Atlantic City, Nova Jersey, USA
jdact e cortesia do publico
Com a devida vénia do Público.
«Joseph Woodland pensou no código de barras há mais de 60 anos. O
norte-americano Norman Joseph Woodland, que imaginou pela primeira vez o código
de barras, morreu com 91 anos de idade de acordo com o New York Times.
Woodland gravou a sua marca no mundo em todos os objectos comercializados que
trazem as riscas icónicas. O código
de barras tornou-se, para quem vende, uma forma simples de ler e
identificar muitos dos objectos e serviços que se pagam: um pacote de leite, um
bilhete de concerto ou uma consulta de saúde.
O momento “eureka!” de Joseph Woodland chegou num cenário de uma praia há
mais de 60 anos. O engenheiro questionava-se sobre como poderia encontrar uma
forma de codificar a informação de cada produto comercializado. Em Miami Beach,
na casa dos pais, no Inverno de 1948-1949, Woodland passou o tempo na praia a
pensar sobre este problema. A questão tinha-lhe chegado na Universidade de
Drexel, onde Woodland tinha tirado a licenciatura em engenharia mecânica e
estava então a fazer o mestrado. Bernard Silver, um colega de Woodland,
apresentou-lhe a questão. Silver ouvira uma conversa entre o
director da universidade e um responsável de um supermercado que pedia que lhe
inventassem um código para a informação dos produtos que vendia.
Silver e Woodland
pensaram primeiro numa tinta fluorescente utilizada na impressão da informação
dos produtos que fosse lida com luz ultravioleta. A ideia não funcionou. Tempos
depois, na praia, Woddland chegou à conclusão de que precisava de um código
para representar visualmente a informação. A memória do único código que
Woodland conhecia vinha dos seus tempos de escuteiro:
- o código Morse, que representa as letras e os números por traços e pontos. Na praia, o corpo e areia deram-lhe a pista que precisava.
“O que vou dizer parece-se com um
conto de fadas”, disse Joseph Woodland, muitas décadas mais tarde, numa
entrevista que deu à revista Smithsonian
em 1999, citada pelo New York Times. ‘Enterrei os meus quatro dedos na
areia e por nenhuma razão arrastei os dedos na minha direcção formando quatro
riscas. Disse ‘Agora tenho quatro linhas, e podem ser linhas grossas ou linhas
finas, em vez de traços e pontos’.
Esse foi o começo do código de
barras. Woodland contou a descoberta
a Silver e juntos desenvolveram a ideia.
A patente número 2.612.994 dos Estados Unidos nasceu a 7 de Outubro
de 1952 com o título desenxabido “Método e aparato de classificação”.
E foi vendida algum tempo depois à empresa Philco por 15 mil dólares. A empresa
utilizava um equipamento demasiado complexo e caro para a tecnologia se tornar
rentável e massificada. Só no final da década de 1960, quando a patente
expirou, é que a ideia renasceu das cinzas.
No início da década de 1970, George
Laurer, um colega de Woodland na IBM, onde o engenheiro entrou em 1951 e
permaneceu até à sua reforma em 1987, aperfeiçoou o princípio desenvolvido 20
anos antes. Laurer desenhou o rectângulo com as barras a preto e os espaços a
branco que seria lido por um scanner de laser. O método só funcionou graças
às tecnologias do laser e dos microprocessadores, que entretanto tinham sido
desenvolvidas.
Em 1973, o código de barras foi
adaptado pela indústria e em Junho de 1974, em Troy, no Ohio, foi vendido o
primeiro produto com código de barras, um pacote de pastilhas elásticas a 67
cêntimos, refere o jornal britânico Guardian.
Actualmente, todos os dias são passados no mundo cinco mil milhões de
produtos com código de barras, refere o mesmo jornal.
Woodland, que nasceu em
Atlantic City, Nova Jersey, foi condecorado primeiro em 1992 com a medalha dos
Estados Unidos de Tecnologia e Inovação e, em 2011, entrou no Hall of Fame dos inventores. Bernard Silver,
que morrera em 1963, entrou também, já
postumamente, para o mesmo Hall of Fame.
Há mais de 60 anos, um engenheiro traçou quatro riscos na areia de uma
praia em Miami e teve a ideia para o sistema que viria a catalogar milhões de objectos
diariamente. Norman Joseph Woodland morreu na sua casa,
em Edgewater, Nova Jersey, onde vivia com a mulher. Deixou também a memória de quatro dedos a gravarem uma ideia na areia,
que é recuperada todas as vezes que passamos o código de barras de um produto
pela caixa registadora e ouvimos um “beep”».
In
Nicolau Ferreira, Jornal Público, Dezembro, 2012.
Cortesia de Público/JDACT