«(…) Destes protestos lavrou-se o respectivo registo no notário Gerolamo
Ventimiglia de Génova, a 21 de Agosto de 1479,
estando presente ao acto o próprio Cristóvão Colombo, como testemunha e parte.
Nesse documento Colombo declarou que era cidadão de Génova, que tinha ao redor
de 27 anos de idade, que tinha na sua pessoa 100 florins, e expressou a sua
intenção de regressar a Lisboa no dia seguinte.
Este documento, conhecido como o documento
Asseretto, foi descoberto em 1904
por Hugo Asseretto e é declarado com justiça, o subsídio basilar para o estudo
da vida de Cristóvão Colombo. Encontra-se em Génova entre as Actas Notarias do
Governo de Génova, anos de 1474 a 1779.
A segunda ligação de Colombo com a Madeira resulta do seu casamento com
dona Felipa Moniz de Perestrelo. Parece estranho, mas nunca se encontrou o
assento deste casamento nem o do nascimento do filho do casal. Quase tudo o que
sabemos deste casamento provem dos livros dos principais biógrafos de Colombo,
entre eles, Fernando Colombo ou Colon, o filho mais novo do navegador, e
Bartolome de las Casas, o seu amigo e grande admirador, e bispo de Chiapas. O
original da obra de Fernando Colombo, escrito em espanhol antes de 1537, já que foi este o ano da sua
morte, desapareceu, tendo-nos aquela chegada apenas através da tradução italiana
que, por determinação de Luis Colombo, seu sobrinho, Afonso de Ulloa fez e em 1571 publicou em Veneza com o que deve
ser o mais largo titulo jamais escolhido por um livro. Chama-se Historie del signor don Fernando Colombo
nelle quale s'ha particolare e vera relatione della vita, e de fatti dell
Amiraglio D. Christoforo Colombo, su padre, et dello scoprimento ch' egli fece
dell'indie occidentali delle mondo nuovo hora possedute del sereniss. Re
Catolico. Hoje o livro é conhecido simplesmente pelo breve título de Historie.
Sucederam-se as edições da obra e ainda em 1867
se publicou em Londres uma nova edição desta versão italiana. Em 1749 foi o livro vertido para espanhol
por Gonzalez Barcia, que o incluiu na sua obra Historiadores primitivos de las Indias Occidentales, com o
titulo de La historia de D. Cristobal
Colon, que compuso en castellano D. Fernando Colon, su hijo, y traduxo en
toscano Alfonso de Ulloa, vuelta a traducir en castellano, por non parecer el
original.
A obra de Fray Bartolome de las Casas, bispo de Chiapas, em grande parte
consagrada a Cristóvão Colombo, chama-se Historia
de las Indias e foi começada a escrever em 1552, quando o seu autor tinha já 78 anos, e concluída em 1561
ou 1562, cinco anos antes da sua morte.
Muito discutido tem sido o valor destas duas obras, pelas muitas
contradições que nelas se encontram, embora Las Casas se tenha inspirado em
Fernando Colombo. A autenticidade da autoria das Historie de Fernando
Colombo tem mesmo sido posta em dúvida. Henry Harisse, o celebre colombista
norte-americano, embora nascido em Paris, publicou em Sevilha, em 1871, uma obra intitulada Don Fernando Colon, historiador de su
padre, onde mostra as falsidades, contradições, anacronismos e outras
deficiências e erros palmares, que custa a crer pudessem ter sido escritos pelo
culto filho de Cristóvão Colombo. Daí veio para muitos a suposição de ter o
tradutor, Afonso de Ulloa, alterado, ou mesmo falsificado, o escrito original
de Fernando Colombo no sentido de convencer que o famoso navegador era
italiano. Em 1876, ou seja cinco
anos depois do aparecimento da referida obra de Harisse, e porém publicada pela
primeira vez a Historia de las Indias
de Las Casas, e verifica-se então que este, em numerosas passagens, quase se
limitou a copiar as Historie de Fernando Colombo. Ora, como Las Casas acabou de
escrever o seu trabalho o mais tardar em 1562
e as Historie
de Fernando foram pela primeira vez publicadas em 1571, concluiu-se que ele pode consultar o original desta obra,
assim ficando, ipso-facto, abonada a
honestidade do tradutor. Os detractores das Historie estendem então
as suas acerbas críticas já não só ao tradutor mas também a Fernando Colombo,
que acusaram de falsificar a biografia de seu pai com o intuito de o
engrandecer». In Rebecca Katz, Christopher Columbus and the Portuguese,
1476-1498, Greenwood
Press, USA, 1993, ISBN
0313288674, Cristóvão
Colombo na Madeira, muweb.millersville.edu/columbus/data/spc/CATZ-03P.SPK,
Paulo Campos, Arquivo Histórico, Madeira, 2009.
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