sábado, 6 de agosto de 2011

Barroso da Fonte. Guimarães e as Duas Caras: «Ora a história das «duas caras» tem sido mal ensinada aos vimaranenses e é urgente que novos e velhos conheçam o verdadeiro significado das «duas caras», simbolizadas na escultura que se encontra, no antigo edifício da Câmara, entre o histórico Largo da Oliveira e a praça de S. Tiago»

Cortesia de guimaraes

Introdução.
«No coração da cidade de Guimarães situa-se a «Domus Municipalis», ali bem perto da actual Colegiada de Nossa Senhora da Oliveira, onde Mumadona Dias quis construir os alicerces da Terra que viria a ser capital histórica de Portugal.

Quem. observar a beleza arquitectónica da antiga sede da Câmara, repara, imediatamente, numa escultura que se ergue, voltada para a Torre da Igreja da Oliveira e que mostra «duas caras», uma das quais localizada no umbigo, Chamam a essa escultura «O Guimarães» que por aí mostrar «duas caras», leva os observadores menos informados a “pensamentos pouco dignos”. É o fascínio da sua condição de cidade-berço.
Cortesia de guimaraes

Ora a história das «duas caras» tem sido mal ensinada aos vimaranenses e é urgente que novos e velhos conheçam o verdadeiro significado das «duas caras», simbolizadas na escultura que se encontra, no antigo edifício da Câmara, entre o histórico Largo da Oliveira e a praça de S. Tiago.
Antes de mais devemos reflectir na “gravidade” da expressão, quando usada em sentido depreciativo. A Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira diz que ter duas caras, significa não ser franco, aparentar certos sentimentos e proceder disfarçadamente de forma contrária. Antes descarado que ter duas caras...

Por outras palavras:
  • este binómio (duas caras) não se refere à cara das pessoas mas a duas frentes de combate. Aconteceu em Ceuta, em 1415, quando os Portugueses tomaram aquela Praça. D. João I chefiava a expedição. E D. Afonso (seu Filho) comandava as tropas que recrutara Entre-Douro-e-Minho, mais concretamente, em Guimarães e Barcelos.

Cortesia de guimaraes

D. Afonso distribuiu «uma frente» de combate às tropas de Guimarães e «outra frente» às tropas de Barcelos. Nessa altura, em vez de frente, era mais usada a palavra «cara» (de combate). Sucedeu que os de Guimarães cumpriram a sua missão, com eficácia. Os de Barcelos terão sido menos corajosos e, para não serem afugentados pelos mouros, precisaram do apoio das tropas de Guimarães.
D. João I terá sabido disso. E, como prémio a uns e como castigo aos outros, decretou uma «Provisão» com base na qual, os futuros moradores de Barcelos, tinham o dever de, anualmente, virem varrer as ruas e os açougues de Guimarães, na véspera de todas as (sete) festas do ano, com um pé calçado e outro descalço, com barrete vermelho na cabeça e com uma vassoura de giesta ao ombro, Esse castigo era aplicado aos nobres, normalmente os vereadores, pelo que, pouco a pouco, Barcelos se terá despovoado de nobres que se escusavam a ser vereadores para não terem de sujeitar-se à servidão». In Barroso da Fonte, Guimarães e as Duas Caras, Editora Correio do Minho, 1994, ISBN 972-95513-8-3.

(continua)
Cortesia de Guimarães/JDACT