Paio Pais e Elvira Lopes, devidamente autorizados pelos seus pais, vendem a Cavaleiro e Maria Pires, sua esposa, […]. Carolina tardia; tem manchas de água…
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«No decurso da investigação destinada ao estudo sobre a arquidiocese de Braga no século XV, houve a oportunidade de compulsar a documentação do arquivo da Confraria de S. João do Souto, da cidade de Braga, onde se recolheu alguns elementos úteis.
Embora se tratasse de um ignorado arquivo particular, logo se vincou a noção da sua importância, não tanto pelo considerável volume documental que o integra, como, principalmente, por fornecer preciosas informações para a história da paroquia e Confraria de S. João do Souto, bem como da própria cidade de Braga, desde o último quartel do século XII até à actualidade.
O facto é tanto mais de realçar quanto é bem conhecida a degradação, e até completa destruição, dos arquivos de instituições, sobretudo no tocante ao período medieval, situação em muitos casos mais que centenária, como decorre do relatório da visita efectuada a numerosos cartórios do reino, nos finais do século XVIII, pelo insigne mestre de “Diplomática Portuguesa”, João Pedro Ribeiro.
Pretendemos salientar que a conservação deste arquivo, apesar das lacunas detectadas, se pode considerar exemplar e constitui um dos grandes méritos da Confraria, em especial quanto ao núcleo de pergaminhos. Com efeito, embora já em 1652 o seu conteúdo fosse desconhecido, inclusive por parte dos confrades mais cultos, por absoluta ignorância das mais elementares noções de paleografia.
Este fundo arquivístico, constituído por dois núcleos documentais bem distintos, um integrado por setenta e três pergaminhos, relativos ao período compreendido entre 1186 e 1545, e outro composto por numerosos códices cartáceos e papéis avulsos, carece de um correcto tratamento arquivístico, pois a tentativa realizada em 1968, à margem de qualquer critério científico válido, é absolutamente anárquica.
Dado o mau estado de conservação em que muitos se encontram, atingidos inclusive, pela implacável acção corrosiva do ‘cancro’. Tal circunstância, associada à dificuldade de leitura, motivada pelo referido mau estado de conservação, levou-nos a pensar na sua transcrição integral ou parcial, como única forma eficaz de salvaguardar para a posteridade esta parcela do nosso património histórico-cultural.
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Os primórdios da paróquia de S. João do Souto estão intimamente ligados às iniciativas de Pedro Ourives e sua esposa, Elvina Mides, com frequência evocados na documentação bracarense do século XII, de que chamaremos à colação apenas as “cartas mais expressivas.
A primeira notícia a este abastado casal bracarense data de 29 de Janeiro de 1123, a propósito da compra de umas leiras, sitas em Arcos, no sopé do monte Penagate e junto do rio Este, pelas quais deram seis moios a Ausenda Guterres e seus três filhos. Anos depois, movidos pela caridade cristã, instituíram em casas suas e a expensas próprias um hospital destinado aos pobres e ofereceram-no ao arcebispo e cabido bracarenses, que, por sua vez, em 19 de Julho de 1145, o doaram à “Ordem do Hospital de S. João de Jerusalém” de que Paio era solícito ‘procurador’.
Não dispormos de indicações acerca da data exacta da fundação deste hospital, mas o facto de o prelado lhe conceder também todos os privilégios outorgados pelos seus antecessores e pela rainha Teresa obriga a situá-la antes de 1128. Esta doação ser-lhe-ia confirmada por João Peculiar e pelo cabido de Braga, em 9 de Fevereiro de 1150». In José Marques, Os Pergaminhos da Confraria de S. João do Souto da cidade de Braga (1186-1545), revista Bracara Augusta, vol. XXXVI, números 81 e 82, Braga, 1982.
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