sábado, 27 de julho de 2013

BNP. Aquele Único Exemplo... 450 anos da Lírica de Camões. «… da obra de Garcia de Orta, que inclui, repetimos, a primeira composição lírica de Luís de Camões, a sua primeira versão impressa esteve afastada do conhecimento comum até à segunda metade do século XIX»


Cortesia da bnp

Mostra. Sala de Referência. Até ao pf dia 30 de Agosto de 2013

«A mostra apresenta as duas versões de Aquele único exemplo..., a primeira composição poética de Luís de Camões, impressas em 1563, pelo tipógrafo João de Enden, uma das quais recentemente identificada por João Alves Dias, e as diferentes edições da sua obra lírica, dadas à estampa entre 1595 e 1688. Aquele único exemplo é o primeiro poema de Luís de Camões, impresso, hoje conhecido. É uma Ode ao Conde de Redondo, pedindo a protecção para um livro de um amigo. Integra o conjunto de paratextos dos Coloquios dos simples, e drogas he cousas medicinais da India, de Garcia de Orta. Foi impresso, em Goa, em 1563, por Ioannes de Endem, um impressor alemão que havia pouco tempo instalara o seu prelo na Índia portuguesa.
Se a Lírica de Luís de Camões é hoje abundante, a sua quase totalidade só foi impressa depois da morte do poeta. Para além da obra épica (Os Lusíadas, impressos, em Lisboa, em 1572), só foram divulgados, em vida do autor, três poemas:
  • a ode, que agora se evoca;
  • uma elegia e um soneto, ambos publicados na Historia da Prouincia Sancta Cruz;
  • de Pero de Magalhães de Gândavo, impressa em Lisboa, em 1576.
Embora passem este ano os 450 anos sobre a impressão da obra de Garcia de Orta, que inclui, repetimos, a primeira composição lírica de Luís de Camões, a sua primeira versão impressa esteve afastada do conhecimento comum até à segunda metade do século XIX. É certo que a Ode ao Conde de Redondo passou a integrar a lírica de Camões, a partir da segunda edição das Rimas, impressa em 1598, mas copiada de uma versão manuscrita que se afastava em alguns versos, da versão original. Nas edições seguintes, a ode continua a ser reproduzida com variantes. Faria e Sousa, na edição comentada, impressa em 1685, confronta as duas versões, anotando as suas principais variantes, mas prevalecendo a edição de 1598. E assim se manteve e assim continua na magna edição que o visconde de Juromenha faz das Obras de Luiz de Camões (Lisboa, 1861, vol. II, p. 275-278). É Tito de Noronha (1881) e depois Teófilo Braga (1887) que defendem a reintegração da forma primitiva do poema no contexto da Lírica de Camões. Longe estavam de supor que havia, impressa, em vida do poeta, uma outra versão da mesma Ode. A mostra, patente na Biblioteca Nacional de Portugal e feita em colaboração com o Centro de Estudos Históricos, apresenta as duas versões da primeira composição poética de Luís de Camões (impressas em 1563) e as diferentes edições da sua obra lírica, dadas à estampa entre 1595 e 1688» In BNP, João Alves Dias

Cortesia da BNP/JDACT