Estado das Artes
«(…) Numa breve
referência ao Estudo Nacional do IEA -
reading literacy é revelada a qualificação de Portugal,
colocando-o em 25.º lugar, onde participaram trinta e dois países sendo
avaliados os níveis de leitura de crianças com 9 e 14 anos. No gráfico que
se segue podemos ter uma visão mais detalhada destes dados.
Conclui-se, assim, nesta
abordagem onde são descritos os baixos
níveis de literacia, como sendo consequência natural nos hábitos
culturais portugueses. Tal é explicado por Vygotsky, 2005, quando afirma que, a
construção do conhecimento é uma aprendizagem informal que começa à nascença
e que é um processo de interiorizar relações sociais, denotando a
importância da inculcação de hábitos de escrita e de leitura desde os primeiros
anos de vida, hábitos esses que, como indica este Estudo Nacional de
Literacia, não estão ainda enraizados no nosso país. Como já foi referido,
o tema literacia tornou-se o
elemento preferencial de muitos estudos em todo o mundo. Tomemos como exemplo o
livro Territoires à livre ouvert - La
lutte contre l’illettrisme en milieu rural (Christiane Caravansérail, 1997).
Este aborda o tema literacia como fenómeno incidente predominante no mundo
rural francês, encontrando-se divido em subtemas onde são explorados diversos
assuntos que explicam e completam o tema principal. Os diversos autores, que
colaboraram na elaboração da obra, dão um olhar diverso e complementar sobre a
literacia em França e na União Europeia e apresentam medidas adoptadas tais
como: les programmes d’action communitaire
que visam o melhoramento da formação académica, tentando assim combater os
níveis de literacia.
Exemplos destes são os
programas Sócrates e Leonardo. Como é referido no texto: “Sócrates
concerne le dévelopment d’une
éducation et d’une formation initiale de qualité et la coopération en matiére d’éducation.
Il comporte un volet éducation dês adultes, un volet enseignment superieur,
enseignement scolaire, enseignment supérieur, enseignement scolaire,
enseignement des langues; demonstrando, assim, a importância da interacção
com outros países e culturas. Também o projecto Leonardo tende a ter o mesmo objectivo, mas de uma forma mais
prática e contínua, com o intuito principal dos praticantes deste conquistarem
melhores níveis de literacia. O livro foi impulsionado pelo Ministère du
Travail et dês Affairs Sociales e editado por Le Documentation Française,
denotando, neste, o objectivo político
de análise dos níveis de literacia e suas implicações na sociedade francesa e
europeia (Christiane Caravansérail, 1997).
Estudar não é só ler nos livros
que há nas escolas.
É também aprender a ser livre,
sem ideias tolas.
Ler um livro é muito importante,
sem ideias tolas.
Ler um livro é muito importante,
às vezes urgente,
mas livros não são o bastante
para a gente ser gente.
É preciso aprender a escrever,
mas também a viver,
mas também a sonhar.
É preciso aprender a crescer,
aprender a estudar.
[…]
In Ary dos Santos
Outro dos estudos que
marcaram mundialmente o desenvolvimento da investigação da Literacia foi o estudo
realizado nos Estados Unidos da América em 1984, que estimou em 30 000 000 os
cidadãos americanos com problemas de literacia. Tal causou um choque na
sociedade americana, que jamais imaginara este cenário, pois os EUA
consideravam-se o país com maior cobertura escolar a nível mundial. A CTAP
Information Literacy Guidelines K - 12 criou um Modelo Elaborado da
Literacia da Informação, cuja tradução, efectuada em Portugal pelo Gabinete
da Rede de Bibliotecas Escolares, podemos abaixo observar onde nos é dado a
conhecer as etapas para uma melhor apreensão da informação obtida e para que
essa melhore os baixos níveis de literacia.
Modelo Elaborado da Literacia da Informação
Identifica uma necessidade ou um problema. No primeiro contacto com
a literacia da informação o aluno deverá:
- Perguntar sobre uma gama vasta de tópicos, assuntos, problemas, etc.;
- Reconhecer a necessidade de gerir e completar a informação a um certo nível (razoável) de compreensão;
- Fazer brainstorming sobre o assunto e formular questões.
Procura recursos fáceis.
Identificado o assunto e formuladas as questões o aluno deverá:
- Identificar potenciais fontes de informação, incluindo documentos impressos, não impressos e electrónicos, dentro e fora da escola (i.e. em suporte informático - internet, cd-rom - audio-visual...);
- Utilizar estratégias eficazes de pesquisa recorrendo a palavras-chave, frases e conceitos;
- Aceder à informação usando índices, tabelas de conteúdos, pesquisa cruzada e suporte informático;
- Avaliar as fontes a utilizar (i.e. leituras, pontos de vista / opiniões, formatos de documentos);
- Rejeitar fontes que não servem as suas necessidades.
(…)
In David Olson, Jacinta do Céu Laranjo
Conceição, A Literacia é um Profundo Envolvimento com a Tradição Escrita,
Faculdade de Economia, Universidade de Coimbra, Fontes de Informação
Sociológicas, 2005.
Cortesia da UCoimbra/JDACT