«Ao que vos parecer verso chamai verso,
e ao resto chamai prosa». In Irene Lisboa
«Por
que será que o meu gato
tem
bigode grande e farto
e
eu que nasci primeiro
só
tenho um buço ligeiro?
O mar
não precisa de poetas.
Os
poetas é que precisam dele, para falarem,
maritimamente,
de outras coisas».
«Mesmo
quando é uma grande chatice, a poesia pode não ser chatice nenhuma. O que é
preciso é não levarmos os poetas a série (de pessoas sérias está o mundo
cheio); o que é preciso é dizermos olá!
Quando vemos um poeta. E não o metermos na capoeira do entendimento».
«A
poesia é tão fácil como a chuva. Só o não sabe quem usa gabardina».
«Até
uma certa idade, todas as crianças são poetas.
Depois,
olha…
Só
algumas se aguentam, passeando de bicicleta
(Tlim!
Tlim! Pelo mar sem fim».
Escrever
é anti-natural. Quase tanto como não escrever. E é pândega, afinal, a escrita. As
palavras estão ali, naquele dicionário, arrumadinhas por ordem alfabética. Escrever
é uma pessoa chegar lá e pumba!... Desarrumá-las sistematicamente».
«Em
silêncio esvoaçam antigas palavras.
E as
feridas reabrem, num perfume de flores».
In
Jaime S. Sampaio, O Mar não Precisa de Poetas, Hugin Editores, Lisboa, 1998,
ISBN 972-831-058-7.
Cortesia
de Hugin/JDACT