Fotografia de Fernando J. Teixeira
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Com a devida vénia a Belmiro Jordão e Fernando José Teixeira.
«Segundo a História Seráfica (1656), essa transferência fez-se para o seu presbitério da parte da epístola, no qual à face da terra aparece só a pedra com que estava coberta, e nela se vê a sua figura com hábito, cordão e toalha sobqueixada ao modo de Terceira, e um livro aberto entre as mãos em sinal de devoção. Vê-se mais nesta pedra um buraco pelo qual com as contas e outros tais instrumentos tocavam suas relíquias, e numa tábua junto dela este dístico:
- ALFONSI CONJUX DUCIS HOC CONSTANÇA NORONHA, REGIA PROGENIES, CONDITUR IN TUMULO. Quer dizer: “D. Constança de Noronha, descendente de Reis, e mulher do Duque, Dom Afonso, jaz escondida neste tumulo”.
Nova mudança do coro ocorreu em 1630, e nessa ocasião foi transferida a sepultura para trás do presbitério da igreja, onde Craesbeeck, cem anos depois, a viu no chão. Este autor culpa um guardião do convento, que não identifica, por ter mandado tirar o túmulo da sepultura que tinha, e lajear o lugar em que estava sepultada. Para complicar ainda mais a situação, um Guardião do convento, não sabemos se o mesmo, cedeu a capela-mor da igreja para sepultura de outras pessoas que ficaram jazendo junto à duquesa.
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Em face desta situação, o Comissário da Ordem, Frei André de Guimarães, mandou ao Guardião que então servia que repusesse o túmulo no seu lugar de modo a que ficasse todo ele descoberto. Mas não foi possível - ficou descoberto apenas meio corpo, ficando o resto debaixo dos degraus. Na parte descoberta dessa sepultura ficou um buraco aberto para por ele se pudesse tirar terra, como anteriormente se tirava, e no degrau mais chegado à sepultura se pôs a inscrição acima reproduzida.
Com as obras de azulejamento da capela-mor e colocação da tribuna, perdeu-se a localização do túmulo. Contudo, pouco depois, propuseram-se os religiosos reedificar o pavimento da capela-mor da sua igreja “onde queriam colocar o corpo da venerável Senhora D. Constança de Noronha” e pediram para o efeito uma comparticipação à Câmara Municipal. Deliberou esta em sessão de 12 de Janeiro de 1744 pedir autorização a Sua Majestade para que se desse das sobras dos bens de raiz 400$000 reis aos frades de S. Francisco de esmola. Reconsideraram dois meses depois devido ao agravamento da situação financeira do município, tendo deliberado por maioria, com os votos favoráveis da Câmara e da Nobreza, que somente se lhes concedesse 200$000 reis (Arquivo Municipal de Alfredo Pimenta, Códice 1367, fls. 67 e segs.).
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Os representantes dos mesteres reagiram, e em nova reunião foi confirmada a esmola inicial de 400$000 reis. Com estas obras, perdeu-se a memória da localização da sepultura da santa duquesa.
A 10 de Fevereiro de 1882, Martins Sarmento, em carta enviada a Joaquim Possidónio Narciso da Silva refere, entre os monumentos mais importantes existentes neste concelho, um túmulo “que se encontra hoje quasi desprezado por traz do altar-mor da Egreja de S. Francisco”. Refere-se, obviamente, ao túmulo de D. Constança de Noronha. Pouco depois, em 1900, Albano Bellino aí o localiza, dizendo:
- “ao fundo da capella-mor, mesmo junto da ábside, vê-se a tampa do tumulo da Duqueza de Bragança D. Constança de Noronha, com a sua estátua jacente, criminosamente abandonada. Foi ella a piedosa senhora, fallecida em cheiro de santidade, quem mandou construir a alludida capella-mór, onde então lhe deram sepultura condigna de que actualmente nem o logar se conhece!”.
A expressão “mesmo junto da ábside” parece indicar que estaria detrás do retábulo, junto aos janelões. Aí estava anos depois, quando A. L. de Carvalho a procurou: o sacristão apenas lhe pôde mostrar a tampa da sepultura, razão que levou Luís de Pina a criticar asperamente os que «arrumaram a sua estátua jacente para trás do altar-mor, fazendo companhia aos ratos, coberta de aranhas e castiçais velhos». In Fernando José Teixeira, Agenda Franciscana, Venerável Ordem Terceira de São Francisco, Guimarães, 2007.
Cortesia de VOT de S. Francisco/JDACT