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Em torno da confraria
«Foi nesta nova igreja paroquial que a Confraria de S. João do Souto,
segundo a documentação conhecida a mais antiga da cidade de Braga, Veio
instalar-se. Sobre ela vamos tecer algumas considerações.
Primórdios
Os seus primórdios continuam geralmente ignorados, impondo-se corrigir
o pretenso esboço histórico traçado nos ‘Estatutos
de 1652’, que só por curiosidade vale a pena transcrever:
- ‘Não ha memória da origem desta confraria mas todos sem discrepancia confessão ser a primeira, e a prova do Livro das Lembranças fol. 1 e pergaminho piqueno, por doaçoes feitas no ano de 1373 e de outros mais antiguos do cartoreo podera constar de seu principio se as letras daquella idade se conhecerão nesta, e o tempo as não tivera consumidas. A tradissão dos velhos he terem ouvido a seus passados, de cujo principio não ha memôria, que esta confraria se instituiu primeiro que a freiguesia, e que esteve no castello junto a torre maior, onde de presente ainda se vem vestigios desta antiguidade. Depois se ordenou a cadea no castello, pello que se transferiu a confraria ,a esta igreja e se lhe agregou a do socino desta cidade, que estava na capella, onde esta depositado o corpo do nosso Patrão São Pedro, pello que teve sempre, e tem poder a ditta confraria para ter esquife, e tumba, e posse de sepultar com ella nos ombros a quem queria sem differença de pessoas.He livre e izenta da fabrica da igreja como consta da sentença que esta no Cartoreo da Caza, ,Camara e Seminario’.
Esta longa citação revela bem o total desconhecimento das origens desta
confraria e quanto a tradição seiscentista andava deturpada a seu respeito, sendo
particularmente expressiva e dispensando comentário a afirmação de que ela é inferior
à própria igreja! Para realçar o tremendo ilogismo desta asserção, basta
atender ao exposto sobre os primórdios da paróquia de S. João do Souto. Que a
sede da confraria, em 1315, estava na cidadela, de que subsiste apenas a torre de menagem, consta
do documento nº 31, onde se lê:
- ‘... persone esse obedientes dicte conffrarie in novo castelum...’
Em contrapartida, na colecção de pergaminhos não se encontra nenhum
referente ao ano de 1373. Para mais, a incapacidade de penetrarem na história
da confraria, quer através dos pergaminhos quer mediante os dois ‘livros de acordos’ ou ‘actas’ do século XV, ficou registada
nestes termos:
- ‘... se as letras daquella idade se conhecerão nesta, e o tempo as não tivera consumidas’
Testemunhando, deste modo, a deterioração dos pergaminhos há mais de
três séculos». In José Marques, Os Pergaminhos da Confraria de S. João do Souto
da cidade de Braga (1186-1545), revista Bracara Augusta, vol. XXXVI, números 81
e 82, Braga, 1982.
Documento nº 2
A amizade da I. P. M. e A. P. C.
Cortesia de Livraria Cruz/JDACT