e XVII publicado em 1898, por ocasião das comemorações do 4º Centenário da viagem de Vasco da Gama. A referida cópia está incompleta pois não apresenta as ilustrações que Aleixo da Mota incluiu no seu texto para que os pilotos que pela primeira vez praticassem um determinado local o conseguissem identificar.

Algumas partes do roteiro de Aleixo da Mota foram transcritas por Manuel Pimentel na Arte Prática de Navegação. Além da difusão que o texto teria tido a nível nacional são conhecidas duas traduções do mesmo para francês. Em 1663 o texto de Aleixo da Mota foi incluído numa relação de viagens organizada por Jacques Langlois, sendo a outra tradução conhecida datada de 1696 da autoria de Melchisedec Thevenot, fazendo parte de uma obra intitulada Relations de divers voyages curieux... Também é conhecida uma referência ao roteiro na obra Apuntes para una biblioteca cientifica española del siglo XVI. Recordemos que na época em que o texto foi redigido, início do século XVII o monarca de Portugal era também o de Espanha.

Cortesia de cvcinstitutocamoes 
Barbosa Machado, na sua Biblioteca Lusitana, afirma que Aleixo da Mota seria um dos melhores pilotos da Carreira da Índia adquirindo uma enorme experiência nas diversas viagens que realizou. O seu roteiro espelha bem o conhecimento que ele tinha relativo à navegação da Carreira da Índia. Ele dedica capítulos às diferentes situações que poderiam ser encontradas pelos pilotos.
No Índico a navegação é condicionada essencialmente pelo fenómeno sazonal das monções, indicando as melhores alternativas para a viagem de ida ou de regresso em função do momento em que determinados pontos da viagem eram atingidos. O seu texto baseia‑se certamente na sua larga experiência pessoal, mas certamente também em informações recolhidas junto de outros pilotos igualmente experientes». In António Costa Canas, Instituto Camões.

Cortesia do Instituto Camões/JDACT