segunda-feira, 29 de setembro de 2014

A Menina Boba. Poemas. O Amor. Oneyda Alvarenga. «Comecei a entender o amor da vida amando-a simples e natural, com a violência, a destreza; a nudez de uma índia no verde do mato-virgem escandalizando a civilização»

jdact e wikipedia


A Menina Boba
«Queimada pelo sol, desvairada
de perfume e de luz
correr…

Correr
impelida pelo ritmo sadio,
harmonioso,
dos meus músculos, dos meus nervos
de vinte anos…

Correr
grito errante e triunfal
da vida
até cair
queimada pelo sol, desvairada
de perfume e de luz…

Amor novo da vida que desperta em mim.
Puro como o ar que respiro,
duro como o sol que bate no meu corpo.

Glória de sorver seiva e deslumbramento
pela porta ensolarada dos meus cinco sentidos.


Comecei a entender o amor da vida
amando-a
simples e natural,
com a violência, a destreza;
a nudez de uma índia
no verde do mato-virgem
escandalizando a civilização.

Vento que corropia
arrepiando volúpias pelo ar…

… Braços que me enlaçassem,
beijos que me beijassem
loucos…

Assobia, corropia,
rasga o vento...

Óh! Seiva que trimultua no meu corpo!»
Poema de Oneyda Alvarenga, in ‘A Menina Boba

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