Penumbra
«Solto o meu riso
no meio do teu silêncio
e em silêncio abraço-te os
joelhos
E, não defendes
não podes
nem pretendes
Defender das mãos os meus joelhos
que se prendem ainda inutilmente
à rede ritual dos preconceitos
Mas soltos sobem já
e avançam desviados
descobrindo da penumbra mais
aberta
Aquilo que no corpo
é mais fechado
num
odor de fruto que se enceta»
Poema sobre o enredo
«Enredada estou de mim
nesta febre em que me vejo
já que enredada de ti
não se cura o meu desejo
que nem me pus de curar
este fogo do teu corpo
nem me pus de enganar
esta sede que provoco
pois logo desenredada
eu sei que me enredaria
neste vício de enredar
o meu espasmo em teu orgasmo
por sua vez enredado
na
branda rede dos dias»
Poemas de Maria Tereza Horta, in ‘As Palavras do Corpo’
In
Maria Tereza Horta, As Palavras do Corpo, Publicações dom Quixote, Lisboa,
2014, ISBN 978-972-204-903-0.
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