Viagens e descobertas de ilhas no Sul do
Pacífico a mando da Coroa Espanhola, em tempos da decadência do seu Império
«(…) Vale à pena recordar algumas
dessas representações, até porque é de crer que fossem conhecidas por Pedro
Fernandes Queirós e por outros exploradores da sua época. Havia o mapa-mundo
manuscrito de Juan la Cosa (1450-1510) datado de cerca de 1508; o planisfério
de Orontius Finaeus Dophinus (1494-1555) publicado em 1519 e revisto em 1531; o
planisfério e globos de Caspar Vopel ou Vopelius (1511-1561), produzidos em
1536, 1545, 1549 e 1552; o mapa-mundo de Sebastiano Caboto, ou Sebastián Caboto
ou Cabot (cerca de 1474-1557) datado de 1544; os globos de François Demongenet
de 1552 e 1560; o mapa-mundo de Abraham Ortelius (1527-1598), no atlas Theatrum Orbis Terrarum, impresso em
1570, e ainda Maris Pacifici de 1589,
no qual a Nova Guiné aparece perfeitamente delineada como ilha, separada da Terra Australis de contornos ainda mal
definidos; o Speculum Orbis Terrarum
de Gerardus de Jode (1509-1591), de 1578 competindo com o atlas de Ortelius, e
o Hemispherium als Aequinotiali Linea, ad
Circulum Poli Antarctici de 1593; o planisfério de Gerard Kremer ou
Gerardus Mercator (1512-1594), impresso em 1587; Cornelius de Jode (1568-1600)
em 1593 retomou a publicação de Spectrum
Orbis Terrae da autoria de seu pai Gerardus de Jode. De 1600 é o Maris Pacifici quod vulgo mar del zur cum
regionibus circumincentribus, insulis in eodem passi sparsis, novíssima
descriptio, do cosmógrafo Gabriel Tatton. É de recordar, igualmente, o
mapa-mundo de 1529 produzido por Diogo Ribeiro, também conhecido por Diego de
Ribero (?-1533), de origem portuguesa, trabalhando desde 1518 ao serviço da
coroa espanhola na Casa de Ccontratação de Sevilha. Participou na preparação de
cartas utilizadas na primeira viagem de circum-navegação feita por Fernão de
Magalhães e Juan Sebastian El Cano e
em 1523 foi nomeado mestre na arte de criar mapas, astrolábios e outros
instrumentos. Em 1524 participou na delegação espanhola da Junta de
Badajoz-Elvas que antecedeu o Tratado de Saragoça de 1529, o qual fixou o
antemeridiano nas Molucas.
Em 1527 Diogo Ribeiro terminou o Padrón Real, o mapa oficial, mas
secreto, usado como modelo nos mapas espanhóis e que é considerado o primeiro
mapa-mundo de carácter científico, com base em observações empíricas da
latitude. O mapa mostra o Pacífico e, relativamente às Américas, as costas
desse extenso cordão continental norte-sul. Mas nem a Austrália nem a
Antárctida aparecem nele. Diogo Ribeiro foi também o inventor de uma bomba de
água de bronze capaz de bombear a água dez vezes mais rapidamente que os
modelos anteriores. Vejamos um pouco do quadro geral do conhecimento da parte
meridional do Pacífico. Desde que Vasco Núñez Balboa, depois de uma travessia difícil
das montanhas cobertas por florestas densas do istmo do Panamá, viu o vasto
oceano em 25 de Setembro de 1513 e o designou de Mar do Sul e que com a
viagem de Fernão de Magalhães-Juan Sebastian El Cano passou a Oceano Pacífico,
este constituiu um acontecimento importante para a história da humanidade, após
a descoberta (?) da América em 1492 atribuída a Cristóvão Colombo. A
primeira viagem de circum-navegação serviu para comprovar que se podia chegar a
esse novo mar contornando a ponta mais meridional da América pelo sul, depois
da travessia do Atlântico, e alcançar as terras do Extremo Oriente, das
Molucas, da China e da Índia onde já tinham chegado os portugueses, depois de passarem
pelo Atlântico e pelo Índico. Para a Espanha o Pacífico tornou-se ainda mais
importante pelo facto da situação geopolítica da época interditar as rotas pelo
Índico pois que este estava sob domínio da Coroa Portuguesa». In
Ilídio Amaral, Pedro Fernandes de Queirós ou Pedro Fernández de Quirós
(1565-615), o Descobridor de ilhas, o Visionário de um continente cheio de
riquezas […]), Edições Colibri, Lisboa, 2014, ISBN 978-989-689-446-7.
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