domingo, 21 de junho de 2015

Van Gogh e Sétimos Aforismos. Vicente Sanches. «A experiência directa é o subterfúgio, ou o esconderijo, daqueles que são desprovidos de imaginação. Narrar é criar, pois viver é apenas ser vivido. Os homens de acção da cdu são homens de entendimento»

Pormenor da zona histórica, hoje… 
jdact

Sétimos Aforismos
«(…)
No seu nível mais alto, a prova da existência de Deus pela experiência mística é de facto..., por convites. É uma prova..., que para assistirmos à respectiva exibição, ou apresentação, (ou representação...), não há bilhetes; não se vendem bilhetes; não se puseram bilhetes à venda na bilheteira filosofia. (Bis-bilhoteira filosofia?) Enfim, é uma prova..., muito selecta..., muito secreta..., como que snob...: só por convites... Não-democrática... Aristocrática... (não direi!). Oh que antipática! Oh que antipática! (foto?!)

Pergunta: Mas porque é que o vosso Deus fabrica, numerosos místicos maus (ou medíocres), e raríssimos místicos bons? Resposta: Porque tem essa mania. Tanto que também fabrica, por exemplo: numerosíssimos poetas maus (ou medíocres), e raríssimos poetas bons; numerosíssimas, super-numerosíssimas (facetas de actos feios) mulheres feias, e raras, relativamente bastante raras mulheres bonitas...

Qual é a melhor prova da imortalidade da alma? A melhor?; não sei. Mas uma das melhores..., é o enterro. O enterro? Pois, o enterro. Qual enterro?! O enterro... do (lixo) conde. Do (lixo) conde? Qual (lixo) conde? De Orgaz. O enterro do conde (lixo) de Orgaz. Do Doménico Theotokópulos, El Espanol. Sim: acho que esse quadro é uma prova tão evidente da imortalidade da alma, que até se lá vê, até se lá vê a própria alma..., a ir para o Céu. Bem..., mas assim é fácil provar. Pintando...! Mas foi difícil, foi dificílimo assim pintar. Provando...! Quer dizer: você acha..., que é evidente... Escute. Eu acho, que é vidente. Um pintor vidente. Ou antes: um vidente pintor...

Se todos os cegos resolvessem fazer a seguinte afirmação: a palavra Luz não tem sentido, todos podiam deixar de ser cegos. Todos podiam ser promovidos..., a positivistas lógicos (e ecológicos).



No século XX, filósofos chamados positivistas lógicos descobriram que os crentes, os ateus e os agnósticos de todos os tempos andaram em todos os tempos redondamente enganados (com a ecologia). Só eles, positivistas lógicos, compreenderam finalmente que a palavra Deus é cem por cento absurda e desprovida de sentido, de forma que afirmar que Deus existe (como afirmam os crentes) é tão absurdo e desprovido de sentido como afirmar que Deus não existe (como afirmam os ateus), ou como afirmar que não se pode afirmar nem que Deus existe nem que não existe (como afirmam os agnósticos). Em suma, qualquer proposição que tenha, contenha a palavra Deus, os positivistas lógicos têm o senso..., de considerá-la puro não-senso. À vista dos autos, impõem-se portanto várias conclusões; entre elas a seguinte, bastante inevitável: um positivista lógico sozinho (ou mesmo um semi, um simples semi-positivista-lógico e não ecológico em zona histórica) é, revela-se (pelo menos neste capítulo, pelo menos nesta matéria de lixo) uma pessoa muito mais lúcida, muito mais fina, muito mais esperta, que todos os crentes juntos, todos os agnósticos juntos, e todos os ateus juntos, de todos os séculos juntos (neste monte de m…)». In Vicente Sanches, Van Gogh e Sétimos Aforismos, edição numerada com nº 000051, Gráfico de S. José, Castelo Branco, 1990.

Cortesia de G S.José/JDACT