Cortesia de ambar
As novas tecnologias da informação
«Encontramo-nos à porta do Inferno ou na antecâmara do Paraíso? Dizem-se tantas coisas sobre as famosas «Novas Tecnologias da Informação» - que vão transformar o mundo, revolucionar o nosso estilo de vida... Algumas pessoas consideram-nas como uma bênção, outras como uma maldição. De qualquer modo, elas invadiram, ou começaram a invadir, as nossas vidas: telemóveis, internet, pacotes de canais televisivos por cabo ou satélite, sistemas electrónicos de localização espacial (GPS), etc. Elas estão omnipresentes, independentemente da nossa vontade. Comprova-o o dilúvio de publicidades de que somos as vítimas mais ou menos permissivas.
Além disso, está em vias de se constituir uma rede capaz de efectuar a interconexão entre todos estes universos: satélites, cabos, fibras ópticas, ondas rádio, etc. Quase todo o planeta está coberto por uma autêntica rede de irrigação capilar destinada a transportar a informação de qualquer ponto do globo para outro.
Uma rede destas pode tornar-se um perigoso instrumento de controlo; mesmo que não seja posta ao serviço do terror repressivo de um governo totalitário, ainda assim pode representar um verdadeiro perigo para as liberdades individuais. Este perigo é suficientemente real para que a França tenha instaurado uma comissão encarregue de vigiar a utilização e a interconexão dos ficheiros informáticos, a denominada «Comissão Informática e das Liberdades»,. Porém, conhecemos os limites da eficácia deste tipo de instituições quando os actores e as paradas em jogo são transnacionais. Quais os riscos de eventuais derivas? Ficaremos todos prisioneiros das malhas da rede? Haverá alguma maneira de se esgueirar através delas?
Cortesia de aldeiagaulesa
A desresponsabilização é outro dos perigos que este instrumentalismo pode representar. Estes sistemas podem gerir e decidir tudo, inundar toda uma população de informações verdadeiras ou farsas, população que, abandonando o seu livre-arbítrio, deixa de reflectir e age como um verdadeiro «autómato», tal como já pressagiava a publicidade de uma agência funerária norte-americana há alguns anos atrás: «Morrei; nós tratamos do resto!».
Estas máquinas pensam por nós, divertem-nos no sentido original do termo, isto é, desviam-nos da nossa verdadeira personalidade, recompensando-nos, quando caminhamos no sentido da norma que definiram e castigando-nos, quando a infringimos; em suma, embrutecem-nos.
Estas considerações são algo exageradas? Estaremos já tão longe? E, graças ou devido a estas tecnologias, o mundo de amanhã será o inferno, o paraíso, ou o purgatório? E difícil prever o seu impacto real a longo prazo. No entanto, sem correr grandes riscos, podemos anunciar a chegada dos cibermundos. Na realidade, eles já nos mostram a ponta do nariz!
Cortesia de recreartic
Cibermundos
A raiz ciber vem do grego kubernaô, que significa governar (daí derivam termos como gouvernail (leme), governo, etc.).
A palavra cibernética surgiu, no domínio científico e técnico, em 1939, graças ao título de um livro de Norbert Wiener do mesmo nome, mas com um subtítulo mais explícito: «Teoria geral do comando e da comunicação no animal e na máquina».
Por extensão, o termo passou a designar qualquer sistema mecânico simulando os comportamentos complexos dos seres vivos: robôs (ou ciborgues, como lhes chamaram certos autores de ficção científica), programas informáticos «inteligentes», capazes, por exemplo, de auto-aprendizagem ou de adaptação, etc.
Neste contexto, e mais recentemente, surgiu o termo ciberespaço, da autoria do escritor de ficção científica William Gibson e, posteriormente acrescentaram-se-lhe uma série de termos derivados: cibermundos, ciber-sociedade, ciber-economia e, até, cibercafés! Desta feita a raiz ciber refere-se a universos virtuais, que principiaram, por serem concebidos pelo homem, mas que ultimamente são gerados por máquinas, evoluindo com ou sem interacção com os humanos». In Vahé Zartarian e Emile Noël, Cibermundos, Ambar 2002, ISBN 972-43-0505-8.
Cortesia de Ambar/JDACT