Cortesia de ecolibri
«… As portas laterais da fachada estão ladeadas por colunelos e mísulas, barrocas «suportando os balcões». A frontaria sul, igual à do norte, está tapada pelo claustro, construído, posteriormente. A frontaria lateral norte apresenta seis meias pilastras adossadas ao corpo da Sé, de cantaria, com óculos emoldurados por granito, que dão para as capelas laterais. Na cornija superior que corre ao longo do corpo da Sé, destacam-se gárgulas figurando pessoas e animais, formas decorativas medievais.
A parte superior do edifício é rematada por pináculos de pedra. A frontaria é ladeada por duas torres, como é corrente nas igrejas «salão» e se integraram na arquitectura alentejana e se mostram em três corpos separados por cornijas.
No corpo superior das torres, abrem-se os olhais com arcos redondos, onde estão os sinos e, nos outros dois corpos, três frestas encimadas por biséis renascentistas. O eirado superior das torres apresenta nos ângulos quatro pináculos, ligados por frontões recortados, com espelhos, semelhantes aos dos claustros, século XVIII, erguendo-se sobre eles o zimbório ou cúpulas octogonais com um remate em ferro forjado. No passado, estes zimbórios eram revestidos por azulejos monocromáticos que o tempo foi destruindo, dando colorido às torres que Diogo Sotto Maior descreve como «formosas», com bolas, no remate, douradas pelo pintor Flores.
Cortesia de ecolibri
Interior da Sé.
O interior da Catedral impressiona pela altura com os pilares a sustentar a abóbada, em quatro tramos, sustentados, em cada lado por cinco pilares quadrangulares. Encontramos nas naves laterais quatro pilastras de cada lado que separam e enquadram as capelas laterais. Os últimos pilares destas naves servem de apoio ao coro, assente em três arcos abatidos com capitéis laterais, servindo de mísulas, a suster os arcos.
Os pilares, elementos de construção clássica, foram aplicados como suporte de uma abóbada ogival, pilares toscanos, quadriláteros, de secção cruciforme, usados nas terras alentejanas.
Há uma harmonia entre estes possantes suportes, de sentido clássico e abóbada nervurada, ogival. A abóbada cobre as três naves, à mesma altura, próprio da planta de uma «igreja-salão», estendendo-se, numa rede de nervuras. Como se disse, este tipo de planta e de cobertura aparenta a Sé de Portalegre às «igrejas-salão», com referências às construções alemãs medievais.
Cortesia de wikipedia e olhares
As nervuras da abóbada, de tijolo rebocado, unem-se nos bocetes simples, redondos e dourados, nos cruzamentos. As abóbadas ou tectos das capelas laterais e frontais, incluindo a capela mor, são de volta redonda ou de berço, formas do Renascimento, divididas em caixotões, decorados com castelos, mascarões, florões. Coexistem, assim, dois grupos de soluções arquitectónicas, uma gótica e outra clássica, solução marcada por uma certa «ambiguidade» e, ao mesmo tempo, originalidade. Embora a estrutura arquitectónica tenha sentido arcaico, medieval, não deixa de mostrar novas concepções espaciais, fora do gótico, como já se viu, com a adopção de uma cúpula, elemento renascentista que coroa o cruzeiro, em majestade.
Imagens.
A obra de arte tem uma eficácia própria, quer como obra de arte, quer pela mensagem que ultrapassa o artista. A imaginária dos nossos templos comunica, de algum modo, a verdade da Igreja, força «espiritual» das formas. As imagens, ao longo do tempo, têm lugar específico no espaço religioso, onde se reúne a comunidade cristã. Não são objectos postos sem objectivos, mera decoração que se pode esgotar no devocionismo, mas obras de um pensamento coerente, sob ponto de vista artístico e doutrinário, embora brotando da criatividade e imaginação». In José Heitor Patrão, Catedral de Portalegre, Guia de Visitação, Edições Colibri 2000, ISBN 972-772-139-7.
NOTA: Mesmo com a «dica» do Fernando Silva, esqueci-me da viagem a Itália do Orfeão.
Obrigado Dra. Maria João. Com amizade.
Cortesia de Edições Colibri/JDACT