sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Guimarães. Barroso da Fonte. As Duas Cabeças. «Na primavera de 1513 Manuel I montara o quartel-general em Évora, cidade de que muito gostava. E, a partir daí, deu as suas instruções para que o norte de África fosse tarefa prioritária da expansão portuguesa. É então que Jaime, o duque de Bragança, regressa do exílio…»


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Em 1513, Jaime, quarto duque de Bragança, conquista Azamor
«Damião Peres começa o seu estudo afirmando que nos primeiros anos do século XVI o domínio português em Marrocos cifra-se na posse das praças setentrionais: Ceuta, Alcácer-Ceguer, Tânger, Arzila, Safim, Azamor e Meça.
Desde 1504, Manuel I mudou a sua política marroquina, substituindo a exploração comercial pelo domínio militar. Com este procedimento procurava cortar o passo aos castelhanos que já tinha ascendência, desde os princípios do século XV, no presídio de Santa Cruz do Mar-Pequeno, na costa fronteira à Grã-Canária. E, no ano de 1504, tinham chegado a Agadir, de onde, pouco depois, foram expulsos pelos mouros.
Para demonstrar aos castelhanos que aquele terreno era objectivo português, o rei Manuel I permitiu que João Lopes Sequeira edificasse, à sua custa, uma fortaleza perto de Agadir, dando-lhe o nome de Santa Cruz do Cabo de Guer. Em 1506, Manuel I enviou Diogo de Azambuja com uma expedição, com o objectivo de fundar uma outra fortaleza a meia distância, entre Cabo de Guer e Safim, próximo de Mogador que era um porto de piratas. A fortaleza recebeu o nome de Castelo Real ficando ele próprio capitão, não só de Castelo Real como de Safim. Por essa mesma altura mandou edificar uma terceira praça que recebeu o nome de Aguz.
Por essa altura o rei português tinha assegurado ao papa Leão X que os portugueses iriam abrir caminho em todo o reino de Fez e de Marrocos, pacificando esses territórios para a Fé católica.
Na primavera de 1513 Manuel I montara o quartel-general em Évora, cidade de que muito gostava. E, a partir daí, deu as suas instruções para que o norte de África fosse tarefa prioritária da expansão portuguesa. É então que Jaime, o duque de Bragança, regressa do exílio, em 1496 e, à custa dos seus próprios bens, entretanto devolvidos, organiza a expedição composta por três mil soldados de infantaria e meio milhar de cavaleiros, com nobres famílias à frente, avançado para os objectivos atrás enunciados.
Sabe-se, é Damião Peres que o escreve, que a expedição foi planeada para sair do Tejo, em 15 de Julho de 1513. Contudo, somente saiu em 16 de Agosto. A primeira frota chegou a Lagos em 17 e, dia 18, passou em Faro, onde todos se ajuntaram. Em 22 de Agosto deu o duque  Jaime a conhecer os verdadeiros fins da missão expedicionária. Alcançar a foz do Rio Azamor era o objectivo, o que foi conseguido, após cinco dias de viagem. Só que surgiu um intenso nevoeiro que complicou a missão. O duque resolveu desviar as atenções, desembarcando em Mazagão. Foi em 29 de Agosto. Durante 4 dias descansaram os expedicionários, enquanto se estudavam os últimos pormenores para o assalto que seria coroado de êxito, em 3 de Setembro de 1513. Mais este feito dos portugueses depressa correu mundo.
O próprio papa agradeceu ao rei Lusitano. E alguns autores célebres o Resende, a Camões, a Gil Vicente. Também os artistas da época resumiram esses feitos em três tapeçarias que se encontram na Fundação da Casa de Bragança, em Vila Viçosa. A primeira simboliza o desembarque. O segundo painel alude aos preparativos e o cerco; e, finalmente, o terceiro painel refere-se ao cerco da praça. Era hábito, nessa altura, traduzir em tapeçarias, a partir do desenho, os factos mais relevantes da vida nacional.
Como se sabe também no Paço dos Duques de Bragança, em Guimarães, existem 4 tapeçarias, conhecidas pelo nome de Pastrana, por terem sido encontradas, em 1915, na vila de Pastrana, a cerca de 47 km a norte de Madrid. Essas tapeçarias simbolizam, do mesmo modo, o desembarque das nossas tropas, em Arzila (1471), o cerco e o assalto.
A quarta reporta-se à entrada dos Portugueses na cidade de Tânger, sem qualquer resistência. A presença dos portugueses está, desta forma, bem documentada nos museus nacionais». In Barroso da Fonte, Guimarães e as Duas Caras, Editora Correio do Minho, 1994, ISBN 972-95513-8-3.

Cortesia de Guimarães/JDACT