quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Cibermundos. Que Futuro. «Porém, conhecemos os limites da eficácia deste tipo de instituições quando os actores e as paradas em jogo são transnacionais. Quais os riscos de eventuais derivas? Ficaremos todos prisioneiros das malhas da rede? Haverá alguma maneira de se esgueirar através delas?»

Cortesia de ambar

As novas tecnologias da informação
«Encontramo-nos à porta do Inferno ou na antecâmara do Paraíso? Dizem-se tantas coisas sobre as famosas «Novas Tecnologias da Informação» - que vão transformar o mundo, revolucionar o nosso estilo de vida... Algumas pessoas consideram-nas como uma bênção, outras como uma maldição. De qualquer modo, elas invadiram, ou começaram a invadir, as nossas vidas: telemóveis, internet, pacotes de canais televisivos por cabo ou satélite, sistemas electrónicos de localização espacial (GPS), etc. Elas estão omnipresentes, independentemente da nossa vontade. Comprova-o o dilúvio de publicidades de que somos as vítimas mais ou menos permissivas.
Além disso, está em vias de se constituir uma rede capaz de efectuar a interconexão entre todos estes universos: satélites, cabos, fibras ópticas, ondas rádio, etc. Quase todo o planeta está coberto por uma autêntica rede de irrigação capilar destinada a transportar a informação de qualquer ponto do globo para outro.
Uma rede destas pode tornar-se um perigoso instrumento de controlo; mesmo que não seja posta ao serviço do terror repressivo de um governo totalitário, ainda assim pode representar um verdadeiro perigo para as liberdades individuais. Este perigo é suficientemente real para que a França tenha instaurado uma comissão encarregue de vigiar a utilização e a interconexão dos ficheiros informáticos, a denominada «Comissão Informática e das Liberdades»,. Porém, conhecemos os limites da eficácia deste tipo de instituições quando os actores e as paradas em jogo são transnacionais. Quais os riscos de eventuais derivas? Ficaremos todos prisioneiros das malhas da rede? Haverá alguma maneira de se esgueirar através delas?

Cortesia de aldeiagaulesa

A desresponsabilização é outro dos perigos que este instrumentalismo pode representar. Estes sistemas podem gerir e decidir tudo, inundar toda uma população de informações verdadeiras ou farsas, população que, abandonando o seu livre-arbítrio, deixa de reflectir e age como um verdadeiro «autómato», tal como já pressagiava a publicidade de uma agência funerária norte-americana há alguns anos atrás: «Morrei; nós tratamos do resto!».
Estas máquinas pensam por nós, divertem-nos no sentido original do termo, isto é, desviam-nos da nossa verdadeira personalidade, recompensando-nos, quando caminhamos no sentido da norma que definiram e castigando-nos, quando a infringimos; em suma, embrutecem-nos.
Estas considerações são algo exageradas? Estaremos já tão longe? E, graças ou devido a estas tecnologias, o mundo de amanhã será o inferno, o paraíso, ou o purgatório? E difícil prever o seu impacto real a longo prazo. No entanto, sem correr grandes riscos, podemos anunciar a chegada dos cibermundos. Na realidade, eles já nos mostram a ponta do nariz!

Cortesia de recreartic

Cibermundos
A raiz ciber vem do grego kubernaô, que significa governar (daí derivam termos como gouvernail (leme), governo, etc.).
A palavra cibernética surgiu, no domínio científico e técnico, em 1939, graças ao título de um livro de Norbert Wiener do mesmo nome, mas com um subtítulo mais explícito: «Teoria geral do comando e da comunicação no animal e na máquina».
Por extensão, o termo passou a designar qualquer sistema mecânico simulando os comportamentos complexos dos seres vivos: robôs (ou ciborgues, como lhes chamaram certos autores de ficção científica), programas informáticos «inteligentes», capazes, por exemplo, de auto-aprendizagem ou de adaptação, etc.
Neste contexto, e mais recentemente, surgiu o termo ciberespaço, da autoria do escritor de ficção científica William Gibson e, posteriormente acrescentaram-se-lhe uma série de termos derivados: cibermundos, ciber-sociedade, ciber-economia e, até, cibercafés! Desta feita a raiz ciber refere-se a universos virtuais, que principiaram, por serem concebidos pelo homem, mas que ultimamente são gerados por máquinas, evoluindo com ou sem interacção com os humanos». In Vahé Zartarian e Emile Noël, Cibermundos, Ambar 2002, ISBN 972-43-0505-8.

Cortesia de Ambar/JDACT