Origens da Linhagem. A quem serve o Graal?
«(…) O ideal democrático
é expressado como Governo pelo povo
para o povo. Para facilitar esse processo, as democracias são
organizadas com base eleitoral, em que os poucos representam os muitos. Os
representantes são escolhidos pelo povo para governar para o povo, mas o
resultado paradoxal geralmente é o governo do povo. Isso é contrário a todos os
princípios da comunidade democrática e nada tem a ver com serviço. Está,
portanto, em oposição directa ao Código do Graal. Em nível nacional e local, os
representantes eleitos há muito tempo vêm conseguindo reverter o ideal harmonioso,
colocando a si próprios sobre pedestais acima do eleitorado. Em virtude disso,
os direitos individuais, as liberdades e o bem-estar são controlados por
ditames políticos, que determinam quem é socialmente adequado e quem não é, em
todos os momentos. Em muitos casos, isso implica até decisões sobre quem pode
ou não sobreviver. Com essa finalidade, há muitos que almejam posições de
influência pela pura gana de poder sobre os outros. Servindo a interesses próprios,
eles se tomam manipuladores da sociedade, causando o enfraquecimento da
maioria. O resultado é que, em vez ser servida da maneira justa, a maioria é
reduzida a um estado de servidão.
Não é por acaso que,
desde a Idade Média, o lema dos Príncipes de Gales tem sido Ich dien (eu sirvo). Tal lema nasceu directamente do Código do Graal
durante a Era do Cavalheirismo. Chegando ao trono real por linhagem
hereditária em vez de eleições, era importante para os sucessores promover o
ideal de serviço. Mas a que os monarcas
realmente serviam? Ou melhor, a quem
serviam? De um modo geral (e certamente através das eras feudais e
imperiais), eles governaram em
conluio com seus ministros e a Igreja. Governar não é servir, e faz parte da
justiça, igualdade e a tolerância do ideal democrático. E portanto incompatível
com a máxima do Santo Graal.
Assim, A Linhagem do
Santo Graal não se restringe em conteúdo a genealogias e histórias de
intriga política, mas suas páginas contém a chave do Código do Graal essencial:
a chave não só de um mistério histórico,
mas também de um modo de vida. É um livro a respeito do bom e do mau governo.
Explica como o reino patriarcal do povo foi suplantado pela tirania dogmática e
pelo domínio ditatorial da Terra. É uma jornada de descobrimento através de
eras passadas, com os olhos voltados para o futuro.
Nesta era da tecnologia
dos computadores, de telecomunicações por satélite e da indústria espacial internacional,
o avanço científico acontece a uma velocidade assustadora. À medida que cada
estágio de desenvolvimento chega mais rápido, os indivíduos funcionalmente
competentes emergirão como os sobreviventes, enquanto o resto será
considerado inadequado por um establishment impetuoso que serve às
próprias ambições, mas não a seus súbditos. Mas o que tudo isso tem a ver com o Santo Graal? Tudo. O
Graal tem muitas formas e atributos. Contudo, em qualquer forma que seja
retratada, a busca do Graal é regida por um dominante desejo de honesta
conquista. É a rota pela qual todos podem sobreviver entre os fortes, ou
adequados, pois ele é a chave da harmonia e unidade em todo estado social e
natural. O Código do Graal reconhece o avanço por mérito e respeita a estrutura
da comunidade, mas acima de todas as coisas, ele é inteiramente democrático.
Seja apreendido em sua dimensão física ou espiritual, o Graal pertence tanto a
líderes como a seguidores, determinando que todos devem ser como um, em serviço
comum e unificado.
Para alguém pertencer
aos fortes, deve estar plenamente informado. Só por meio da conscientização podem
ser feitas preparações para o futuro. O regime ditatorial não é uma rota de
informação; é uma constrição com o objectivo de impedir o livre acesso à
verdade. A quem, portanto, serve o Graal? Ele serve àqueles
que, apesar dos contratempos, buscam, pois são os campeões do iluminismo.
Ídolos Pagãos do Cristianismo
No decorrer de nossa
jornada, confrontaremos um número de afirmações que podem, a princípio, parecer
assustadoras, mas isso costuma acontecer quando se traz a história de volta às
suas bases, pois a maioria das pessoas é condicionada a aceitar determinadas
interpretações da história como factos. Muito do que aprendemos de história é
por meio de propaganda estratégica, seja ela motivada pela Igreja ou por
política. Tudo é parte do processo de controle; separa os mestres dos servos e
os fortes dos fracos. A história política tem sido escrita por seus mestres: os
poucos que decidem o destino e a sina dos muitos. A história religiosa não é
diferente, pois seu desígnio é implementar o controle pelo medo do desconhecido.
Dessa forma, os mestres religiosos retiveram sua supremacia à custa de devotos
que genuinamente buscam iluminação e salvação. Quanto à história política ou religiosa,
é evidente que os ensinamentos estabelecidos chegam às raias do fantástico, mas
mesmo assim raramente são questionados. Quando estes são menos do que
fantásticos, porém, costumam parecer tão vagos que quase não fazem sentido, se
examinados em qualquer nível de profundidade.
Em termos bíblicos,
nossa busca do Graal começa com a Criação, conforme definida no livro do Génesis.
Em 1779, um consórcio de livreiros
de Londres publicou uma obra gigantesca com 42 volumes, Universal History, que viria a ser muito reverenciada e que
afirmava, com grande grau de convicção, que o trabalho de Criação de Deus
começou em 21 de Agosto de 4004 a.C.
Surgiu, então, um debate
a respeito do mês exacto, pois alguns teólogos achavam que 21 de Março seria
uma data mais precisa. Todos concordavam, porém, que o ano estava correcto, e
aceitavam que só seis dias tinham passado entre o nada cósmico e o surgimento
de Adão. Na época da publicação, a Inglaterra se via em meio à sua Revolução
Industrial. Era um período instável de extraordinárias mudanças e
desenvolvimentos, mas, assim como no acelerado ritmo dos avanços da actualidade,
pagou-se um preço. As preciosas artes e técnicas de outrora se tomaram obsoletas
diante da produção em massa, e a sociedade se reagrupava para acomodar uma
estrutura comunitária com base na economia. Uma nova estirpe de vencedores
emergia, enquanto a maioria da população cambaleava num ambiente desconhecido
que nada tinha a ver com os costumes e padrões de sua educação. Certo ou
errado, esse fenómeno é chamado de Progresso, e o seu critério
inflexível é aquele preceito do naturalista inglês Charles Darwin: a sobrevivência do mais forte. O
problema é que as chances de sobrevivência das pessoas costumam diminuir quando
elas são ignoradas ou exploradas por seus mestres: aqueles mesmos pioneiros que
forjam a rota do progresso, auxiliando (mas não garantindo) apenas a
sobrevivência própria». In Laurence Gardner, A Linhagem do Santo
Graal, A verdadeira história de Maria Madalena e Jesus Cristo, Madras Editora,
2004.
Cortesia de Madras/JDACT