domingo, 20 de novembro de 2011

A Fortaleza de Nisa. Alto Alentejo. «A exacta localização do burgo de então não seria a actual, já que as contendas entre D. Dinis e seu irmão, D. Afonso Sanches, senhor da vizinha Castelo de Vide, que aí tiveram palco, terão levado à transferência do município para terrenos a uma certa distância da sua implantação original, na década de noventa do século XIII»

Cortesia de naturtejo

«Nisa sucedeu, em fins do século XIII, a chamada Nisa-a-Velha, a Nordeste da actual, sobre a elevação onde actualmente se ergue a Capela de Nossa Senhora da Graça, e cuja primitiva ocupação humana remonta a povos pré-romanos.
Em Nisa-a-Velha existiu um antigo castelo, presumivelmente remontando à época da Reconquista cristã da península Ibérica, quando a povoação recebeu Carta de Foral em alguma data anterior a 1232, uma vez que neste ano, D. Sancho II (1223-1248), ao conceder foral à vila do Crato refere: "Damus vobis populatoribus tam presentibus quan futuris foros et costumes de Nisa".

Quando da sucessão de D. Afonso III (1248-1279), contestando D. Afonso Sanches os títulos de seu irmão mais velho, D. Dinis (1279-1325), iniciou o reforço das fortificações de seus domínios no Castelo de Vide (1280), contra a vontade do soberano. D. Afonso insistiu, requisitando o auxílio das gentes das vilas da região, entre as quais as de Nisa, que se escusaram, acatando a vontade de D. Dinis. Como retaliação, as forças de D. Afonso invadiram a vila que se recusava a apoiá-lo, incendiando e saqueando as casas, arrasando o castelo e matando muitos habitantes. Durante a crise de 1383-1385, a vila e seu castelo foram das primeiras a apoiar o partido do Mestre de Avis, razão pela qual o soberano lhe outorgou o título de Notável. No início do século XVI, sob o reinado de D. Manuel I (1495-1521), o seu conjunto defensivo encontra-se descrito minuciosamente num termo referente aos bens da Comenda de Nisa, datado de 1505, sensivelmente o mesmo retratado por Duarte de Armas (Livro das Fortalezas, c. 1509). Neste período, a vila recebeu o Foral Novo passado pelo soberano (1512), actualmente no arquivo da Câmara Municipal» In Wikipedia.



jdact

«As terras onde se ergue a actual vila de Nisa terão sido habitadas já em épocas pré-romanas, sendo que dessa presença romana no local restam ainda alguns vestígios importantes. O primeiro foral de Nisa foi outorgado entre 1229 e 1232, por Frei Estêvão de Belmonte, Mestre da Ordem do Templo, a quem pertenciam os terrenos que incluíam a povoação (então integrada na grande Herdade da Açafa), por doação de D. Sancho I. Não existindo já este documento, comprova-se a existência deste antigo foral através da referência que lhe é feita no idêntico foral da Vila do Crato (este de 1232). No entanto, a exacta localização do burgo de então não seria a actual, já que as contendas entre D. Dinis e seu irmão, D. Afonso Sanches, senhor da vizinha Castelo de Vide, que aí tiveram palco, terão levado à transferência do município para terrenos a uma certa distância da sua implantação original, na década de noventa do século XIII. A reconstrução da vila principiou de imediato, ordenada pelo monarca, e dirigida pelo mestra da Ordem do Templo, D. Frei Lourenço Martins, e constando de um forte castelo com seis torres e portas, lançado entre 1290 e 1296. As muralhas estavam ainda em construção em 1343, no reinado de D. Afonso IV.

A situação fronteiriça de Nisa determinaria sempre largos investimentos nas suas fortificações, bem como um papel fundamental na defesa da independência do território, que receberia de D. João I o título de " Mui Notável" vila. Em 1512 D. Manuel I atribuiu-lhe novo foral, na mesma altura em que intervinha na remodelação de algumas estruturas, conforme lápide coeva colocada junto da Porta da Vila. Em 1646, Nisa é elevada à Categoria de Marquesado, título outorgado ao 5º Conde da Vidigueira, D. Vasco Luís da Gama. No mesmo ano, em plena Guerra da Restauração, o castelo é reforçado com uma segunda cinta defensiva, e outros acrescentos menores, como aconteceu em várias outras fortificações na época. Mas a derrocada do castelo deve-se em grande parte às escaramuças da Guerra da Sucessão de Espanha, na qual Portuga participava (entre 1703 e 1713), sendo que logo em 1704, durante a primeira campanha, foi ocupado por tropas franco-espanholas. A destruição continuou no século XIX, quando foram arrasados os paramentos seiscentistas, e embelezado o conjunto com merlões e outros elementos anacrónicos.

Cortesia de cantodaterra

Restam hoje duas torres, alguns panos de muralha, e duas portas ainda de finais do século XIII, a da Vila e a de Montalvão, assim denominada por estar voltada para a vizinha povoação do mesmo nome. A Porta da Vila tem sofrido várias modificações. Tem arco apontado assente sobre impostas quadradas, e é flanqueada por duas meias-torres, de planta rectangular, com ameias. Sobre a pedra de fecho do arco, voltada para o exterior, estão dois escudos apontados, um deles o escudo de Portugal com as cinco quinas, as laterais ainda deitadas (anterior à reforma de 1485), sendo o outro de heráldica municipal. Em 1646 foi aí acrescentada uma lápide evocativa da decisão tomada nas cortes de Lisboa desse mesmo ano, quando o rei D. João IV tomou oficialmente Nossa Senhora da Conceição por padroeira do Reino. A colocação desta lápide, encimada por um nicho com a estátua da Virgem, seguia-se a idêntico acto nas portas da capital. A lápide e a imagem, bem como uma outra lápide manuelina, foram retiradas em 1945, quando se pretendeu restituir a porta à sua traça original. Apesar disso, conservam-se ainda dois escudos quinhentistas no pano de muralha anexo à porta. Adossada a uma das torres fica a Torre do Relógio, de construção posterior; também a Torre da Igreja Matriz sobressai junto desta porta. A Porta de Montalvão abre-se em arco abatido, sem impostas nem pilares, e junto a ela encosta-se o edifício da Cadeia Nova. Para além deste edifício, a muralha liga-se a uma torre, de configuração idêntica às anteriores, quase intacta, conservando ainda uma lápide quinhentista, com a cruz da Ordem de Cristo e duas representações das cinco quinas». In IGESPAR, SML.

Cortesia de Wikipedia e IGESPAR/JDACT