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Foram reunidas todas as condições para que o Centro Rómulo
de Carvalho fosse inaugurado no passado ano lectivo de 2006-2007, atendendo a
que em 2006 fez, precisamente, 100 anos que nasceu Rómulo de Carvalho.
Olhando para o Passado. Os primeiros passos
«Propõe-se
um Centro Ciência Viva a funcionar na Universidade de Coimbra (UC) com
característica de centro de recursos para o ensino e aprendizagem das ciências
e a difusão da cultura científica. Incluiria, mediante celebração de
protocolos, a actual Biblioteca Rómulo de Carvalho, do Departamento de Física
daquela Universidade, e o portal “Mocho” de ensino das ciências e cultura
científica, actualmente gerido pelo Centro de Física Computacional. O Centro
Rómulo de Carvalho daria apoio, como moderno centro de recursos e numa base
essencialmente virtual, a toda a rede de centros Ciência Viva do país. O
acolhimento seria na UC (já existe em Aveiro um Centro acolhido por uma
universidade) e o reconhecimento pela Agência Ciência Viva. Metade
da cobertura orçamental seria da UC e a outra metade obtido através de fundos
comunitários (medidas de desconcentração).
Os
objectivos serão contribuir para a cultura científica e tecnológica nacional,
atraindo e mantendo mais jovens para a ciência. Deve desejavelmente manter
colecções e bases de dados sobre tudo o que em Portugal se fez ou faz nesse
domínio.
Justificação do nome
Rómulo
de Carvalho (1906-1997), o professor de Ciências Físico-Químicas, para muita
gente mais conhecido por António Gedeão, o poeta de “Pedra Filosofal”, é um
símbolo inigualável da cultura científica em Portugal. Além de professor de
ciências e de poeta, juntando na mesma pessoa duas sensibilidades diferentes,
foi um notável divulgador científico e um historiador da ciência, da pedagogia
e, em geral, da cultura portuguesa.
Rómulo
de Carvalho viveu em Coimbra entre 1950 e 1957, tendo sido professor no Liceu
Nacional de D. João III, hoje Escola Secundária de José Falcão. Em 1951 planeou
criar a colecção “Ciência para Gente Nova”, na Atlântida Editora de Coimbra. com
o objectivo de proporcionar divulgação científica para a juventude, apoiado “na
evolução histórica dos acontecimentos que conduziram a humanidade ao estado
actual em que a ciência e a técnica dominam”. O primeiro volume, “História do
Telefone”, foi publicado um ano depois, seguindo-se logo: a ciência e a técnica
aparecem aí vivas, como empreendimentos ao alcance da nossa compreensão. Ainda
em 1951 Rómulo de Carvalho soube da existência de um espólio histórico, que
remontava ao tempo da reforma pombalina, no então Laboratório de Física da
Faculdade de Ciências. Tornou-se então um incansável estudioso não só desse
material como da ciência setecentista em Portugal. Durante seis anos, foi um
visitante muito assíduo não só daquele Laboratório como do Arquivo da
Universidade. Em 1953, começou a escrever um volume monumental sobre a história
do Gabinete de Física da Universidade de Coimbra que foi terminado em 1963 e
que foi editado em 1978 pela Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra:
“História do Gabinete de Física da Universidade de Coimbra desde a sua Fundação
(1772) até ao Jubileu do professor italiano Giovanni António dalla Bella
(1790)”. Em 1954 escreveu a sua primeira obra poética, “Experiência dolorosa”,
que foi submetida a um concurso literário, a sua primeira obra publicada só
virá a sair em 1956 do prelo da Atlântida, sob um título de inspiração
termodinâmica: “Movimento Perpétuo”. Miguel Torga foi o vencedor do concurso
literário acima mencionado, mas cedeu o dinheiro do prémio em favor da
revelação de jovens poetas. João Gaspar Simões, o antologiador dos poetas a
concurso, escolheu num volume saído em 1957 os textos de Rómulo de Carvalho, um
“jovem” que na altura só tinha 51 anos…
Em
merecido reconhecimento da obra muito vasta do professor, poeta e historiador,
o Departamento de Física da Universidade de Coimbra organizou no interior da
sua Biblioteca a Biblioteca Rómulo de Carvalho de Cultura Científica. Foi
pedida à família de Rómulo de Carvalho a autorização para utilização do nome,
que foi generosamente concedida, assim como a cedência de obras do homenageado.
Já
houve várias homenagens a Rómulo de Carvalho, uma das quais foi a instituição
pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, do dia do seu nascimento, 24 de
Novembro, como Dia Nacional da Cultura Científica. Mas nem Coimbra nem o país
pagaram ainda a dívida que tem com uma personalidade singular da vida portuguesa.
Um centro de recursos de cultura científica, vivo e moderno, no quadro da rede
nacional de Centros “Ciência Viva” - um programa único a nível internacional -
será decerto a melhor forma de fixar em Coimbra o nome do autor de tantos e tão
bons livros para jovens, um autor que conseguiu despertar vocações numa altura
em que a ciência não andava nas bocas do mundo e alargou o interesse público
pela ciência». In Centro Virtual Camões, Instituto Camões, Centro Ciência Viva,
Rómulo de Carvalho, Universidade de
Coimbra.
Cortesia de CC Viva/JDACT