Descontinuidade de Moho
Cortesia de science
A Mãe Terra
«A Terra, quando se formou há cerca de cinco mil milhões de anos, consistia principalmente em gases muito quentes que, com o passar dos tempos, arrefeceram e tornaram-se mais densos. Tanto quanto se sabe, a Terra é o único grão de matéria no cosmos que tem atmosfera compatível com a vida e que, quando não poluída, é um prazer para a respiração.
Se nos fosse possível cortar a Terra ao meio como a uma maçã, descobriríamos um “núcleo” interior esférico de ferro sólido e algum níquel (20% do raio da Terra), envolto numa camada de ferro e níquel derretidos (35% do raio da Terra). À volta deste centro metálico existe o “manto” (45% do raio da Terra), que é composto por rochas derretidas e viscosas como melaço, mas denso e razoavelmente rígido no interior, a “astenosfera”, uma camada mais plástica, e a “litosfera” a camada externa dura de 100 km de espessura. Cobrindo a litosfera encontra-se a crosta terrestre, com uma espessura média de 30 km sob os continentes e de apenas 5 km de espessura sob os oceanos. O espaço entre a crosta e o manto, “a descontinuidade de Moho”, - deve o seu nome ao sismólogo jugoslavo Andrija Mohorovicic, que o descobriu ao estudar o percurso das ondas sísmicas.
Estrutura da Terra
Cortesia de science
Placas tectónicas ou de onde vêm os tremores de terra
À medida que a Terra foi arrefecendo, a litosfera foi-se fracturando como a casca de um ovo e dividiu-se em sete ilhas flutuantes grandes e doze pequenas com extremidades irregulares e rugosas: “as placas tectónicas”, que estão em constante movimento sobre a superfície do manto viscoso, friccionando-se e empurrando-se umas às outras, tentando mesmo, em alguns casos, «cavalgar-se». Na sua maioria, os tremores de terra têm origem ao longo das margens rugosas das placas que, em alguns casos, formam a linha costeira dos continentes.
Placas tectónicas
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Há mais de 2000 anos o geógrafo, historiador e filósofo grego Estrabão observou, pela primeitavez, que as regiões sísmicas activas se situam ao longo das zonas costeiras, então chamadas «anéis de fogo», provavelmente porque os tremores de terra eram atribuídos à actividade vulcânica. Geólogos e sismólogos identificaram, recentemente, duas faixas primárias de actividade sísmica:
- a cintura “circumpacífica”, que contorna a costa do oceano Pacífico,
- a cintura “alpina”, ao longo da margem sul da placa eurasiática, que, sulcando o oceano Atlântico, cruza o mar Mediterrâneo e entra pela Asia.
Como o antigo mundo ocidental se centrava na região mediterrânica ao longo da cintura alpina, torna-se fácil compreender a razão por que os filósofos gregos procuraram explicar a origem dos tremores de terra.
Os anéis de fogo
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As placas tectónicas que se movem sobre o manto, ao longo umas das outras, em média 50 mm por ano, são impelidas por “correntes de convecção”, que consistem na movimentação ascendente de partículas aquecidas através do manto provenientes da camada derretida.
Quando uma placa é empurrada contra outra, tenta, e por vezes consegue, deslizar ao longo dela, mergulhar por debaixo dela, ou uma das placas (geralmente uma placa continental) tenta cavalgar sobre a outra (geralmente uma placa oceânica). Estas três hipóteses ocorrem em “zonas de convergência ou de subducção de placas”, regiões onde erupções vulcânicas e tremores de terra têm lugar com mais frequência. Nas extremidades tectónicas onde as placas têm mais tendência para se separar, especialmente ao longo de “falhas” e elevações no meio dos oceanos, há magma incandescente que sobe desde o manto para ocupar o vazio deixado pelo afastamento das placas e arrefece rapidamente ao entrar em contacto com a água fria do mar, o que também causa fissuras nesta nova matéria crostosa de “basalto”.
Correntes de convecção
Movimento das placas
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Deste modo, está constantemente a ser adicionada nova matéria à crosta, para substituir aquela que retorna ao manto, e é novamente fundida ao longo das margens de zonas de subducção. O constante movimento das placas tectónicas é contrariado ao longo dos seus limites convergentes pela fricção entre as suas margens rugosas, como dois tijolos de superfícies ásperas resistem a deslizar quando friccionados. Por fim este fenómeno conduz a uma acumulação de tensão ao longo da extremidade, até que esta atinge um nível suficiente para vencer a resistência à fricção das placas, causando um súbito deslizamento lateral entre elas.
Zona de sudducção
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É então que ocorre um tremor de terra. Como a teoria das placas tectónicas tem apenas pouco mais de 40 anos, esta abordagem tão clara é recente, mas também um retumbante triunfo da sismologia de que nos podemos orgulhar». In Matthys Levy e Mario Salvadori, Porque Treme a Terra, Editorial Notícias, 2001, ISBN 972-46-0964-2
Cortesia de Editorial Notícias/Science/JDACT