Cortesia de triplov
Eu
Eu sou a que no mundo anda perdida,
eu sou a que na vida não tem norte,
sou a irmã do Sonho, e desta sorte
sou a crucificada... A dolorida...
Sombra de névoa ténue e esvaecida,
e que o destino amargo, triste e forte,
impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!
Sou aquela que passa e ninguém vê...
Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber porquê...
Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
alguém que veio ao mundo pra me ver
e que nunca na vida me encontrou!
Soneto de Florbela Espanca, in 'Sonetos, Livro de Mágoas, 1919'
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