sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

A Literacia. Um Profundo Envolvimento com a Tradição Escrita. Jacinta do Céu Conceição. David Olson. «Também o projecto ‘Leonardo’ tende a ter o mesmo objectivo, mas de uma forma mais prática e contínua, com o intuito principal dos praticantes deste conquistarem melhores níveis de literacia»

Cortesia de wikipedia

Estado das Artes
«(…) Numa breve referência ao Estudo Nacional do IEA - reading literacy é revelada a qualificação de Portugal, colocando-o em 25.º lugar, onde participaram trinta e dois países sendo avaliados os níveis de leitura de crianças com 9 e 14 anos. No gráfico que se segue podemos ter uma visão mais detalhada destes dados.

Resultados comparados da distribuição da população adulta por níveis de literacia

Conclui-se, assim, nesta abordagem onde são descritos os baixos níveis de literacia, como sendo consequência natural nos hábitos culturais portugueses. Tal é explicado por Vygotsky, 2005, quando afirma que, a construção do conhecimento é uma aprendizagem informal que começa à nascença e que é um processo de interiorizar relações sociais, denotando a importância da inculcação de hábitos de escrita e de leitura desde os primeiros anos de vida, hábitos esses que, como indica este Estudo Nacional de Literacia, não estão ainda enraizados no nosso país. Como já foi referido, o tema literacia tornou-se o elemento preferencial de muitos estudos em todo o mundo. Tomemos como exemplo o livro Territoires à livre ouvert - La lutte contre l’illettrisme en milieu rural (Christiane Caravansérail, 1997). Este aborda o tema literacia como fenómeno incidente predominante no mundo rural francês, encontrando-se divido em subtemas onde são explorados diversos assuntos que explicam e completam o tema principal. Os diversos autores, que colaboraram na elaboração da obra, dão um olhar diverso e complementar sobre a literacia em França e na União Europeia e apresentam medidas adoptadas tais como: les programmes d’action communitaire que visam o melhoramento da formação académica, tentando assim combater os níveis de literacia.
Exemplos destes são os programas Sócrates e Leonardo. Como é referido no texto: “Sócrates concerne le dévelopment d’une éducation et d’une formation initiale de qualité et la coopération en matiére d’éducation. Il comporte un volet éducation dês adultes, un volet enseignment superieur, enseignement scolaire, enseignment supérieur, enseignement scolaire, enseignement des langues; demonstrando, assim, a importância da interacção com outros países e culturas. Também o projecto Leonardo tende a ter o mesmo objectivo, mas de uma forma mais prática e contínua, com o intuito principal dos praticantes deste conquistarem melhores níveis de literacia. O livro foi impulsionado pelo Ministère du Travail et dês Affairs Sociales e editado por Le Documentation Française, denotando, neste, o objectivo político de análise dos níveis de literacia e suas implicações na sociedade francesa e europeia (Christiane Caravansérail, 1997).

Estudar não é só ler nos livros
que há nas escolas.
É também aprender a ser livre,
sem ideias tolas.
Ler um livro é muito importante,
sem ideias tolas.
Ler um livro é muito importante,
às vezes urgente,
mas livros não são o bastante
para a gente ser gente.
É preciso aprender a escrever,
mas também a viver,
mas também a sonhar.
É preciso aprender a crescer,
aprender a estudar.
[…]
In Ary dos Santos

Outro dos estudos que marcaram mundialmente o desenvolvimento da investigação da Literacia foi o estudo realizado nos Estados Unidos da América em 1984, que estimou em 30 000 000 os cidadãos americanos com problemas de literacia. Tal causou um choque na sociedade americana, que jamais imaginara este cenário, pois os EUA consideravam-se o país com maior cobertura escolar a nível mundial. A CTAP Information Literacy Guidelines K - 12 criou um Modelo Elaborado da Literacia da Informação, cuja tradução, efectuada em Portugal pelo Gabinete da Rede de Bibliotecas Escolares, podemos abaixo observar onde nos é dado a conhecer as etapas para uma melhor apreensão da informação obtida e para que essa melhore os baixos níveis de literacia.

Modelo Elaborado da Literacia da Informação
Identifica uma necessidade ou um problema. No primeiro contacto com a literacia da informação o aluno deverá:
  • Perguntar sobre uma gama vasta de tópicos, assuntos, problemas, etc.;
  • Reconhecer a necessidade de gerir e completar a informação a um certo nível (razoável) de compreensão;
  • Fazer brainstorming sobre o assunto e formular questões.
Procura recursos fáceis. Identificado o assunto e formuladas as questões o aluno deverá:
  • Identificar potenciais fontes de informação, incluindo documentos impressos, não impressos e electrónicos, dentro e fora da escola (i.e. em suporte informático - internet, cd-rom - audio-visual...);
  • Utilizar estratégias eficazes de pesquisa recorrendo a palavras-chave, frases e conceitos;
  • Aceder à informação usando índices, tabelas de conteúdos, pesquisa cruzada e suporte informático;
  • Avaliar as fontes a utilizar (i.e. leituras, pontos de vista / opiniões, formatos de documentos);
  • Rejeitar fontes que não servem as suas necessidades.
(…)
In David Olson, Jacinta do Céu Laranjo Conceição, A Literacia é um Profundo Envolvimento com a Tradição Escrita, Faculdade de Economia, Universidade de Coimbra, Fontes de Informação Sociológicas, 2005.

Cortesia da UCoimbra/JDACT