«Leonardo da Vinci colocou em
marcha a busca que levou a este livro. Nosso estudo sobre o papel do fascinante
e misterioso génio do Renascimento na falsificação do Sudário de Turim
desembocou numa investigação muito mais ampla e mais comprometida sobre as heresias que haviam impulsionado em
segredo suas ambições. Foi preciso averiguar no que participou, o que soube e
acreditou, e porque recorreu a certos códigos e símbolos na obra que deixou
para a posteridade. A Leonardo temos
que agradecer, por conseguinte, os descobrimentos que se condensam neste livro.
A princípio pareceu-nos raro vermos submersos no mundo complicado, e em muitas
ocasiões algo tenebroso, das sociedades secretas e crenças heterodoxas. Por
muito que Leonardo, segundo é crença
comum, tenha sido um ateu e um racionalista; porque nós descobrimos que nada
está mais distante da verdade. Em qualquer caso, aos poucos deixamos para trás
esta personagem para nos encontrarmos sós diante de algumas implicações
profundamente inquietantes. O que havia começado como uma modesta averiguação sobre alguns cultos
interessantes, que de modo algum fariam tremer o mundo, se converteu numa
investigação sobre as próprias raízes e crenças originárias do mesmo
Cristianismo.
Em essência tem sido um caminhar
através do tempo e do espaço; primeiro, de Leonardo
à época actual; logo, o retorno ao Renascimento e mais atrás contudo, passando
pela Idade Média até à Palestina do século I, o cenário onde se situa as
palavras e as acções de nossos três protagonistas principais: João Baptista, Maria Madalena e Jesus.
De passagem, muitas vezes, temos que nos deter para examinar os numerosos
grupos e organizações secretas com um olhar todo novo e objectivo: os francomaçons, os cavaleiros templários, os cátaros,
o Priorado de Sião, os essénios e o culto de Isis e Osiris. Estes
temas, naturalmente, se têm discutido em muitos outros livros recentes, que
desde o princípio tem sido de particular inspiração para nós. The Sign and the Seal, de Graham Hancock, The Temple
and the Lodge, de Baigent e Leigh, e The Hiram Key, de Christopher
Knight e Robert Lomas. Continuamos em dívida com todos estes autores
pela luz que eles têm lançado sobre o terreno comum de investigação, porém
cremos que todos eles fracassaram em achar a chave essencial que vá ao coração
destes mistérios. O que não deve estranhar ninguém. Toda a nossa cultura se
baseia em certas premissas a respeito do passado, e mais especialmente do
cristianismo e o carácter e motivos de seu fundador. Porém se estas premissas
são erróneas, então as conclusões que baseamos nelas estão distantes da verdade
ou ao menos oferecem uma imagem deformada dos factos.
Quando vimos pela primeira vez as
conclusões inquietantes que estabelecemos neste livro, pareceu-nos que
estávamos equivocados. Porém, logo chegou o momento em que se impunha tomar uma
decisão: ou continuávamos com a nossa investigação e publicávamos as nossas
conclusões, ou teríamos que esquecermo-nos de termos realizado uns
descobrimentos cruciais. Optamos por continuar. Do início ao fim este livro
prolonga de uma maneira natural a relação ao que temos citado anteriormente. Ao
acompanhar as crenças propostas por milhares de hereges de séculos diferentes,
temos descoberto um panorama de notável continuidade. Nas tradições de muitos
grupos de aparência muito diferente subjazem sempre os mesmos segredos e muito
parecidos. A princípio pareceu-nos que essas sociedades se haviam mantido
secretas por mero atavismo, ou talvez por afectação, porém logo compreendemos
que a prudência os aconselhava a manter aqueles conhecimentos bem distantes das
autoridades, e sobretudo longe da hierarquia eclesiástica. A questão principal
não se baseia em saber no que eles creem, sem dúvida, e sim se estas crenças
tinham uma base substancial. Porque se elas tinham e a clandestinidade herege
guardou efectivamente a chave que falta em relação à cristandade, então sim
estamos diante de uma perspectiva verdadeiramente revolucionária. Neste livro
descrevemos a nossa viagem de oito anos por terras na sua grande maioria
incógnitas. (22 de Julho de 1996)
As Sendas da Heresia. O Código
Secreto de Leonardo da Vinci
É uma das obras de arte mais
famosas do mundo, e das que mais se tem apoiado. O fresco de Leonardo Última Ceia é tudo quanto
resta da Igreja de Santa Maria delle Grazie, perto de Milão, pois a
parede onde este fresco foi pintado foi a única que permaneceu de pé ao ser
bombardeada durante a II Guerra Mundial. Ainda que outros muitos artistas
admirados como Ghirlandaio e Nicolas Poussin, e inclusive um pintor tão extravagante
quanto Salvador Dali, tenham dado suas próprias versões de uma cena bíblica tão
significativa, é a de Leonardo que,
por algum motivo, mais tem cativado as imaginações. A temos encontrado
reproduzida em múltiplas versões que abarcam ambos os extremos do espectro de
gostos, desde o sublime até ao ridículo». In Lynn Picknet e Clive Prince, A Revelação
dos Templários, Narrativa, Editora Planeta, 2006, ISBN 857-6651-75-0.
Cortesia de Planeta/JDACT