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Escadório das Três Virtudes.
«O Escadório das Virtudes, que são as Virtudes Teólogas e não as Cardeais, que aqui não figuram, reforçando desta feita o alcance católico do programa, executado já no tempo do arcebispo D. Gaspar de Bragança, na segunda metade do século XVIII, acrescentado portanto ao Escadório dos Sentidos, e já da provável traça de Carlos Amarante. O esquema geral é idêntico ao anterior, uma imagem central ladeada por outras duas, pese embora as fontes encontrarem-se instaladas em grandes nichos, no meio do espaldar das escadas. As figuras complementares são, neste caso, alegóricas e não remetem para a Bíblia ou para a mitologia. A fonte comporta um símbolo relativo à virtude teóloga correspondente.
Nota: As virtudes mais excelentes são as virtudes teólogas, Fé, Esperança e Caridade, que se referem directamente a Deus; mas também são importantes as virtudes morais, que aperfeiçoam o comportamento do individuo nos meios que conduzem a Deus. Se pensamos no modo de adquiri-las, umas são virtudes naturais ou adquiridas, pois são conseguidas com as forças da natureza; outras, sobrenaturais, se são concedidas por Deus, de modo gratuito. As virtudes teólogas sempre são sobrenaturais ou infusas; mas as virtudes morais podem ser adquiridas ou infundidas por Deus.
- O ser humano pode realizar actos bons com as forças naturais, adquirindo virtudes. Por exemplo: a sinceridade, a laboriosidade, a discrição, a lealdade...
As principais virtudes morais, chamadas também cardeais, porque são o ponto de apoio das demais virtudes são:
- a prudência,
- a justiça,
- a fortaleza,
- a temperança.
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A prudência é a virtude que dispõe a razão prática para discernir, em toda as circunstâncias o nosso verdadeiro bem, escolhendo os meios justos para realiza-lo.
A justiça é a virtude que nos inclina a dar a Deus e ao próximo o que lhes é devido, tanto individual como socialmente.
A fortaleza é a virtude que no meio das dificuldades assegura a firmeza e a constância para praticar o bem.
A temperança é a virtude que refreia o apetite dos prazeres sensíveis e impõe a moderação no uso dos bens criados.
Benignidade, Fonte: Coração, CARIDADE. Paz
Confidência, Fonte: Arca, ESPERANÇA. Glória
Docilidade, Fonte: Cruz, FÉ. Confissão
1ª Fonte das Virtudes: A Fé
Símbolos: Cruz
A fé geralmente é associada a experiências pessoais e pode ser transmitida a outros através de relatos. Nesse sentido é geralmente associada ao contexto religioso e a decisão de «ter fé» é unilateral, ou seja, depende da vontade exclusiva de quem quer ter fé. A bíblia, um livro religioso e considerado sagrado por muitas religiões cita bastante a fé. Nela se encontra a seguinte definição geral: «(...) a fé é acreditar em coisas que se esperam, a convicção de factos que se não vêem, independentemente daquilo que vemos, ou ouvimos».
A fonte da Fé apresenta uma cruz simples com três goteiras nas aberturas dos cravos e a inscrição: Ejus fluent aquae vivae. Joan. 7, 38. - «Correrão dele águas vivas».
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Segundo Chevalier e Gheerbrant a cruz é o terceiro dos quatro símbolos fundamentais, juntamente com o centro e o círculo e o quadrado. E estabelece uma relação entre os três outros:
- pela intersecção das duas linhas rectas que coincidem com o centro, abre o centro para o exterior;
- inscreve-se no círculo, que divide em quatro segmentos;
- engendra o quadrado e o triângulo, quando suas extremidades são ligadas por quatro linhas rectas.
A simbologia mais complexa deriva dessas singelas observações. Foram elas que deram origem à linguagem mais rica e mais universal. Como o quadrado, a cruz simboliza a terra; mas exprime dela aspectos intermediários, dinâmicos e subtis. A simbólica do quatro está ligada, em grande parte, à da cruz, principalmente ao facto de que ela designa um certo jogo de relações no interior do quatro e do quadrado. A cruz é o mais fulcral dos símbolos. Apontando para os quatro pontos cardeais, a cruz é, em primeiro lugar, a base de todos os símbolos de orientação, nos diversos níveis de existência do homem. A orientação total do homem exige um triplo acordo: a orientação do sujeito animal com relação a ele mesmo; a orientação espacial, com relação aos pontos cardeais terrestres; e, finalmente, a orientação temporal com relação aos pontos cardeais celestes. A orientação espacial articula-se sobre o eixo Este-Oeste, definido pelo nascer e pôr-do-sol. A orientação temporal articula-se sobre o eixo de rotação da Terra, ao mesmo tempo Sul-Norte e Em baixo-Em cima». In Peregrinar/Maria.
(Continua)
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