quinta-feira, 24 de novembro de 2011

BNP. Bíblia de Cervera: Um Tesouro da BNP no Metropolitan Museum of Art, Nova Iorque. «A peça central em exposição na Galeria da Europa Medieval do Metropolitan Museum of Art, Nova Iorque, até ao pf dia 16 de Janeiro de 2012»



 Cortesia da bnportugal

Bíblia de Cervera: Um Tesouro da BNP no Metropolitan Museum of Art, Nova Iorque. Notícia. «A Bíblia de Cervera (Biblioteca Nacional de Portugal, IL. 72) é a peça central em exposição na Galeria da Europa Medieval do Metropolitan Museum of Art, Nova Iorque, até ao pf dia 16 de Janeiro de 2012. O códice é uma das mais antigas e notáveis bíblias sefarditas medievais que sobreviveram às consequencias da destruição de grande parte das comunidades judaicas de Castela e Aragão, a partir de 1391, e da expulsão dos judeus de Espanha, em 1492, e de Portugal, em 1498.


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Raro exemplo da paleografia hebraica peninsular do seu tempo, a Bíblia de Cervera é um manuscrito sobre pergaminho em língua e caracteres hebraicos, realizada na localidade de Cervera (Lérida, Espanha) em 1299-1300. O códice é formado por 451 folios (a 2 colunas, 31 linhas) profusamente iluminado a ouro e cores com motivos de arte moçárabe e da religião judaica, compreendendo os livros do Antigo Testamento, a massorah (exame crítico do texto da Bíblia, com notas sobre a escrita, vocabulário, pronúncia e outros comentários) e um tratado gramatical por Rabi David Qimhi (1160?-1235?).. Para além da antiguidade e da excepcional qualidade técnica e artística, esta Bíblia apresenta notáveis características de identidade que lhe conferem um lugar muito especial na linhagem das bíblias sefarditas. É um dos poucos exemplos de manuscritos hebraicos datados e assinados, em que surge não só o nome do copista (Samuel Ben Abraham ibn Nathan) mas também, o que é uma rara excepção, a identidade do iluminador (Joseph Asarfati), cada um com a sua página de cólofon.

O cólofon do copista (f. 434) menciona o lugar (Cervera) e as datas de início (30 Julho de 1299) e de conclusão (19 de Maio de 1300) do seu trabalho; originalmente, incluía também a identidade do proprietário do códice, posteriormente rasurado e deixado em branco, provavelmente aquando de uma mudança de dono. Além disso, o nome do copista da massorah é também identificado (Josue ben Abraham ibn Gaon), surgindo inscrito em 20 lugares do texto massorético.


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Estas características relacionam o manuscrito de Cervera com outros importantes manuscritos hebraicos, como a Bíblia de Paris (BNF, Paris, ms. Hébr. 20, executada em Tudela, Espanha, em 1301), cuja massorah foi escrita pelo mesmo copista (ibn Gaon), e, sobretudo, com a famosa Bíblia Kennicott (Bodleian Library, Oxford,  Ms. Kenn. 1, executada em La Coruna, Espanha, em 1476) para a qual a Bíblia de Cervera serviu de modelo directo.
Elaborada a uma distancia de 176 anos, a Bíblia Kennicott evidencia um paralelo inequívoco com a de Cervera, tanto no estilo como na iconografia, incluindo aspectos mais raros nas bíblias congéneres do seu tempo, como a página de cólofon do artista iluminador, com o nome inscrito em grandes letras zoomórficas e antropomórficas, que existe em ambos os códices. Na Exposição do Metropolitan, as páginas da Bíblia de Cervera serão viradas a cada semana, dando assim oportunidade a que os visitantes possam ver várias das suas belíssimas ilustrações.


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As imagens mostradas nesta página correspondem aos fólios que vão ser exibidos». In Biblioteca Nacional de Portugal, Lisboa, Novembro de 2011.

Cortesia da Biblioteca Nacional de Portugal