Ídolos Pagãos do Cristianismo
«(…) Subitamente, a
Igreja e o povo perceberam que a religião nada tinha a ver, nunca tivera, com patriarcas
e milagres. Ela tinha a ver, isso sim, com a crença num modo humanitário de
vida, numa aplicação de padrões morais e valores éticos, de fé e caridade, além
da constante busca por liberdade e salvação. Finalmente, toda contenda geral e
contínua a respeito da natureza evolucionária da descendência humana era
deixada de lado; esse era o território dos cientistas e a maioria das pessoas podia
relaxar e aceitar o facto. A Igreja emergia como um oponente muito menos
temível dos estudiosos, e o novo ambiente era mais agradável a todos os
envolvidos. Para muitos, o texto da Bíblia já não tinha mais de ser considerado
um dogma inviolável e venerado, por si. A religião estava incutida em seus
preceitos e princípios, não no papel onde ela era impressa. Essa nova
perspectiva abria espaço para infinitas possibilidades especulativas. Se Eva
realmente era a única mulher existente e seus três filhos eram homens, então com quem seu filho Set se uniu para gerar
as tribos de Israel? Se Adão não foi o primeiro homem na Terra, qual
seria o seu verdadeiro significado? Quem
ou o que eram os anjos? O Novo
Testamento também tinha seus mistérios. Quem
foram os Apóstolos? Os milagres realmente
aconteceram? E o mais importante: a
Concepção Imaculada e a Ressurreição de facto tinham ocorrido da maneira
descrita? Consideraremos todas essas questões antes de seguirmos o
caminho da linhagem do Graal em si. Na verdade, é imperativo conhecermos a
origem histórica e o ambiente de Jesus para compreendermos os factos de seu casamento
e sua paternidade. À medida que avançarmos, muitos leitores estarão pisando em
solo totalmente novo, mas que já existia antes de ser acarpetado e escondido
por aqueles cuja motivação era suprimir a verdade para reter o controle. Só
quando removermos o carpete do disfarce estratégico, teremos sucesso em nossa
busca pelo Santo Graal.
Linhagem dos Reis
De modo geral, já se
reconhece que os capítulos iniciais do Antigo Testamento não representam o começo
da história do mundo, como parecem sugerir. Mais precisamente, eles contam a
história de uma família que se tornou uma raça compreendendo várias tribos, uma
raça que se tornou à nação hebraica. Se Adão foi o primeiro de uma espécie,
então ele deve ter sido o progenitor dos hebreus e das tribos de Israel. De facto,
como descreve o livro, ele foi o primeiro de uma linhagem predestinada de
governantes sacerdotais. Dois dos mais intrigantes personagens do Antigo
Testamento são José e Moisés. Cada um teve um papel importante na formação da
nação hebraica e ambos têm identidades históricas que podem ser examinadas
independentemente da Bíblia. Em Gênesis 41, lemos como José se tornou Governador
do Egipto. Disse o Faraó a José: administrarás
a minha casa, e à tua palavra obedecerá todo o meu povo; somente no trono eu
serei maior que tu... Desse modo, fê-lo governar sobre toda a terra do Egipto.
Referente a Moisés, em Êxodo 11, descobrimos também que: Moisés era muito famoso na terra do Egipto, aos olhos dos oficiais
do Faraó e aos olhos do povo. Entretanto, a despeito do status e de toda a proeminência, nem José
nem Moisés aparecem em qualquer registo egípcio sob seus nomes bíblicos.
Os anais de Ramsés II (c.1304-1237
a.C.) especificam que o povo semita se assentou na terra de Gósen,
explicando que também para lá se dirigiram os semitas vindo de Canaã, em busca
de alimento. Mas por que os escrivães de Ramsés mencionariam esse povoado do delta do Nilo em Gósen? De
acordo com a cronologia padrão da Bíblia, os hebreus foram para o Egipto uns
três séculos antes da época de Ramsés e fizeram seu êxodo por volta de 1491
a.C., muito antes que ele chegasse ao trono. Assim, diante desse registo
em primeira mão, vemos que a cronologia padrão da Bíblia está incorrecta. Tradicionalmente,
presume-se que José foi vendido como escravo no Egipto na década de 1720
a.C. e nomeado Governador pelo Faraó uma década ou duas depois. Mais
tarde, seu pai Jacó (cujo nome foi mudado para Israel) e 70 membros da
família o seguiram até Gósen para escapar da fome em Canaã. Apesar disso,
Gênesis 47, Êxodo 1 e Números 33 fazem referências à terra de Ramsés (egípcio: a casa de Ramsés) mas se tratava
de um complexo de armazéns de grãos construídos pelos israelitas para Ramsés II
em Gósen, uns 300 anos após a época em que, presumivelmente, se encontravam lá!
Ao que parece, a versão judaica alternativa é mais correcta do que a Cronologia
Padrão: José esteve no Egipto não no início do século XVIII a.C., mas no início
do século XV a.C. Lá, ele foi nomeado Ministro Chefe de Tutmósis IV (c.1413-1405
a.C.). Para os egípcios, porém, José (Yusuf, o Vizir) era
conhecido como Yuya, e sua história é particularmente reveladora, não só em
relação ao relato bíblico de José, mas também com respeito a Moisés. O
historiador e linguista nascido em Cairo, Ahmed Osman, fez um estudo profundo
dessas personalidades em seu ambiente egípcio contemporâneo e as descobertas
são de grande significado. Quando o faraó Tutmósis morreu, seu filho se casou
com a irmã, Sitamun (como era a tradição faraónica) para poder herdar o
trono como o faraó Amenhotep III. Pouco depois, ele desposou também Tiye, filha
do Ministro Chefe (José Nuya). Foi decretado, porém, que nenhum filho de
Tiye podia herdar o trono e, por causa da extensão de terras governadas por seu
pai, José, havia um medo geral de que os israelitas estivessem ganhando poder
demais no Egipto. Então, quando Tiye engravidou, foi passado um édito determinado
que o bebé deveria ser morto ao nascer, se fosse menino. Os parentes israelitas
de Tiye viviam em Gósen e ela possuía um pequeno palácio de verão, um pouco rio
acima, em Zarw, para onde se dirigiu quando ia dar à luz. De facto, Tiye teve um
menino, mas as parteiras reais conspiraram com ela e o colocaram à deriva num
cesto de vime, que desceu o rio e foi parar na casa do meio-irmão de seu pai,
Levi». In Laurence Gardner, A Linhagem do Santo Graal, A verdadeira história
de Maria Madalena e Jesus Cristo, Madras Editora, 2004.
Cortesia de Madras/JDACT