quinta-feira, 7 de maio de 2015

Paradoxo. Progresso Ilimitado das Ciências. Fulcanelli. «Lembremos também que a ilha de Jersey ainda estava ligada ao Cotentino em 709, ano em que as águas da Mancha invadiram a vasta floresta que se estendia até Ouessant e servia de abrigo a numerosas aldeias»

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Os domínios do mistério prometem as mais belas experiências. In Einstein

O reino do homem
«(…) Poderemos admitir que um navio, exposto tanto tempo à tormenta, seja capaz de lhe resistir? E, por outro lado, que pensar da sua carga? Estas inverosimilhanças não conseguem, apesar de tudo, abalar a nossa convicção. Consideramos, pois, a narração moisaica verdadeira e positiva quanto ao fundo, quer dizer, quanto ao facto do dilúvio; mas a maior parte das circunstâncias que o acornpanham, especialmente as que dizem respeito a Noé, à arca, à entrada e saída dos animais, são nitidamente alegóricas. O texto encerra um ensino esotérico de considerável alcance. Notemos simplesmente que Noé, que tem o mesmo valor cabalístico que Noël (Natal), é uma contracção de o novo sol. A arca, indica o começo duma era nova. O arco-iris marca a aliança que Deus faz com o homem no ciclo que se abre; é a sinfonia renascente ou renovada: consentimento, acordo, união, pacto. É tamibém a Cintura de Íris, a zona privilegiada...
O Apacalipse de Esdras informa-nos sobre o valor simbólico dos livros de Moisés: Ao terceiro dia, quando eu estava debaixo duma árvore, chegou até mim uma voz do lado desta árvore, dizendo-me: Esdras, Esdras! Respondi: Aqui estou; levantei-me e pus-me de pé. A voz recomeçou: Apareci a Moisés e, da sarça, falei-lhe, quando o meu povo estava escravo no Egipto. Enviei-o como mensageiro; fiz sair o meu povo do Egipto, conduzi-o ao Monte Sinai e largo tempo o mantive junto de mim. Contei-lhe bastantes maravilhas; ensinei-lhe o mistério dos dias; dei-lhe a canhecer os últimos tempos; e ordenei-lhe: Conta isto, esconde aquilo.
Mas se considerarmos, apenas, o facto do dilúvio, seremos levados a reconhecer que tal cataclismo teve de deixar traços profundos da sua passagem e de modificar um pouco a topografia dos continentes e dos mares. Seria erro grave acreditar que o perfil geográfico de uns e de outros, a sua situação recíproca, a sua repartição à superfície do globo, eram semelhantes, há uns vinte e cinco séculos, àqueles que são hoje. Apesar do nosso respeito pelos trabalhos dos sábios que se têm ocupado dos tempos pré históricos, também não devemos aceitar, senão com a maior reserva, os mapas da época quaternária reproduzindo a actual configuração do Globo. É evidente, por exemplo, que, durante muito tempo, esteve submersa uma importante parte do solo francês, coberto de saibro marinho, abundantemente provido de conchas, de calcários com marcas de amonitas. Lembremos também que a ilha de Jersey ainda estava ligada ao Cotentino em 709, ano em que as águas da Mancha invadiram a vasta floresta que se estendia até Ouessant e servia de abrigo a numerosas aldeias.
A História conta que os Gauleses, interrogados a respeito do que mais lhes poderia causar terror, costumavam responder: Só receamos uma coisa, é que o céu nos caia em cima da cabeça. Mas este dito, que se dá como prova de ousadia e bravura, não esconderia outra razáo completamenüe diferente? Em vez duma simples bravata, não se trataria antes da persistente memória dum acontecimento real? Quem ousaria afirmar que os nossos antepassados não foram horrorizadas vítimas do céu a desabar em formidáveis cataratas, entre as trevas duma noite que durou várias gerações?» In Fulcanelli, 1930, Les Demeures Philosophales, 1965, As Mansões Filosofais, colecção Esfinge, Edições 70, Lisboa, 1977.

Cortesia de E70/JDACT