sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Lília da Fonseca. Poemas da Hora Presente. «Espreitei por toda a parte por onde o sonho cruza: lagoas mortas e pávidos caminhos...»


Cortesia de bmfunchal e flavors

Incêndio ao Vento
Onde dorme aquela dor que eu pensei intrusa
e suspeitei provir de um grito sem palavras?
Espreitei por toda a parte
por onde o sonho cruza:
lagoas mortas
e pávidos caminhos...

Lagoas mortas
e pávidos caminhos!
Como podeis gritar se sois irmãos da inércia!

Dentro de mim
só dentro de mim
eu encontrei a vida que dá gritos,
que se estorce em dor e se revela em chamas,
e num clarão, como um archote,
caminha...

Caminha...
Caminha convosco!


Bandeira Branca
Java, Borneo, Coreia, Indochina,
não há mares que nos separem...
na ponta das vossas lanças há um grito!

E esse grito
floresce nos nossos olhos,
baila no nosso peito
e como bandeira branca
palpita nas nossas mãos...

Java, Borneo, Coreia, Indochina,
a que distância estais vós?
Tão perto
que uma linguagem nos basta:
a de uma bandeira branca...
Poemas de Lília da Fonseca, in «Poemas da hora presente»