Antes
de Portugal (1816-1836). A família Coburgo
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A tia Antonieta (1779-1824) não fez um casamento tão brilhante, mas também
para ela se conseguiu uma união muito favorável aos interesses dos Coburgos,
que a casaram em 1798 com um membro
da família reinante de Vurtemberga e, mais importante do que isso, irmão da
nova czarina russa, Maria Feodorovna. Sob o ponto de vista pessoal, não foi mais
feliz do que a irmã, mas Antonieta nunca se rebelou, permanecendo na corte
russa. Atingiram a vida adulta três dos seus filhos: Maria (1799-1860),
que veio e casar com o seu tio Ernesto; Alexandre (1804-1881), que se
uniu a Maria de Orleães, filha de Luís Filipe, rei dos Franceses; e Ernesto (1807-1868),
que teve um futuro mais obscuro. Vitória (1786-1861), a tia mais nova do
nosso, Fernando, foi, como as irmãs,
um peão na estratégia de afirmação da família, mass isso ocorreria com o seu
segundo casamento, proporcionando aos Coburgos a ligação familiar mais grandiosa,
que nestes primeiros anos do século nada fazia prever. Em 1803 casaram-na com o príncipe de Leiningen, viúvo de uma irmã de
Augusta e que fora desapossado do seu estado renano por Napoleão. Era, pois,
tio por afinidade da noiva e vinte e três anos mais velho. Deixou-a prematuramente
viúva, em 1814, e com dois filhos:
Carlos Frederico (1804-1856) e Ana Feodora (1807-1872), nome
russo em homenagem à ilustríssima parenta.
Embora
fosse a mais velha, Sofia (1778-1835) foi a última a casar-se, o que
sucedeu em 1804, com o conde
franco-austríaco Mensdorff-Pouilly, um aristocrata francês que fugira à
revolução e fora acolhido pelo imperador da Áustria. Tiveram quatro filhos:
Hugo (1806-1847),Afonso (1810-1894), Alexandre (1813-1871)
e Artur (1817-1904). Por desígnio da família, Alexandre tentará
desempenhar um papel político no nosso país na década de 1840, antes de se tornar um político importante no império
austríaco. Sofia e o marido abriram caminho ao irmão e cunhado Fernando Jorge
Coburgo. E assim o encontrámos com uma boa patente a combater nos exércitos do imperador
austríaco. Combatentes durante a guerra nos exércitos vitoriosos, os Coburgos
conseguiram participar activamente no Congresso de Viena (1814-1815),
representando o seu minúsculo Estado, que manteve a independência e as fronteiras.
Embora fosse o mais novo, Leopoldo destacou-se, sendo Fernando Jorge, segundo
testemunhos da época, o menos dotado. Encerrado o Congresso, recompostos os
estados, havia agora que pensar no futuro deles, isto é, contratar casamentos o
mais vantajosos possível. Não perderam tempo e fizeram-no de forma brilhante:
Fernando Jorge em 1815, Leopoldo em 1816 e Ernesto em 1817». In Maria Antónia Lopes, D. Fernando II, Um Rei Avesso à Política,
Círculo de Leitores, 2013, ISBN 978-972-42-4894-3.
Cortesia
de CL/JDACT