sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

A Arte da Guerra. Sun Tzu. «Sabem quando lutar e quando não; sabem discernir quando utilizar muitas ou poucas tropas; possuem tropas cujas categorias superiores e inferiores tem o mesmo objectivo; enfrentam com preparativos os inimigos desprevenidos»

Cortesia de wikipedia e jdact

Sobre as proposições da vitória e a derrota
«(…) É imprescindível lutar contra todas as facções inimigas para obter uma vitória completa, de maneira que o seu exército não fique aquartelado e o beneficio seja total. Esta é a lei do assédio estratégico. A vitória completa produz-se quando o exército não luta, a cidade não é assediada, a destruição não se prolonga durante muito tempo, e em cada caso o inimigo é vencido pelo emprego da estratégia. Assim, pois, a regra da utilização da força é a seguinte: se as tuas forças são dez vezes superiores às do adversário, cerca-o; se são cinco vezes superiores, ataque-o; se forem duas vezes superiores, divide-o. Se as tuas forças são iguais em número, luta se te é possível. Se as tuas forças são inferiores, mantem-te continuamente em guarda, pois a menor falha te acarretará as piores consequências. Trata de manter-te ao abrigo e evita o quanto possível um enfrentamento aberto com ele; a prudência e a firmeza de um pequeno número de pessoas podem chegar a cansar e a dominar inclusive numerosos exércitos. Este conselho aplica-se nos casos em que todos os factores são equivalentes. Se as tuas forças estão em ordem enquanto que as do inimigo estão imersas no caos, se tu e as tuas forças estão com ânimo e eles desmoralizados, então, mesmo que sejam mais numerosos, podes entrar em batalha. Se os teus soldados, as tuas forças, a tua estratégia e o teu valor são menores que as de teu adversário, então deves retirar-te e buscar uma saída. Em consequência, se o bando menor é obstinado, cai prisioneiro do bando maior. Isto quer dizer que se um pequeno exército não faz uma valoração adequada do seu poder e se atreve a tornar-se inimigo de uma grande potência, por muito que a sua defesa seja firme, inevitavelmente se converterá em conquistado. Se não podes ser forte, porém tampouco sabes ser débil, serás derrotado. Os generais são servidores do Povo. Quando o eu serviço é completo, o Povo é forte. Quando o seu serviço é defeituoso, o Povo é débil. Assim, pois, existem três maneiras pelas quais um Príncipe leva o exército ao desastre. Quando um Príncipe, ignorando as acções, ordena avançar os seus exércitos ou retirar-se quando não devem fazê-lo; a isto chama-se imobilizar o exército. Quando um Príncipe ignora os assuntos militares, porém compartilha em pé de igualdade o mando do exército, os soldados acabam confusos. Quando o Príncipe ignora como levar a cabo as manobras militares, porém compartilha por igual a sua direcção, os soldados estão vacilantes. Uma vez que os exércitos estão confusos e vacilantes, iniciam os problemas procedentes dos adversários. A isto se chama perder a vitória por transtornar o aspecto militar. Se tentas utilizar os métodos de um governo civil para dirigir uma operação militar, a operação será confusa. Triunfam aqueles que:
  • Sabem quando lutar e quando não;
  • Sabem discernir quando utilizar muitas ou poucas tropas;
  • Possuem tropas cujas categorias superiores e inferiores tem o mesmo objectivo;
  • Enfrentam com preparativos os inimigos desprevenidos;
  • Tem generais competentes e não limitados por seus governos civis;
  • Estas cinco são as maneiras de conhecer o futuro vencedor. Falar que o Príncipe seja o que dá as ordens em tudo é como o general solicitar permissão ao Príncipe para poder apagar um fogo: quando for autorizado, já não restam senão cinzas. Se conheceres os demais e te conheces a ti mesmo, nem em cem batalhas correrás perigo; se não conheces os demais, porém te conheces a ti mesmo, perderás uma batalha e ganharás outra; se não conheces a os demais nem te conheces a ti mesmo, correrás perigo em cada batalha. 

Sobre a medida na disposição dos meios
Antigamente, os guerreiros especialistas se faziam a si mesmos invencíveis em primeiro lugar, e depois aguardavam para descobrir a vulnerabilidade dos seus adversários. Fazer-te invencível significa conhecer-te a ti mesmo; aguardar para descobrir a vulnerabilidade do adversário significa conhecer os demais. A invencibilidade está em ti mesmo, a vulnerabilidade no adversário. Por isto, os guerreiros especialistas podem ser invencíveis, porém não podem fazer que os seus adversários sejam vulneráveis. Se os adversários não têm ordem de batalha sobre o que informar-se, nem negligências ou falhas das quais aproveitar-se, como podes vencê-los ainda que estejam bem providos? Por isto é pelo que se disse que a vitória pode ser percebida, porém não fabricada. A invencibilidade é uma questão de defesa, a vulnerabilidade, uma questão de ataque». In Sun Tzu, A Arte da Guerra, século IV A. C., tradução de Caio Abreu e Miriam Paglia, 1995, Editora Jardim dos Livros, 2006, ISBN 978-856-001-800-0.

Cortesia de Wikipedia e EJLivros/JDACT